quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Salmão, uma carne não tão saudável

A maioria do salmão consumido no mundo pode estar contaminado com substâncias prejudiciais à saúde humana



O salmão é considerado uma carne muito nutritiva e saborosa, o que faz com que seu consumo venha aumentando consideravelmente nas últimas décadas em todo o mundo. Mas o que pouca gente sabe é que esse tipo de carne branca pode, em algumas situações, causar danos aos seres humanos por causa de substâncias tóxicas presentes nas águas em que o animal procria. Entre elas, destacam-se os PCBs.

O que são PCBs?

Bifenilos policlorados, conhecidos por PCBs (do inglês polychlorinated biphenyls), são misturas de até 209 compostos clorados. Não existem fontes naturais dos PCBs. Por serem praticamente incombustíveis e apresentarem alta estabilidade e resistência, eles vêm sendo utilizados para diversos fins como fluidos dielétricos em transformadores e condensadores, em óleos de corte, lubrificantes hidráulicos, tintas, adesivos e etc.

Entre os danos à saúde humana, o mais comum é a cloroacne: uma escamação dolorosa que desfigura a pele e que se assemelha à acne. Os PCBs também causam danos nos fígados, problemas oculares, dores abdominais, alterações nas funções reprodutivas, fadiga e dores de cabeça, além de serem potenciais cancerígenos. A criação de medicamentos hormonais que envolvem PCBs em sua produção também podem causar a disrupção hormonal, como no caso do xenoestrogênios em mulheres.

Devido ao grande impacto na saúde, os Estados Unidos baniram a produção de PCBs em 1979. No Brasil, não existem registros da produção de PCBs, sendo todo o produto normalmente importado. Uma portaria interministerial de janeiro de 1981 proíbe a fabricação e comercialização em todo o território nacional, porém, permite que os equipamentos instalados continuem em funcionamento até sua substituição integral ou a troca do fluído dielétrico por produto isento de PCBs. As principais rotas de contaminação por PCBs no meio ambiente são:

• Acidente ou perda no manuseio de PCBs e/ou fluídos contendo PCBs;
• Vaporização de componentes contaminados com PCBs;
• Vazamentos em transformadores, capacitores ou trocadores de calor;
• Vazamento de fluídos hidráulicos contendo PCBs;
• Armazenamento irregular de resíduo contendo PCBs ou resíduo contaminado;
• Fumaça decorrente da incineração de produtos contendo PCBs;
• Efluentes industriais e/ou esgotos despejados nos rios e lagos.

Devido à sua grande estabilidade química e à ampla disseminação de produtos contendo PCBs, é comum encontrá-los no meio ambiente devido à descarga dessas substâncias por atividades humanas contaminantes do solo. A contaminação atinge os lençóis freáticos que acabam indo parar nos lagos, rios e oceanos, prejudicando peixes e outros seres vivos aquáticos.Os PCBs também são poluentes orgânicos persistentes (POPs), que se caracterizam por serem altamente tóxicos, por permanecerem no ambiente por muito tempo e por serem bioacumulativos e biomagnificados.

Salmão criado x salmão selvagem

A aquicultura do salmão é considerada o sistema de produção mais prejudicial ao meio ambiente. A criação de salmão, normalmente, utiliza a prática de gaiolas ancoradas, que entram em contato direto com a água do mar, permitindo que componentes químicos, doenças, vacinas, antibióticos e pesticidas usados na manutenção da saúde do salmão sejam liberados e possam entrar em contato com a vida marinha.

Cerca de 80% de todo o salmão presente no mercado é proveniente da aquicultura. Com a contaminação dos PCBs na água, tanto o salmão criado, quanto o selvagem estão expostos a essas substâncias, porém, devido à alimentação gordurosa à base de farinha e azeite de peixe, o acúmulo é maior nos animais criados. Um estudo publicado na revista Science demonstrou que peixes de criação possuem entre cinco e dez vezes mais concentração de PCBs em seu organismo quando comparados aos selvagens. O estudo realizado pela Indiana University analisou filetes de 700 salmões de viveiros e salmões selvagens procedentes de oito das maiores regiões produtoras e comprados em comércios de várias cidades pela Europa e América do Norte. Ao se alimentar desses peixes contaminados, essas substâncias químicas vão se acumulando no corpo humano por meio do processo de bioacumulação e podem trazer sérios danos à saúde humana.

Outra diferença importante entre os dois tipos de salmão é a quantidade de ômega 3 - os peixes selvagens, devido ao fato de se terem uma alimentação à base de pequenos peixes e invertebrados, possuem uma quantidade maior dessa substância quando comparados aos de aquicultura (que apresentam quantidades mais elevadas de outras gorduras, como o ômega 6).

Recomendações

Para diminuir a contaminação de PCBs pela carne do salmão de aquicultura, você pode cortar a pele e a gordura visível do peixe, uma vez que os PCBs são armazenados na gordura. Procure também preparar o salmão por meios que reduzem significativamente a quantidade de gordura na carne, como fazer o salmão grelhado. Apesar de ser considerado uma carne bem nutritiva e saborosa, órgãos como a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) não recomenda a ingestão de salmão mais de duas vezes por semana devido a diversos tipos de contaminantes presentes no peixe (se for salmão proveniente de aquicultura, esse número passa a uma vez por mês). Comparado aos de aquicultura, o salmão selvagem possui menores níveis de PCBs e melhores nutrientes, porém, seu preço chega a custar quase o dobro, além de ser mais difícil de achar esse produto no mercado. Consumir o salmão enlatado também é uma boa dica - isso porque, em sua grande maioria, ele é de origem selvagem (aparentemente, o salmão de aquicultura não se conserva bem quando enlatado).

Fonte: eCycle

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