quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Árvores revelam a evolução da poluição ambiental





fonte: Agência FAPESP

Novo tratamento reduz dor de pacientes com fibromialgia

Um novo equipamento, que permite a emissão conjugada de laser de baixa intensidade e ultrassom terapêutico, tem reduzido consideravelmente a dor de pacientes com fibromialgia.A aplicação nas palmas das mãos, e não nos pontos de dor espalhados pelo corpo, está apresentando maior ação analgésica e anti-inflamatória. Como consequência da redução da dor, os pacientes tiveram também melhora no sono, na capacidade de executar tarefas cotidianas e na qualidade de vida como um todo.

Equipamento desenvolvido no Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPID FAPESP), com aplicações simultâneas de laser e ultrassom, tem ação analgésica e anti-inflamatória (foto: divulgação)

Em artigo publicado no Journal of Novel Physiotherapies, pesquisadores do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) apoiado pela FAPESP – descrevem a aplicação concomitante de laser e ultrassom por três minutos na palma da mão de pacientes diagnosticados com fibromialgia, em um tratamento total de 10 sessões, duas vezes por semana.

“São duas inovações no mesmo estudo: o equipamento e o protocolo de tratamento. Ao fazer a emissão conjugada de ultrassom e laser conseguimos normalizar o limiar de dor do paciente. Já o tratamento na palma das mãos contrapõe o tipo de atendimento feito hoje, muito focado nos pontos de dor”, disse Antônio Eduardo de Aquino Junior, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da Universidade de São Paulo (USP), um dos autores do artigo.

A pesquisa contou também com o apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

No estudo, orientado por Vanderlei Salvador Bagnato, professor titular e diretor do IFSC-USP, 48 mulheres de 40 a 65 anos diagnosticadas com fibromialgia foram divididas em seis grupos de oito na Unidade de Pesquisa Clínica, parceria do IFSC com a Santa Casa de Misericórdia de São Carlos.

Três grupos receberam emissões de laser, ultrassom ou a conjugação de ultrassom e laser na região do músculo trapézio. Os outros três grupos tiveram como foco do tratamento as palmas das mãos.

Os resultados mostraram que o tratamento realizado nas mãos foi mais eficiente para os três tipos de técnicas, sendo que o tratamento com a combinação de laser e ultrassom ofereceu melhoras significativas aos pacientes. A avaliação dos resultados com cada tipo de aplicação foi baseada em protocolos como o Questionário de Impacto da Fibromialgia (FIQ) e a Escala Visual Analógica (EVA).

Na comparação entre ultrassom, laser e ultralaser aplicados no músculo trapézio, houve um percentual de diferença de 57,72% na melhora de funcionalidade e 63,31% na redução de dor para o grupo de ultralaser. Já na comparação entre o tratamento no musculo trapézio e na palma das mãos com ultralaser, houve um percentual de diferença de 75,37% na redução de dor para o tratamento focado nas palmas das mãos.

Pontos sensíveis

A ideia de testar os efeitos do novo equipamento em aplicações na região das mãos surgiu a partir da revisão de literatura científica.

“Estudos anteriores indicaram que pacientes com fibromialgia apresentam quantidade maior de neurorreceptores próximos aos vasos sanguíneos das mãos. Alguns pacientes chegam a ter até pontos vermelhos nessa região. Por isso, mudamos o foco e testamos a atuação direta nessas células sensoriais das mãos e não só nos chamados pontos de gatilho de dor, como o músculo trapézio, região normalmente de muita dor para pacientes fibromiálgicos”, disse Juliana da Silva Amaral Bruno, fisioterapeuta e primeira autora do estudo.

O estudo mostrou que a ação nas mãos tem resultado em todos os pontos de dor no corpo dos pacientes. O mesmo grupo publicou outro artigo, também no Journal of Novel Physiotherapies, sobre um estudo de caso da aplicação do equipamento nos pontos de dores. Embora os resultados desse primeiro estudo tenham sido satisfatórios, não foi possível reduzir a dor da paciente de modo global.

“Os resultados da aplicação de ultrassom e laser conjugados nos pontos de dor, como o músculo trapézio, foram extremamente positivos, mas eles não conseguiam atingir as outras principais inervações afetadas pela doença. Já o tratamento na palma das mãos teve um resultado global, restabelecendo a qualidade de vida dos pacientes e, claro, eliminando a dor”, disse Bruno.

De acordo com o estudo, a normalização de fluxo sanguíneo tanto periférico como cerebral a partir das áreas sensíveis das mãos promove, ao longo das sessões, a normalização do limiar de dor do paciente.

“É importante lembrar que isso não é uma cura, mas uma forma de tratamento em que não é necessário fazer uso de medicamentos”, disse Aquino à Agência FAPESP.

A fibromialgia é uma doença crônica invisível que atinge de 3% a 10% da população mundial, tendo maior ocorrência em mulheres. Apesar das dores constantes em quase todo o corpo, os pacientes não apresentam lesão, inflamação ou degeneração dos tecidos. A doença também está envolta em outros dois mistérios: ainda não se sabe a causa e muito menos a cura para ela.

O tratamento padrão é feito a partir da prática de atividade física, anti-inflamatórios, analgésicos e terapia psicológica, já que os pacientes costumam apresentar ainda um cansaço extremo, dificuldade para se concentrar, tonturas e quadros de depressão e ansiedade.

Segundo Aquino, o novo equipamento que faz a emissão conjugada de ultrassom e laser deve chegar ao mercado no início de 2019. Ele está sendo testado por pesquisadores do CEPOF para outras patologias.

“Estamos fazendo testes em osteoartrite, no joelho, mão e pé e o resultado também tem sido interessante. Outros projetos estão sendo montados para outras doenças”, disse o pesquisador.

Fonte: Agência FAPESP

Acidificação dos oceanos deve se intensificar nas próximas décadas

Considerado um dos fenômenos que mais afetam os oceanos atualmente, a acidificação oceânica só foi mencionada pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em seu quinto relatório de avaliação (AR5), publicado em 2013 – o primeiro relatório é de 1990.

Acidificação dos oceanos deve se intensificar nas próximas décadas
Assunto deverá ganhar destaque no próximo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, afirma pesquisador da Avaliação Mundial dos Oceanos da ONU que participa de Escola São Paulo de Ciência Avançada (foto: Marshall Arts Studio / Pixabay)

O órgão da ONU destaca no Sumário para formuladores de políticas públicas do AR5 que o oceano tem absorvido cerca de 30% do dióxido do carbono atmosférico (CO2) emitido pela ação humana (antropogênico).

O aumento da concentração e da dissolução de CO2 tem diminuído o pH da água superficial dos oceanos desde o início da era industrial e aumentado sua acidez, afirmaram os autores do relatório. A partir de então, a acidificação dos oceanos passou a integrar todos os cenários de mudanças futuras do clima do AR.

O tema deve ganhar ainda mais destaque no AR6 – previsto para ser finalizado em 2021 – e no Relatório Especial sobre o Oceano e a Criosfera em um Cenário de Mudanças Climáticas, que deve ser finalizado pelo IPCC em setembro de 2019, estimou Jake Rice, membro do grupo de especialistas da Avaliação Mundial dos Oceanos da ONU.

Especialista em ecologia e biologia marinha, conselheiro e cientista-chefe do Departamento de Pesca e Oceanos do Canadá, Rice é um dos pesquisadores convidados da São Paulo School of Advanced Science on Ocean Interdisciplinary Research and Governance. O evento, realizado pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP), com apoio da FAPESP, ocorre até 25 de agosto no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP.

“Há uma confiança muito alta de que a acidificação dos oceanos tem aumentado e têm sido bastante documentado os efeitos desse fenômeno em organismos marinhos que dependem de carbonato de cálcio para seus processos de calcificação”, disse Rice.

“As séries temporais de observação dos oceanos, que permitiriam estimar a taxa e a trajetória desse fenômeno ao longo das últimas décadas, contudo, são muito curtas. As de acidez oceânica em águas costeiras, por exemplo, datam de pouco antes de 2005”, disse.

De acordo com o pesquisador, os modelos de sistemas terrestres projetam um aumento global na acidificação e diminuição no pH oceânico em todos os cenários de emissão e concentração de gases de efeito estufa, mas com grandes e incertas variações regionais e locais.

Os países em desenvolvimento e as pequenas ilhas dos trópicos, que dependem de recursos marinhos, serão os mais afetados diretamente ou indiretamente pelo fenômeno.

Os impactos negativos da acidificação oceânica devem variar de mudanças na fisiologia e comportamento dos organismos (como moluscos) e na dinâmica populacional e afetarão os ecossistemas marinhos (como os recifes de corais), durante séculos se as emissões de CO2 continuarem no ritmo atual. Mas há uma série de outros impactos, muitos dos quais ainda não compreendidos, ponderou Rice.

“A acidificação dos oceanos ilustra vários dos desafios que temos enfrentado em ciência do oceano. É preciso mais dados que nos permitam estabelecer relações entre as propriedades físicas de sistemas dinâmicos, com impactos biológicos nos ecossistemas e na sociedade”, disse.

Na opinião do canadense, um dos fatores que tornam mais difícil fazer ciência dos oceanos em comparação com as ciências da terra é a maior facilidade em entender a dinâmica terrestre porque vivemos em terra. Dessa forma, é possível ver e analisar diretamente como o sistema terrestre funciona.


“Nossa compreensão do oceano precisa prestar mais atenção às evidências e menos à percepção de que é possível entendê-lo por analogia ou inferência do conhecimento sobre a terra e seus sistemas biofísicos”, disse Rice.

Fonte: Agência FAPESP

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Humanidade esgotará os recursos renováveis de 2018 em 1º de agosto, diz ONG

Segundo a Global Footprint Network, contagem do 'Dia da Sobrecarga da Terra' começou no início dos anos 1970. No ano passado, sobrecarga chegou em 3 de agosto.

Área de desmatamento ilegal descoberta após monitoramento via satélite. (Foto: Ibama/Divulgação)
Área de desmatamento ilegal descoberta após monitoramento via satélite. (Foto: Ibama/Divulgação)

A humanidade terá consumido em 1º de agosto o conjunto dos recursos que a natureza pode renovar em um ano e viverá "em dívida" durante cinco meses, segundo a ONG Global Footprint Network.

O dia 1º de agosto é "a data em que teremos utilizado todas as árvores, toda a água, o solo fértil e os peixes que a Terra pode nos fornecer em um ano", explica Valérie Gramond do Wild World Fund, vinculado ao Global Footprint Network, que recordou que esta data chega cada vez mais depressa.

"Também teremos emitido mais dióxido de carbono do que as florestas podem absorver", acrescentou.

"Faz falta atualmente o equivalente a 1,7 planeta Terra para satisfazer nossas necessidades", enfatizou o WWF em um comunicado.

O dia 1º de agosto é o momento mais cedo registrado desde que teve início a contagem do "Dia da Sobrecarga da Terra", no início dos anos 1970. Na ocasião, os recursos foram esgotados em 29 de dezembro, enquanto que, no ano passado, essa data já havia se antecipado para 3 de agosto.

Desde então, "o esgotamento dos recursos se acelerou por causa do consumo excessivo e do desperdício de comida", explica Gramond, que recorda que, no mundo, um terço dos alimentos acaba na lata de lixo.

Este desperdício de recursos naturais varia de acordo com os países.

"Temos responsabilidades distintas, já que pequenos países pouco povoados como Catar ou Luxemburgo têm uma pegada ecológica muito importante", afirma Pierre Cannet do WWF.

Se o conjunto da humanidade vivesse como os habitantes do Catar ou de Luxemburgo, o "Dia da Sobrecarga da Terra" ocorreria em 9 e 19 de fevereiro, respectivamente.

Em compensação, em um país como o Vietnã esta data só ocorreria em 21 de dezembro.

"Temos que passar de um grito de alerta para uma convocação à ação", defendeu Pierre Cannet, que se mostra preocupado com o aumento no ano passado das emissões de CO2, depois de três anos em que permaneceram estáveis.

No site do "Dia da Sobrecarga da Terra" são propostas várias soluções para inverter a tendência atual: replantar o modelo das cidades, impulsionar as energias renováveis, reduzir o desperdício de comida e o consumo excessivo de carne e limitar o crescimento demográfico.

Cada um pode calcular sua pegada ecológica na página
http://www.footprintcalculator.org/.

Fonte: G1.