sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

O Brasil no topo do mundo da matemática

País ganha vaga entre os melhores da área, ao lado de gigantes como Japão, Estados Unidos e Alemanha
Por Maria Clara Vieira access_time 25 jan 2018, 14h33 - Publicado em 25 jan 2018, 13h59

O Brasil agora integra o grupo dos melhores na União Matemática Internacional (Marcos Michael/VEJA)

“Imagine seu time passando da segunda para a primeira divisão em um campeonato mundial de futebol. É motivo de comemoração para todos os torcedores”. Assim o diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana, definiu o ingresso do Brasil no Grupo 5 da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), o mais alto patamar em nível de pesquisas e conhecimento matemático. A “promoção” coloca o país entre os melhores, como Alemanha, Estados Unidos, China e Japão, justo no ano em que recebe o Congresso Mundial da Matemática, a se realizar no Rio de Janeiro em agosto próximo.

O Brasil é membro da IMU desde 1954, quando ingressou no Grupo 1, a categoria mais baixa da instituição. Chegou ao Grupo 4 em 2005 e levou treze anos para alcançar o topo. “Com a promoção, teremos mais influência no cenário internacional, inclusive para decidir onde serão investidos os recursos público”, explicou Marcelo Viana a VEJA. “Também nos ajuda a perder o complexo de vira-latas. Nossos estudantes começam a perceber que o Brasil é um excelente lugar para estudar matemática”, comemora Viana, ressaltando que o ingresso no Grupo 5 da IMU leva em conta a capacidade de colaboração internacional do país, a qualidade das pós-graduações e a influência da pesquisa de ponta, medida em publicações – hoje, os artigos científicos brasileiros na área representam 2,35% da produção mundial, o dobro de dez anos atrás. O sucesso da Olimpíada Brasileira de Matemática, a maior competição escolar do mundo, também ajudou na nomeação.

O anúncio aconteceu hoje, no Rio, e contou com a presença da secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães. “O trabalho do Impa e da SBM faz com que os brasileiros parem de ver a matemática como o bicho-papão da escola. Ainda há muito a ser feito, mas este é um passo importante para o desenvolvimento da educação brasileira nesta área”, ressaltou Maria Helena. Também estavam presentes o presidente da Sociedade Brasileira de Matemática, Paulo Piccione, e do secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Elton Santa Fé Zacarias.

Fonte: Veja

Caramujo Africano pode transmitir um tipo de meningite e não deve ser manipulado!

A disseminação do parasito é devido ao grande número do caramujo gigante africano que é considerado uma praga, assim como os ratos, o que se sabe é que ambas fazem parte do ciclo natural do verme. Foto: Reprodução/infonet

A notícia de que uma nova forma de meningite tem se espalhado pelo Brasil, foi dada recentemente pela FIOCRUZ – Fundação Oswaldo Cruz. O primeiro caso identificado e relatado no nosso país foi em 2006 e desde então, foram confirmado 34 casos de infecção espalhados por vários estados. Essa meningite está sendo chamada de eosinofílica ou angiostrogilíase cerebral, é transmitida principalmente pelo caramujo africano e a infecção é causada por um verme chamado Angiostrongylus cantonensis.

Aqui no Brasil, a disseminação do parasito é devido ao grande número do caramujo gigante africano que é considerado uma praga, assim como os ratos, o que se sabe é que ambas fazem parte do ciclo natural do verme. As formas adultas do verme são encontradas nos roedores, onde se reproduzem e garantem que suas larvas são eliminadas pelas fezes desses animais e só assim as lavras são ingeridas pelos caramujos. Nos moluscos elas crescem e amadurece, tornando capazes de infectar animais vertebrados. O ciclo geralmente se acaba quando os ratos comem os moluscos infectados, porém o ser humano pode ser infectado se ingerir o caramujo ou o muco (baba) liberado por eles contendo as larvas do parasito.

Os pesquisadores destacam que o verme infecta diversos tipos de moluscos por que se alimentam de diversos tipos de plantas, desde as ornamentais, passando por frutas e verduras. E também são encontrados em áreas urbanas e rurais, por ficarem muito próximo as pessoas a transmissão torna-se fácil.

SINTOMAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
A contaminação acontece quando há a ingestão do caramujo ou do muco contaminado, após isso, as larvas do verme migram para o sistema nervoso central e se alojam nas membranas que envolvem o cérebro – as meninges. Quando o organismo reconhece os invasores, inicia-se uma reação inflamatória, a qual chamamos de MENINGITE.

A doença em si é autolimitada porque os parasitos não conseguem se reproduzir no ser humano e morrem, porém alguns pacientes desenvolvem formas graves da doença, um dos fatores que contribui para isso, é o diagnóstico lento por terem sintomas parecidos com outras formas de meningites, como rigidez da nuca e febre, (comuns em meningites bacterianas e virais). Por isso, é de grande importância a identificação rápida da doença, o exame mais comum e indicado para os casos suspeitos é a punção lombar para a extração do líquor (líquido que fica nas meninges), mesmo que este exame seja um pouco invasivo, é necessário visto que há vários casos confirmados da doença.

Ainda não há remédios para matar os vermes no organismo, mas o tratamento é importante, pois amenizam os sintomas e reduzem as chances da doença evoluir. E mesmo que o verme morra sem o auxílio de remédios, a reação inflamatória que é desencadeada pelo organismo em resposta à infecção é muito danosa.

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Angiostrongylus cantonensis terceiro estágio larval removido de um caramujo. Fote: Reprodução/cdc

Fonte: Diário de Biologia

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

IPT desenvolve novo medicamento contra leishmaniose

O Laboratório de Processos Químicos e Tecnologia de Partículas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) está desenvolvendo um novo medicamento contra a leishmaniose, doença endêmica no Brasil causada por protozoários e transmitida pela picada de certas espécies de mosquito.

Segundo o IPT, o fármaco utiliza a tecnologia de nanocarreadores para elaborar um tratamento tópico, menos invasivo e mais eficiente aos pacientes, além de menos dispendioso aos serviços públicos de saúde. O medicamento é resultado do mestrado profissional da pesquisadora do IPT Thais Aragão Horoiwa.

No Brasil, o tratamento da doença é oferecido pelo SUS e feito de forma injetável. O paciente recebe diariamente, por um período de 20 dias, injeções com doses de 10 a 20 mg de Glucantime, sendo a aplicação feita diretamente nas feridas.

“O tratamento é extremamente doloroso, além de depender da internação do paciente para a aplicação do medicamento e controle dos efeitos colaterais, que são intensos e podem até levar ao óbito. A alternativa que propomos é de um tratamento tópico com pomada ou creme, evitando que o medicamento caia na corrente sanguínea, e com aplicação feita pelo próprio paciente. A simplicidade do tratamento diminuiria o gasto de recursos públicos e evitaria também a evasão do tratamento”, disse Horoiwa.

Fármaco nanotecnológico pode proporcionar tratamento mais eficiente e menos invasivo contra a doença, com menor custo (imagem: Fernando Real / CNPq)

De acordo com o IPT, os testes de liberação e permeação realizados até o momento mostram evidências de que o medicamento, indicado para tratamento da leishmaniose cutânea, não tem penetração na corrente sanguínea – evitando efeitos colaterais em órgãos internos – e que sua liberação é sustentada na ferida, crescendo ao longo do tempo, o que possibilitaria uma aplicação única.

As pesquisas já renderam uma patente para o IPT e, atualmente, a formulação inicial do medicamento passa por testes pré-clínicos no Instituto de Ciências Biomédicas da USP.

Leishmaniose é o nome utilizado para identificar um conjunto de doenças infectocontagiosas causadas por protozoários do gênero Leishmania. Comum em humanos, mas também em animais (especialmente cães), a doença pode se manifestar de diversas formas, sendo que na mais conhecida – chamada tegumentar ou cutânea – o protozoário se instala nos macrófagos (células de defesa) da epiderme e faz com que o paciente desenvolva feridas na pele e mucosas.

Fonte: Agência FAPESP

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Nasa testa minirreator nuclear que pode ser usado em colônias em Marte

(Foto: divulgação / Nasa)

19/01/2018 10H03

Pesquisadores da Nasa e do Departamento de Energia dos Estados Unidos revelaram ontem (18) um dispositivo que pode ser a principal fonte de energia dos humanos em Marte. O dispositivo é parte de um projeto chamado "Kilopower", e consiste em um pequeno reator nuclear portátil capaz de fornecer até dez kilowatts de potência (o suficiente para fornecer energia a uma casa de tamanho médio, por exemplo).

De acordo com David Poston, o diretor de design do reator, o aparelho usa um bloco sólido de urânio 235 como fonte de combustível. Esse tipo de reator é suficientemente leve para que quatro ou cinco deles possam ser levados até o planeta vermelho em uma viagem tripulada. Com isso, eles poderiam ser usados para energizar as primeiras colônias humanas em Marte. O reator recebeu o nome de "KRUSTY" (sigla para "Kilopower Reactor Using Sterling Technology").

Reação nuclear em miniatura

Para produzir energia, o KRUSTY realiza a fissão dos núcleos de urânio 235 que lhe servem de combustível. Isto é, ele quebra os átomos de urânio em átomos menores, e essa quebra produz energia. Essa energia é usada para aquecer tubos condutivos, que levam o calor até um motor Sterling. O motor Sterling, finalmente, converte o calor gerado pelo reator e conduzido pelos tubos em eletricidade. 

Segundo a Reuters, o reator já passou por uma fase primária de testes, que começou em novembro de 2017 e se encerrou recentemente. Os testes, segundo Poston, foram "um sucesso, pois os modelos previram muito bem o que aconteceria". Em seguida, a equipe pretende conduzir mais um teste com o sistema em março, mas dessa vez usando a energia total que ele é capaz de entregar. 

Energia para quê?

Como o Engadget ressalta, a obtenção de energia é um dos principais desafios a ser enfrentados para que uma missão tripulada possa ser enviada a Marte. Os astronautas que chegarem lá precisarão de uma maneira de ligar seus equipamentos de produção de oxigênio, purificação de água e produção de alimentos, por exemplo - é essa energia que o KRUSTY pode produzir.

Levar outras formas de energia, como combustíveis líquidos, seria bem menos viável - o peso deles é muito grande em comparação com a energia que eles são capazes de produzir. Por outro lado, a peça de urânio 235 que é usada no KRUSTY tem o tamanho aproximado de um rolo de papel toalha. Assim, um minirreator nuclear seria a opção mais viável para se produzir energia por lá. 

Se não, ninguém volta

Energias sustentáveis, como energia solar, por exemplo, seriam difíceis de se obter no planeta vermelho. "Marte é um ambiente muito desafiador para energia, com menos luz solar do que a Terra ou a Lua, temperaturas noturnas muito baixas e tempestades de poeira que engolem o planeta todo e podem durar semanas ou meses", diz Steve Jurczyk, um administrador do centro de tecnologias de missões da Nasa. Com isso, a energia nuclear acaba sendo a mais apropriada para o caso.

Essa energia também seria necessária para permitir que os astronautas que fossem para Marte conseguissem voltar de lá. Isso por causa da distância imensa que separa a Terra do planeta vermelho. Por causa dessa distância, não é viável levar, na viagem de ida, o combustível para a viagem de volta - esse combustível precisaria ser obtido ou produzido por lá mesmo. A produção ou obtenção desse combustível exigiria energia, o que o KRUSTY pode fornecer.

Fonte: Olhar Digital

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Febre amarela: as principais dúvidas sobre a doença

O mosquito 'Haemagogus leucocelaenus', que transmite a febre amarela silvestre
O mosquito 'Haemagogus leucocelaenus', que transmite a febre amarela silvestre (Fio Cruz/Divulgação)

Há dois tipos de febre amarela, a silvestre e a urbana. Qual é a diferença entre elas?
A silvestre é disseminada pelos mosquitos Haemagogus e Sabethes, circulantes em matas, e não em cidades. A versão urbana é transmitida pelo Aedes aegypti, o mesmo da dengue, do zika e da chikungunya. Não há registro de febre amarela urbana no Brasil desde 1942. As mortes de agora foram causadas pela versão silvestre, unicamente.

Por que a versão urbana é um problema?
Porque seu potencial de disseminação é grande, na medida em que circularia nas cidades, em meio a um número muito maior de pessoas.

O macaco pode transmitir febre amarela?
Não. A febre amarela não é uma doença contagiosa, por isso sua transmissão não é feita de animal para animal, tampouco de animal para humanos nem entre humanos. A única forma de transmissão é pela picada de mosquitos infectados.

Qual é o papel de primatas na transmissão?
Primatas podem se contaminar com o vírus, exercendo também o papel de hospedeiros. Se picados, os animais transmitem o vírus para o mosquito, aumentando, assim, os riscos de propagação da doença.

Quem precisa tomar a vacina?
O Ministério da Saúde recomenda a vacinação em crianças a partir de 9 meses de idade (6 meses em áreas endêmicas) e pessoas que moram próximo a áreas de risco.

Onde ela está disponível?
A vacina está disponível gratuitamente em unidades básicas de saúde da rede pública. Também é possível encontrá-la em clínicas particulares, ao custo de cerca de 250 reais.

Quem não deve tomar a vacina?
Crianças com menos de 6 meses não devem tomar a vacina sob hipótese nenhuma. Mães que estão amamentando crianças nessa idade também devem evitar se imunizar. Caso seja necessária a vacinação, o ideal é ficar dez dias sem amamentar o bebê. Em crianças entre 6 e 9 meses de idade, a vacinação só deverá ser realizada mediante indicação médica. A mesma recomendação vale para gestantes. Pacientes imunodeprimidos, como pessoas em tratamento quimioterápico, radioterápico, com aids ou que tomam corticoides em doses elevadas e pessoas com alergia grave a ovo também não devem se vacinar.

Já sou vacinado. Preciso repetir a dose?
Não. Desde o início de 2017, o Brasil segue a recomendação da OMS de uma única dose. Ou seja, adultos vacinados não precisam repeti-la. Estudos científicos demonstram que apenas uma dose é suficiente para que o organismo continue com anticorpos o resto da vida.

Como funciona a vacina fracionada?
Na vacina fracionada, uma única dose de 0,5 ml será utilizada em cinco pessoas, o equivalente a 0,1 ml por pessoa.

Qualquer pessoa pode tomar a dose fracionada?
Não. Os seguintes grupos devem continuar a receber a dose integral: crianças de 9 meses até 2 anos de idade e pessoas condições clínicas especiais como HIV/aids, doenças hematológicas ou após término de quimioterapia. Pessoas que vão viajar para países que exigem o certificado internacional de vacinação também devem receber a dose integral. Basta acessar o site da Anvisa para saber quais países têm essa exigência.

Quem tomou a vacina fracionada, deverá repetir a dose?
Sim. Ao contrário da dose padrão, a fracionada tem validade de oito anos, de acordo com o Ministério da Saúde. Quem tomou a dose fracionada e tem viagem marcada para algum dos 135 países que existem o certificado internacional de vacinação precisará tomar a dose padrão mesmo que o intervalo entre as doses seja inferior a oito anos. Isso é necessário porque o certificado internacional não é concedido pela Anvisa a quem toma a dose fracionada. Lembrando que deve haver intervalo de pelo menos trinta dias entre cada dose, por se tratar de uma vacina com vírus vivo.

Quais são as reações possíveis à vacina?
Os efeitos colaterais graves são raros. Mas 5% da população pode desenvolver sintomas como febre, dor de cabeça e dor muscular de cinco a dez dias. Não é frequente a ocorrência de reações no local da aplicação.

Quem tem maior risco de evento adverso relacionado à vacina da febre amarela?
Crianças menores de 6 meses, idosos, gestantes, imunodeprimidos, mulheres que estão amamentando e pessoas com alergia grave à proteína do ovo.

A febre amarela é uma doença fatal?
Se houver diagnóstico precoce, não. De 40% a 50% dos casos podem evoluir para a forma grave da doença. Nestes, em 30% a 40% a doença pode ser fatal.

Quais são os sintomas da febre amarela?
Cerca de 35% das pessoas infectadas apresentam sintomas semelhantes aos de um resfriado, como dor de cabeça, febre, perda de apetite e dores musculares, três dias depois de terem sido picadas pelo mosquito. Após essa fase, 35% desenvolverão a forma grave da doença, com sintomas severos, como dor abdominal, falta de ar, vômito e urina escura. O restante não apresenta sintomas.

É possível contrair a doença mais de uma vez?
Não. Quem já foi infectado está imune para sempre, diferentemente do que ocorre com a dengue.

Qual é o tratamento para a febre amarela?
Não há um tratamento específico para febre amarela. A medida mais eficaz é a vacinação, para evitar a contaminação da doença.

Como se proteger contra a doença?
O ideal é tomar a vacina, mas para aqueles que não podem tomar o imunizante ou que estão no período de dez dias após a aplicação, a melhor forma de prevenção é evitar a picada do mosquito. Algumas formas de colocar isso em prática são: usar repelente, aplicar o protetor solar antes do repelente, evitar áreas silvestres (se possível), vestir roupas compridas e claras, usar mosqueteiros e telas e evitar perfume em áreas de mata

Qualquer repelente funciona contra o mosquito?
Não. No Brasil, são mais de 120 com registro na Anvisa, mas somente os que contêm as substâncias DEET, IR3535 e icaridina têm garantia de eficácia. Vitamina do complexo B não tem efeito comprovado contra o mosquito.

Fonte: Veja

Google lança cabo submarino internacional totalmente privado

Em todo o mundo, a infraestrutura rede a serviço do Google tem mais de 100 pontos de presença e 7500 nós. Todas os serviços do Google, incluindo os serviços de nuvem, estão conectados por uma grande rede que inclui 11 cabos submarinos e milhares de quilômetros de fibra ótica ao redor do mundo. Que hoje, ganha o reforço de um cabo submarino próprio interligando os Estados Unidos ao Chile. Com isso, a empresa passa a ser a primeira fora da área de telecomunicações a investir em um cabo submarino internacional totalmente privado.


O “Curie”, chamado assim em homenagem a Marie Curie, cientista premiada com o Nobel, em Física e em Química, que liderou uma série de pesquisas pioneiras no campo da radioatividade, é o primeiro cabo submarino a chegar no Chile em aproximadamente 20 anos. Uma vez instalado, o que deve acontecer a partir de 2019, ele será uma das maiores “rodovias provadas” de dados do continente sul-americano. E, segundo o Google, ajudará a conectividade na região, que embora tenha uma boa penetração de internet, não é atendida satisfatoriamente pelas conexões de dados internacionais existentes.

"Por meio da nova infraestrutura, teremos a oportunidade incrível de receber novos negócios na nuvem e continuar avançando em nosso objetivo de longo prazo de atingir o próximo bilhão de usuários da internet", diz o Google em comunicado.

O Google já instalou outros oito cabos submarino no mundo. Mas o “Curie” será o primeiro totalmente privado a nível internacional. De acordo com a empresa, entre as vantagens de investir em infraestruturas de comunicação de dados privadas está a flexibilidade para tomar decisões tanto quanto ao roteamento de dados como quanto à otimização da latência, observando os interesses dos usuários do Google e dos clientes do Google Cloud Platform.

"Ao construir uma infraestrutura totalmente privada, diminuímos o número de partes envolvidas, simplificamos o processo de instalação e reduzimos o tempo para que o cabo esteja pronto e funcional. Globalmente, esse tipo de conexão também nos permite planejar novas regiões para o Google Cloud Platform", afirma a empresa. "O Curie é o primeiro de muitos cabos privados que a Google pretende instalar no mundo, seja de forma privada ou como parte de consórcios", completa.

CurieGoogle

A infraestrutura do Google na América Latina é formada por muitos componentes, como, por exemplo, o data center no Chile, que permitem fazer pesquisas na Busca do Google, assistir vídeos no YouTube, guardar lembranças no Google Fotos e usar os aplicativos de produtividade do G Suite, e as regiões de Google Cloud Platform, como a inaugurada em São Paulo o ano passado. "O investimento no cabo Curie faz parte do nosso esforço para melhorar a infraestrutura global e do nosso compromisso com a América Latina", afirma a empresa. 

Até o momento o Google não divulgou o montante que será investido nessa iniciativa. 

Fonte: IDGNOW!

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Aplicativo avisa sobre chuva ou tempestade no local onde está o usuário

Aplicativo avisa sobre chuva ou tempestade no local onde está o usuário

03 de janeiro de 2018




Maria Fernanda Ziegler  |  Agência FAPESP – Com a chegada do verão inicia-se também a temporada de chuvas na região Sudeste. A diferença é que este ano o aplicativo SOS Chuva poderá informar à população sobre a possibilidade de chuva ou de tempestade na localização exata onde a pessoa está.

É a chamada previsão imediata que, diferente da previsão do tempo convencional, consegue informar a incidência de chuva, granizo ou tempestade com precisão de 1 quilômetro e antecedência de 30 minutos a 6 horas. Desde outubro, o aplicativo SOS Chuva pode ser baixado gratuitamente em smartphones e já conta com mais de 60 mil usuários.

A ferramenta foi desenvolvida por cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) em colaboração com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) e o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas, os dois últimos da Universidade de São Paulo (USP).

“A previsão de tempo que ouvimos no jornal é uma previsão que está, de certa forma, bem estabelecida. Sua teoria foi desenvolvida nos anos 1950. Já a previsão imediata é um desafio novo, com funções, equipamentos e modelagens matemáticas completamente diferentes. Até porque é diferente dizer que amanhã vai chover ou falar que daqui a duas horas vai chover no ponto exato onde você está”, disse Luiz Augusto Toledo Machado, pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/Inpe) e coordenador do projeto.

Com apoio da FAPESP, o Projeto Temático SOS Chuva, iniciado em 2016, vai desenvolver mais dois aplicativos, um voltado para a agricultura e outro para a Defesa Civil. Os pesquisadores pretendem também aumentar a compreensão da dinâmica das nuvens e melhorar modelos matemáticos usados na previsão climática.

“É um projeto que tem o aspecto científico de melhorar modelos de previsão imediata e também outro aspecto associado à extensão, que é o desenvolvimento do aplicativo e de sistemas de alerta mais sofisticados para a Defesa Civil e para a agricultura”, disse Machado.

Em novembro, a equipe do projeto fez um treinamento para técnicos da Defesa Civil da região de Campinas (SP) e para profissionais do CPTEC que atuam nas regiões do Vale do Paraíba e no Litoral Norte do Estado de São Paulo. O objetivo é que os centros regionais de meteorologia possam fazer a previsão imediata. A iniciativa é inédita no país.

“Estamos desenvolvendo também um aplicativo voltado para o técnico, para que ele possa fazer a previsão imediata e divulgar os alertas com base nos nossos modelos matemáticos. Isso porque, dado o grande detalhamento, a previsão imediata deve ser feita regionalmente. Por isso, estamos desenvolvendo a ferramenta e os modelos matemáticos para que, no futuro, a previsão imediata seja feita nos centros regionais de meteorologia”, disse.

Agrometeorologia de precisão

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O grupo formado por pesquisadores do CPTEC/Inpe e da Esalq também está desenvolvendo um terceiro aplicativo, dedicado ao produtor rural.

“O aplicativo de cunho agrícola, além de mostrar onde exatamente está chovendo, também armazenará informações pluviométricas por um período, para que o agricultor possa acompanhar e identificar possíveis variações de produtividade”, disse Felipe Pilau, do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq, responsável pela parte agrícola do projeto.

Pilau afirma que com essa ferramenta será possível estipular estratégias para a chamada agrometeorologia de precisão. O termo junta a agricultura de precisão – que analisa a variabilidade da produção a partir de fatores como fertilidade do solo e recursos hídricos – com a parte meteorológica.

“Ao incluir a parte meteorológica na agricultura de precisão, é possível enxergar onde chove mais e se essa variabilidade vai afetar a produtividade agrícola. Até então, a parte meteorológica estava esquecida na agricultura de precisão”, disse Pilau.

Para fazer a previsão imediata, seja para o usuário comum, o agricultor ou para a Defesa Civil, o projeto conta com um radar meteorológico de dupla polarização – adquirido com apoio da FAPESP e instalado no Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Universidade Estadual de Campinas (Cepagri-Unicamp).

A previsão do tempo convencional necessita de dados obtidos a partir de imagens de satélite, estações meteorológicas e também da interpolação desses dados. Já para obter os dados com precisão de 1 quilômetro de distância, o radar de dupla polarização trabalha com a emissão e reflexão de comprimentos de onda.

Ao emitir um feixe de energia, ele obtém a refletividade, uma medida da reflexão do feixe emitido pelo radar ao se chocar com um obstáculo, como uma gota de nuvem, por exemplo. O sinal então retorna para o radar e, dessa forma, é possível mapear o local exato onde vai chover.

Para fazer a previsão imediata de todo o Estado de São Paulo, o projeto SOS Chuva conta ainda com as informações de outros quatro radares instalados em Bauru, Presidente Prudente, São Paulo e no Rio de Janeiro.

Com a ajuda do radar de dupla polarização, os pesquisadores conseguem ter uma visão tridimensional da nuvem e acompanhar a velocidade com que ela se propaga. Assim é possível analisar outros parâmetros, como acúmulo de cristais de gelo dentro da nuvem ou os chamados intrarraios, raios dentro da nuvem que são indicativos da ocorrência de granizo.

“Com o radar de dupla polarização conseguimos saber, por exemplo, quais os cristais de gelo que têm dentro da nuvem e a partir disso fazer cálculos e previsões”, disse Machado.

O pesquisador explica que ao acompanhar a nuvem é possível saber como esses diferentes cristais aumentam e diminuem, indicando a previsão de severidade ou formação de tornados. “Conseguimos também informações a partir do vento, se ele está formando uma circulação fechada, se há descarga elétrica. Tudo isso somado nos ajuda a fazer previsões”, disse.

Entendendo eventos extremos

A experiência dos pesquisadores do SOS Chuva em desenvolver modelos e cálculos matemáticos para a previsão imediata será usada em um novo projeto de colaboração com colegas argentinos, chilenos e norte-americanos.

“Continuaremos a coletar dados em Campinas e a melhorar nossos modelos até agosto de 2018. Depois disso, vamos levar nossa instrumentação para São Borja, no Rio Grande do Sul, para uma nova campanha de medidas de colaboração internacional”, disse Machado.

O pesquisador explica que a região a ser estudada é onde ocorrem as maiores tempestades do planeta. O fenômeno no Sul do Brasil, conhecido como Complexos Convectivos de Média Escala, ocorre em resposta a uma relação entre a região amazônica e a Cordilheira dos Andes.

“A umidade da Amazônia se propaga, encontra os Andes e se canaliza, trazendo a umidade para o Sul. É esse canal de umidade que começa a formar esses sistemas intensos de nuvens na Argentina. A baixa pressão acelera esse fluxo de umidade que vem da Amazônia e forma tempestades muito grandes.”

O projeto nomeado RELAMPAGO é financiado pela National Science Foundation (NSF) e conta com a cooperação da agência espacial Nasa e da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), nos Estados Unidos, do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (Conicet) da Argentina, da Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnológica (Conicyt) do Chile, da FAPESP e do Inpe.

“Será um experimento muito grande e o SOS Chuva participará desse esforço que é entender as tempestades severas que entram no Brasil, inclusive com possibilidade de formação de tornados”, disse Machado.

O aplicativo SOS Chuva pode ser baixado na App Store (iOS) e na Google Play Store (Android). Mais informações: http://soschuva.cptec.inpe.br/soschuva. 

Fonte: FAPESP