segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Evento de Carrington: a maior tempestade solar já registrada

Depois de um longo período de calmaria, nosso Sol finalmente está entrando em um novo ciclo de atividade. Nas últimas semanas, houve um aumento nas erupções registradas e uma intensa tempestade magnética atingiu a Terra. Mas nada que se compare à grande tempestade solar de 1859, também conhecida como Evento Carrington.

Intensas auroras polares provocadas pelas últimas tempestades solares e registradas a partir da Estação Espacial Internacional. Créditos: ESA/Thomas Pesquet

Imagine acordar de madrugada, com o céu iluminado por auroras polares tão intensas, que seria possível ler um jornal naquela luz. Foi o que aconteceu em 2 de setembro de 1859 durante uma das maiores tempestades solares já registradas. Muitos desavisados, levantaram e foram preparar o café, pensando que já havia amanhecido. Mas os impactos daquela tempestade foram muito além das auroras e das confusões momentâneas.

Tudo começou alguns dias antes. Desde o dia 28 de agosto, várias manchas vinham sendo observadas no Sol. As manchas solares são grandes áreas de temperatura reduzida na superfície do Sol. Elas se formam em regiões de intensa atividade magnética e, por isso, são prenúncio de grandes erupções solares, que podem lançar no espaço enormes quantidades de gases e partículas energizadas.


Filamento ejetado em uma erupção solar. Créditos: Nasa

Ao se aproximar do nosso planeta, essas partículas são desviadas pelo campo magnético da Terra e acabam atingindo a atmosfera nas regiões polares, formando as auroras. Só que o impacto dessas partículas comprime e distorce nosso campo magnético. Isso geralmente não representa maiores implicações, mas durante as tempestades mais intensas, pode nos trazer grandes problemas.

Quando os primeiros fluxos de partículas atingiram a Terra naquele 29 de agosto de 1859, geraram belas auroras polares, mas também deformaram nosso campo magnético, deixando nosso planeta praticamente indefeso. Foi então que, no dia 1° de setembro, Richard Christopher Carrington e Richard Hodgson observaram, de forma independente e pela primeira vez na história, uma grande erupção solar.

Aquela erupção lançou no espaço uma quantidade colossal de partículas ionizadas, viajando a impressionantes 8,5 milhões de quilômetros por hora e vindo diretamente em nossa direção. Menos de 18 horas depois e aquela nuvem de partículas ionizadas atingiu a Terra desprotegida, gerando uma das maiores tempestades geomagnéticas já registradas.

Além de intensas, as auroras foram vistas por quase todo o planeta, até mesmo em regiões tropicais, como no Hawaii e no Caribe. Os poucos sistemas elétricos existentes naquela época entraram em pane. Postes soltando faíscas aleatoriamente, telégrafos enlouquecidos em toda a Europa e América do Norte. Telegrafistas tomando choques e aparelhos funcionando mesmo depois de desligados.


“Aurora Borealis”, pintura de Frederic Edwin Church provavelmente inspirada na Grande Tempestade Solar de 1859

Felizmente, naquela época, os sistemas elétricos eram poucos e isso reduziu bastante os danos. Agora imagine o que poderia acontecer se algo assim ocorresse hoje.

Uma tempestade solar do mesmo porte teria a capacidade de danificar muitos dos nossos satélites, incluindo os de GPS e os de comunicação, que levam TV e internet para todo o mundo. Aqui na Terra, sistemas elétricos e de comunicação em pane. Aparelhos domésticos e celulares pifando, dando choque e até mesmo explodindo.

Estima-se que, se uma tempestade como a do Evento de Carrington ocorresse hoje, os prejuízos seriam superiores a 2 trilhões de dólares e seus efeitos levariam anos para serem superados. Por algum tempo, seríamos privados de boa parte da nossa tecnologia e voltaríamos aos tempos de Carrington, onde o melhor a se fazer seria contemplar as auroras.

Fonte: Olhar Digital.







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