Reator nuclear portátil da NASA passa com sucesso em nova bateria de testes
Você talvez se lembre do KRUSTY, o reator nuclear portátil que a Nasa estava testando há alguns meses. Ontem, ele passou com sucesso por uma nova bateria de testes que durou mais de 28 horas e que tornou ainda mais provável que ele seja um dos principais companheiros dos humanos nas primeiras viagens tripuladas a Marte.
Segundo a Nasa, o reator foi testado em quatro fases. As duas primeiras foram feitas sem energia, apenas para garantir que todos os sistemas do KRUSTY estavam funcionando da maneira correta. Na terceira, a equipe foi gradualmente aumentando a temperatura do núcleo do reator para que ele começasse a gerar energia.
Como funciona?
O KRUSTY usa um bloco de urânio 235 mais ou menos do tamanho de um rolo de papel toalha como combustível. Os átomos de urânio são quebrados numa reação que libera energia. Essa energia é usada para aquecer tubos cheios de sódio sólido que transmitem o calor até um motor. O motor, finalmente, transforma o calor dos tubos em energia elétrica que pode ser usada em qualquer equipamento.
Durante seu funcionamento, o motor acaba se aquecendo, o que coloca-o em risco. Por isso, é acoplado a ele um radiador dobrável de titânio, parecido com um guarda-chuva, que dissipa o calor produzido pelo motor para fora do reator. No total, ele é capaz de gerar dez kilowatts de potência (o suficiente para alimentar uma residência média) ao longo de mais de dez anos.
Para ligar e desligar o reator, usa-se uma haste de carbeto de boro (B4C). Esse material "absorve" nêutrons. Por isso, quando ele é inserido no reator, ele impede a reação de fissão nuclear de acontecer, o que desliga o reator. Quando a haste é removida, os nêutros voltam a circular livremente, a reação volta a acontecer e a energia volta a ser produzida.
Segurança
A ideia da Nasa é usar o KRUSTY em missões tripuladas de longa duração para a Lua ou para Marte. Nesses locais, os astronautas precisarão de energia para ligar seus equipamentos de purificação de água e produção de oxigênio, por exemplo. E fontes de energia como luz solar ou ventos são demasiadamente voláteis para dedicar a tarefas tão críticas.
Fora isso, os astronautas que forem a Marte também precisarão dar um jeito de produzir o combustível para a viagem de volta - não é viável ir até lá levando o combustível do retorno. Por esses motivos, o reator pode acabar sendo uma peça essencial das futuras missões tripuladas da agência espacial estadunidense.
Quanto à segurança, Patrick McClure, um dos diretores do projeto disse ao Business Insider que é praticamente impossível que o reator sofra qualquer dano, mesmo no caso de um incêndio ou explosão do foguete. Isso porque ele usa sódio para transmitir calor, e o sódio, diferente da água, não se transforma em capor durante a operação, o que o torna mais seguro.
E a maneira como o reator é ativado (com a haste de carbeto de boro) também impede que ele seja acidentalmente ativado na hora errada. Segundo McClure, mesmo que uma explosão acontecesse durante o lançamento do foguete, a radiação a um quilômetro do local de lançamento não passaria de um millirem - o equivalente ao necessário para se realizar um raio X da arcada dentária.
Fonte: Olhar Digital - 03/05/2018
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