Informação interessante da Veja relatando alguns usos bem sucedidos da internet em sala de aula. Mas pelo que parece, para a coisa de fato se expandir e podermos aproveitar todo o potencial dessa ferramente, ainda teremos, pelo menos aqui no Brasil, que correr muito.
Escolas brasileiras começam a usar as redes sociais
da internet em prol do ensino - e está funcionando
(Veja - Edição 2139 / 18 de novembro de 2009)
Mais de 5 milhões de estudantes brasileiros já pertencem a uma rede social na internet, como o Facebook ou o Twitter. A novidade é que, agora, parte deles começa a frequentar esses círculos virtuais estimulados pela própria escola - e com fins educativos. Alguns colégios, a maioria particular, fazem uso simples de tais redes, colocando ali informações como calendário de aulas e avisos. Muitas vezes, incluem ainda exercícios e o conteúdo das aulas, recurso que vem se prestando a aproximar os pais da vida escolar. O maior avanço proporcionado por esses sites, no entanto, se deve à possibilidade que eles abrem para o aprendizado em rede - o que já acontece há mais tempo, e com sucesso, em países como Japão e Inglaterra. No espaço virtual, os alunos debatem, sob a supervisão de um professor, temas apresentados na sala de aula e ainda, de casa, podem tirar dúvidas sobre a lição. O Twitter está sendo também adotado nas escolas por uma de suas particularidades: como nenhum texto ali pode ultrapassar 140 caracteres, os alunos são desafiados a exprimir ideias com concisão - habilidade revelada por grandes gênios da história (veja o quadro) e tão requerida nos tempos modernos. A experiência tem funcionado no Colégio Hugo Sarmento, de São Paulo, onde os estudantes se lançam em animadas gincanas das quais saem campeões aqueles com o maior poder de síntese. Conclui o professor de português Tiago Calles: "As redes fazem parte da vida deles. Não há como a escola ignorá-las".
Esse já é um consenso. O que se discute é como fazer uso seguro - e produtivo - das redes. Entre os sites de relacionamento, o Twitter agrada às escolas justamente por preservar, ao menos em parte, a privacidade dos alunos: é preciso nome de usuário e senha para tomar parte dos encontros on-line promovidos pelo colégio. Todo o conteúdo que resulta daí, porém, fica disponível na internet e qualquer um pode ver. Preocupadas com isso, muitas escolas preferem criar redes próprias, que funcionam como uma intranet. "Evitamos assim a exposição dos alunos e temos condições de nos responsabilizar pelo que acontece na rede", explica Eduardo Monteiro, coordenador no Colégio Santo Inácio, do Rio de Janeiro, onde há um ano os alunos participam de debates virtuais que abarcam todas as disciplinas. Outro perigo do ambiente virtual, este de ordem pedagógica, diz respeito ao tipo de linguagem que os alunos tendem a usar na rede, bem distante da norma culta. Não é fácil estimulá-los a empregar o bom português nesse contexto. Avalia Adilson Garcia, diretor do Colégio Vértice, em São Paulo: "Em atividades on-line, damos o exemplo aos estudantes, respeitando a pontuação e fugindo do coloquial - mas eles costumam escrever muito mal".
De todos os desafios, no entanto, talvez o mais difícil seja tornar o ensino em rede algo realmente eficaz. Nos Estados Unidos, por exemplo, algumas escolas que haviam aderido à modalidade se viram forçadas a voltar atrás. Quando os exercícios ocorriam nos domínios do colégio, verificou-se que os estudantes tinham o hábito de engatar em chats e navegar por sites de fast-food enquanto a aula virtual se desenrolava - um fiasco. Com base na experiência internacional, já se sabe um pouco do que funciona nesse campo. A mais bem-sucedida de todas as medidas tem sido colocar as crianças para compartilhar projetos de pesquisa em rede, reproduzindo assim (ainda que em escala bem menor) o que se vê nos melhores centros de pesquisa do mundo. Depois que o Colégio São Bento, no Rio de Janeiro, passou a adotar o sistema (numa rede própria), alunos como Mateus Reis, 12 anos, e seus colegas ganharam novo entusiasmo: "De casa, todo mundo fica trocando informações pelo site e vai fazendo a sua parte do projeto, até juntarmos tudo. É uma diversão". O interesse despertado por esse tipo de exercício ajuda a explicar por que, com um computador em casa, as crianças dedicam cerca de 30% mais tempo aos estudos, segundo mostra uma pesquisa da OCDE (organização internacional que reúne os países ricos). Está provado também que a rede provê bons incentivos à rapidez de raciocínio, ao trabalho em equipe e à capacidade de expor ideias em público, mesmo que a distância.
O Brasil está começando a adotar as redes virtuais no ensino com pelo menos cinco anos de atraso em relação a países da OCDE. O conjunto de experiências brasileiras, até agora, parece apontar para a direção certa - mas requer avanços. "É preciso integrar melhor o uso das redes ao currículo escolar. Sem isso, os efeitos serão modestos ou nulos", pondera José Armando Valente, do Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Unicamp. Para executar tarefa de tamanha complexidade, antes de tudo é necessário que as escolas disponham de uma equipe de professores bem treinados, artigo raríssimo num país que acumula tantas deficiências nesse setor. Por completa inexperiência, muitos deixam os computadores acumulando pó e, quando fazem uso deles em sala de aula, é para dar burocráticas lições de informática. Há, portanto, um gigantesco caminho a percorrer - e isso deve ser feito logo. Resume Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA e especialista em educação: "O ensino em rede é um avanço necessário".
Poder de síntese
Grandes personagens da história não teriam dificuldade em exprimir suas ideias em 140 caracteres - o limite imposto pelo Twitter. Alguns exemplos:
"O tolo pensa que é sábio, mas o homem sábio sabe que ele próprio é um tolo."
William Shakespeare (escritor inglês, 1564-1616)
"Originalidade nada mais é que uma imitação sensata."
Voltaire (filósofo francês, 1694-1778)
"O intelecto é invisível para aqueles que não o possuem."
Arthur Schopenhauer (filósofo alemão, 1788-1860)
"Nós matamos o tempo, mas ele enterra-nos."
Machado de Assis (escritor brasileiro, 1839-1908)
"Senso comum é um conjunto de preconceitos adquiridos por alguém aos 18 anos de idade."
Albert Einstein (cientista alemão, 1879-1955)
Espaço destinado a assuntos relacionados a Biologia, Educação, alguns fatos pessoais e o que mais fizer bem ao cérebro.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
domingo, 11 de outubro de 2009
Conheça os maiores erros de segurança nas corporações
Essa é do site http://olhardigital.uol.com.br/digital_news/noticia.php?id_conteudo=9469 e serve como um importante alerta.
*Rodrigo Souza
Quando pensamos em segurança da informação e sobre a necessidade de aplicá-la, a razão está principalmente nos problemas enfrentados com hackers, invasões em sistemas considerados protegidos, vírus, spam, phishing, entre outras inúmeras deficiências que afetam nosso dia a dia.
Tratam-se de preocupações válidas, mas ineficazes se não pensarmos no elo mais fraco da corrente, o chamado “peopleware”. As pessoas representam um dos maiores problemas, ou solução, para a boa manutenção e segurança da informação.
Por outro lado, de maneira geral, as brechas ocorrem porque as empresas podem falhar na hora de tomar todas as precauções para garantir a integridade dos sistemas.
Conheça agora os cinco erros mais comuns na segurança da informação, por parte das corporações:
1)Falha na conscientização dos colaboradores em tornar a segurança parte da cultura da empresa;
2)Falta de foco na identificação dos riscos relacionados ao negócio;
3)Falha na gestão: 95% dos problemas de segurança podem ser resolvidos com gerenciamento, 65% dos ataques exploram ambientes mal configurados, 30% dos ataques exploram vulnerabilidades conhecidas e podem ser resolvidas aplicando pachs, hotfixs e service packs (pacotes de correção). Fonte: SearchSecurity.TechTarget.com
4)Fuga das informações: As informações não são classificadas, os pontos de fuga não são conhecidos, as empresas não sabem como controlar o trânsito das informações.
5)Erro na análise de eventos e logs: Ambiente heterogêneo, grande volume de logs, falta de capacitação.
Por parte dos usuários, o especialista ressalta os oito erros mais cometidos e que prejudicam a segurança:
1) Enviar dados e informações da empresa para email pessoal;
2) Salvar informações em mídias removíveis sem criptografia de dados;
3) Enviar informações por meios não seguros;
4) Salvar informações sensíveis e confidenciais em áreas públicas;
5) Emprestar credenciais de acesso (física ou lógica);
6) Acessar sites proibidos;
7) Enviar correntes e email em massa;
8) Salvar arquivos pessoais na rede (MP3, vídeos etc).
*Rodrigo Souza é Consultor Sênior em Segurança da Informação e Responsável por Novas Tecnologias da EZ-Security, integradora especializada em segurança da informação e disponibilidade.
*Rodrigo Souza
Quando pensamos em segurança da informação e sobre a necessidade de aplicá-la, a razão está principalmente nos problemas enfrentados com hackers, invasões em sistemas considerados protegidos, vírus, spam, phishing, entre outras inúmeras deficiências que afetam nosso dia a dia.
Tratam-se de preocupações válidas, mas ineficazes se não pensarmos no elo mais fraco da corrente, o chamado “peopleware”. As pessoas representam um dos maiores problemas, ou solução, para a boa manutenção e segurança da informação.
Por outro lado, de maneira geral, as brechas ocorrem porque as empresas podem falhar na hora de tomar todas as precauções para garantir a integridade dos sistemas.
Conheça agora os cinco erros mais comuns na segurança da informação, por parte das corporações:
1)Falha na conscientização dos colaboradores em tornar a segurança parte da cultura da empresa;
2)Falta de foco na identificação dos riscos relacionados ao negócio;
3)Falha na gestão: 95% dos problemas de segurança podem ser resolvidos com gerenciamento, 65% dos ataques exploram ambientes mal configurados, 30% dos ataques exploram vulnerabilidades conhecidas e podem ser resolvidas aplicando pachs, hotfixs e service packs (pacotes de correção). Fonte: SearchSecurity.TechTarget.com
4)Fuga das informações: As informações não são classificadas, os pontos de fuga não são conhecidos, as empresas não sabem como controlar o trânsito das informações.
5)Erro na análise de eventos e logs: Ambiente heterogêneo, grande volume de logs, falta de capacitação.
Por parte dos usuários, o especialista ressalta os oito erros mais cometidos e que prejudicam a segurança:
1) Enviar dados e informações da empresa para email pessoal;
2) Salvar informações em mídias removíveis sem criptografia de dados;
3) Enviar informações por meios não seguros;
4) Salvar informações sensíveis e confidenciais em áreas públicas;
5) Emprestar credenciais de acesso (física ou lógica);
6) Acessar sites proibidos;
7) Enviar correntes e email em massa;
8) Salvar arquivos pessoais na rede (MP3, vídeos etc).
*Rodrigo Souza é Consultor Sênior em Segurança da Informação e Responsável por Novas Tecnologias da EZ-Security, integradora especializada em segurança da informação e disponibilidade.
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Ao ar livre ou na esteira
Uma boa dica para quem pratica exercícios.
Veja - Edição 2133 / 7 de outubro de 2009
Pode ser em parques, praças, ruas, academias de ginástica ou até
dentro de casa. Não existe uma estimativa confiável do total de
brasileiros que aderiram aos treinos de corrida, mas é possível ter uma
ideia de sua popularização por meio do número de grupos organizados
que praticam essa atividade física nas grandes cidades do país.
Anna Paula Buchalla
abuchalla@abril.com.br
Em 1998, eram 1 000. Hoje, são 100 000. Os motivos que levam uma pessoa a suar a camisa dessa maneira são variados. Há os que querem perder peso (por questão de saúde cardíaca ou estética), os que desejam cultivar músculos e ainda aqueles que almejam chegar ao máximo de seu condicionamento físico pelo simples prazer de superar os próprios limites. De fato, correr com frequência reduz a gordura corporal, melhora o tônus muscular e aumenta a capacidade cardiovascular e pulmonar. Mas será que tanto faz correr na esteira ou na rua? Os ganhos são os mesmos? VEJA ouviu médicos e preparadores físicos sobre as vantagens de uma e de outra prática quanto a seis aspectos. "Não existe uma resposta única. A escolha depende do que o corredor procura", diz Marcos Paulo Reis, autor do livro Programa de Caminhada e Corrida (da Editora Abril, a mesma que publica esta revista), um treino de dezesseis semanas para entrar em forma.
1. Para trabalhar maior quantidade de músculos
Onde é melhor: ao ar livre
Por quê: há mais trabalho muscular. Embora todos os músculos das pernas sejam exercitados durante o movimento da corrida, alguns são solicitados com maior intensidade ao ar livre. Entre eles estão os das regiões anterior e posterior das coxas e os glúteos. O corredor de rua fica, ainda, mais inclinado para a frente, o que é bom para desenvolver os músculos das panturrilhas e os flexores dos quadris
Comentário: não saia por aí em desabalada carreira, sem a supervisão de um treinador. Uma das consequências mais desagradáveis de um treino mal orientado é a fadiga muscular - cujo sintoma mais evidente é aquela dor insuportável no dia seguinte ao treino
2. Para perder mais peso
Onde é melhor: ao ar livre
Por quê: as pequenas variações climáticas, a resistência do vento e as subidas, descidas e curvas do percurso proporcionam maior queima de gordura. "O gasto calórico de uma corrida ao ar livre é, em média, 15% maior que o de uma sessão na esteira", afirma Marcos Paulo Reis
Comentário: para os menos disciplinados, ruas e parques são bem mais divertidos. O treino é mais dinâmico, existe a possibilidade de correr em grupo e a mudança de paisagens, quando há árvores e mar, estimula a que se corra mais
3. Para um melhor rendimento global
Onde é melhor: esteira combinada com corrida ao ar livre
Por quê: a esteira é boa para treinos de velocidade constante e para proteger as articulações, enquanto a corrida ao ar livre solicita mais os músculos. O ideal é treinar uma vez por semana fora da academia e outras duas na esteira
Comentário: cuidado para não bancar o Ironman (ou Woman). Não enfrente condições climáticas adversas, como vento forte, baixa umidade relativa do ar, sol forte, chuva e frio, além de terrenos demasiadamente irregulares.
4. Para minimizar o impacto nas articulações
Onde é melhor: na esteira
Por quê: as articulações de tornozelos e joelhos e a coluna sofrem maior esforço e desgaste nas corridas em ruas. Consequentemente, aumenta também o risco de lesões de sobrecarga, como fraturas e tendinites. As esteiras mais modernas contam com um sistema de amortecimento que absorve o peso do corpo - reduzindo, assim, em até 30% o impacto das passadas no solo e seus malefícios
Comentário: durante a corrida, o impacto sobre as articulações é de até quatro vezes o peso do corpo. Por isso, é essencial que o atleta use tênis adequados ao seu tipo de pisada. Corridas com maior impacto do que as feitas em esteira não são de todo más. Elas ajudam na absorção do cálcio pelos ossos, uma forma de prevenir a osteoporose
5. Para um condicionamento cardíaco melhor
Onde é melhor: na esteira
Por quê: o baixo impacto e os medidores de velocidade e batimentos cardíacos da esteira ajudam a dosar o trabalho cardiovascular. O corredor pode alternar velocidades e inclinações mais facilmente, sem sair da zona de treinamento predeterminada. "O mais seguro é se exercitar sem inclinação", adverte o cardiologista Ricardo Costa, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro. "Na ladeira, o corpo busca outras fontes de energia, desencadeando reações físico-químicas que sobrecarregam o coração"
Comentário: como é mais fácil correr na esteira, é fundamental observar os limites de frequência cardíaca estabelecidos para a idade e não ultrapassar a velocidade em que eles se mantêm. Para não perder o controle dos batimentos cardíacos, é preciso correr - sempre - com um frequencímetro ou utilizar o medidor da esteira
6. Para evitar a poluição
Onde é melhor: na esteira
Por quê: em ambientes isolados adequadamente do exterior, caso de academias com sistema de ar condicionado de boa qualidade e manutenção periódica, o esportista se expõe a uma quantidade menor de gases tóxicos e partículas finas. Ao ar livre, os principais poluentes são o monóxido de carbono, mais abundante no inverno, e o ozônio, cuja presença na atmosfera aumenta na primavera e no verão. Em grande concentração, o ozônio pode provocar irritação nos olhos e nas vias respiratórias. Já inspirar muito monóxido de carbono, para além dos efeitos extremamente deletérios nos pulmões, resulta em menor rendimento na corrida
Comentário: "Nesta época do ano, para quem corre ao ar livre, é bom evitar as atividades físicas entre 12 e 17 horas, período de maior concentração de ozônio", recomenda Carlos Komatsu, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb)
Os tipos de terreno na corrida ao ar livre
Pista de atletismo - As camadas de borracha proporcionam um ótimo amortecimento e a regularidade do terreno o torna mais seguro. Mas atenção: pistas sem manutenção, gastas e ralas, podem prejudicar seriamente as articulações
Areia batida ou terra - O terreno irregular pode aumentar o risco de torções. Em compensação, exige mais esforço e, portanto, proporciona mais perda calórica. Deixa coxas, panturrilhas e glúteos mais firmes
Areia fofa - Os passos, aqui, são menos velozes e o movimento exige mais força muscular. Correr na areia fofa pode queimar uma vez e meia mais calorias do que percorrer a mesma distância em uma pista asfaltada. Pode forçar demais os quadris
Grama - Reduz o ritmo da corrida, mas, ao exigir mais força, queima mais calorias e melhora a resistência cardiorrespiratória. É um piso bom para se aquecer e se desaquecer antes de treinos no asfalto
Asfalto - Favorece a velocidade durante a corrida. No entanto, é a superfície que oferece mais risco de lesões. Não é aconselhável para quem está acima do peso, pois tende a exigir demais dos joelhos e da coluna.
Veja - Edição 2133 / 7 de outubro de 2009
Pode ser em parques, praças, ruas, academias de ginástica ou até
dentro de casa. Não existe uma estimativa confiável do total de
brasileiros que aderiram aos treinos de corrida, mas é possível ter uma
ideia de sua popularização por meio do número de grupos organizados
que praticam essa atividade física nas grandes cidades do país.
Anna Paula Buchalla
abuchalla@abril.com.br
Em 1998, eram 1 000. Hoje, são 100 000. Os motivos que levam uma pessoa a suar a camisa dessa maneira são variados. Há os que querem perder peso (por questão de saúde cardíaca ou estética), os que desejam cultivar músculos e ainda aqueles que almejam chegar ao máximo de seu condicionamento físico pelo simples prazer de superar os próprios limites. De fato, correr com frequência reduz a gordura corporal, melhora o tônus muscular e aumenta a capacidade cardiovascular e pulmonar. Mas será que tanto faz correr na esteira ou na rua? Os ganhos são os mesmos? VEJA ouviu médicos e preparadores físicos sobre as vantagens de uma e de outra prática quanto a seis aspectos. "Não existe uma resposta única. A escolha depende do que o corredor procura", diz Marcos Paulo Reis, autor do livro Programa de Caminhada e Corrida (da Editora Abril, a mesma que publica esta revista), um treino de dezesseis semanas para entrar em forma.
1. Para trabalhar maior quantidade de músculos
Onde é melhor: ao ar livre
Por quê: há mais trabalho muscular. Embora todos os músculos das pernas sejam exercitados durante o movimento da corrida, alguns são solicitados com maior intensidade ao ar livre. Entre eles estão os das regiões anterior e posterior das coxas e os glúteos. O corredor de rua fica, ainda, mais inclinado para a frente, o que é bom para desenvolver os músculos das panturrilhas e os flexores dos quadris
Comentário: não saia por aí em desabalada carreira, sem a supervisão de um treinador. Uma das consequências mais desagradáveis de um treino mal orientado é a fadiga muscular - cujo sintoma mais evidente é aquela dor insuportável no dia seguinte ao treino
2. Para perder mais peso
Onde é melhor: ao ar livre
Por quê: as pequenas variações climáticas, a resistência do vento e as subidas, descidas e curvas do percurso proporcionam maior queima de gordura. "O gasto calórico de uma corrida ao ar livre é, em média, 15% maior que o de uma sessão na esteira", afirma Marcos Paulo Reis
Comentário: para os menos disciplinados, ruas e parques são bem mais divertidos. O treino é mais dinâmico, existe a possibilidade de correr em grupo e a mudança de paisagens, quando há árvores e mar, estimula a que se corra mais
3. Para um melhor rendimento global
Onde é melhor: esteira combinada com corrida ao ar livre
Por quê: a esteira é boa para treinos de velocidade constante e para proteger as articulações, enquanto a corrida ao ar livre solicita mais os músculos. O ideal é treinar uma vez por semana fora da academia e outras duas na esteira
Comentário: cuidado para não bancar o Ironman (ou Woman). Não enfrente condições climáticas adversas, como vento forte, baixa umidade relativa do ar, sol forte, chuva e frio, além de terrenos demasiadamente irregulares.
4. Para minimizar o impacto nas articulações
Onde é melhor: na esteira
Por quê: as articulações de tornozelos e joelhos e a coluna sofrem maior esforço e desgaste nas corridas em ruas. Consequentemente, aumenta também o risco de lesões de sobrecarga, como fraturas e tendinites. As esteiras mais modernas contam com um sistema de amortecimento que absorve o peso do corpo - reduzindo, assim, em até 30% o impacto das passadas no solo e seus malefícios
Comentário: durante a corrida, o impacto sobre as articulações é de até quatro vezes o peso do corpo. Por isso, é essencial que o atleta use tênis adequados ao seu tipo de pisada. Corridas com maior impacto do que as feitas em esteira não são de todo más. Elas ajudam na absorção do cálcio pelos ossos, uma forma de prevenir a osteoporose
5. Para um condicionamento cardíaco melhor
Onde é melhor: na esteira
Por quê: o baixo impacto e os medidores de velocidade e batimentos cardíacos da esteira ajudam a dosar o trabalho cardiovascular. O corredor pode alternar velocidades e inclinações mais facilmente, sem sair da zona de treinamento predeterminada. "O mais seguro é se exercitar sem inclinação", adverte o cardiologista Ricardo Costa, do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro. "Na ladeira, o corpo busca outras fontes de energia, desencadeando reações físico-químicas que sobrecarregam o coração"
Comentário: como é mais fácil correr na esteira, é fundamental observar os limites de frequência cardíaca estabelecidos para a idade e não ultrapassar a velocidade em que eles se mantêm. Para não perder o controle dos batimentos cardíacos, é preciso correr - sempre - com um frequencímetro ou utilizar o medidor da esteira
6. Para evitar a poluição
Onde é melhor: na esteira
Por quê: em ambientes isolados adequadamente do exterior, caso de academias com sistema de ar condicionado de boa qualidade e manutenção periódica, o esportista se expõe a uma quantidade menor de gases tóxicos e partículas finas. Ao ar livre, os principais poluentes são o monóxido de carbono, mais abundante no inverno, e o ozônio, cuja presença na atmosfera aumenta na primavera e no verão. Em grande concentração, o ozônio pode provocar irritação nos olhos e nas vias respiratórias. Já inspirar muito monóxido de carbono, para além dos efeitos extremamente deletérios nos pulmões, resulta em menor rendimento na corrida
Comentário: "Nesta época do ano, para quem corre ao ar livre, é bom evitar as atividades físicas entre 12 e 17 horas, período de maior concentração de ozônio", recomenda Carlos Komatsu, da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental de São Paulo (Cetesb)
Os tipos de terreno na corrida ao ar livre
Pista de atletismo - As camadas de borracha proporcionam um ótimo amortecimento e a regularidade do terreno o torna mais seguro. Mas atenção: pistas sem manutenção, gastas e ralas, podem prejudicar seriamente as articulações
Areia batida ou terra - O terreno irregular pode aumentar o risco de torções. Em compensação, exige mais esforço e, portanto, proporciona mais perda calórica. Deixa coxas, panturrilhas e glúteos mais firmes
Areia fofa - Os passos, aqui, são menos velozes e o movimento exige mais força muscular. Correr na areia fofa pode queimar uma vez e meia mais calorias do que percorrer a mesma distância em uma pista asfaltada. Pode forçar demais os quadris
Grama - Reduz o ritmo da corrida, mas, ao exigir mais força, queima mais calorias e melhora a resistência cardiorrespiratória. É um piso bom para se aquecer e se desaquecer antes de treinos no asfalto
Asfalto - Favorece a velocidade durante a corrida. No entanto, é a superfície que oferece mais risco de lesões. Não é aconselhável para quem está acima do peso, pois tende a exigir demais dos joelhos e da coluna.
domingo, 4 de outubro de 2009
Humanidade esgota seu "espaço de operação", dizem cientistas
Um alerta importante para o mundo.
28 / 09 / 2009
http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=48538
A humanidade pode estar tirando o planeta da excepcional estabilidade ambiental em que ele se encontra há 10 mil anos e lançando-o numa zona turbulenta com consequências "catastróficas". O novo alerta é feito por um grupo internacional de 29 cientistas, em artigo nesta semana na revista "Nature".
O time reúne alguns dos maiores especialistas no sistema terrestre, entre eles o holandês Paul Crutzen, Nobel de Química em 95 por seu trabalho sobre a camada de ozônio.
Eles identificaram nove fatores-chave do funcionamento do planeta que não deveriam ser perturbados além de um certo limite para que a estabilidade ambiental que permitiu o florescimento da civilização continue por milhares de anos.
Acontece que, dos nove "limiares planetários", como o artigo chama esses fatores, três já foram excedidos de longe: a mudança climática, a perda da biodiversidade e a alteração no ciclo do nitrogênio. Sobre dois deles, a poluição química e o lançamento de aerossóis na atmosfera, não há informação suficiente.
Outros três - uso de água doce, mudança no uso da terra e acidificação dos oceanos - ainda não tiveram seus limites ultrapassados, mas terão, se as atividades humanas mantiverem o ritmo e o caráter atuais. Um único limiar, a destruição do ozônio estratosférico, está sendo revertido aos valores pré-industriais.
O ciclo do nitrogênio não costuma aparecer entre as pragas ambientais mais citadas. No entanto, os pesquisadores, liderados por Johan Rockström (Universidade de Estocolmo), apontam que a quantidade desse gás removida da atmosfera para uso humano - quase tudo como fertilizante para a agricultura - já é quatro vezes maior do que o limite proposto. "É mais do que os efeitos combinados de todos os processos (naturais) da Terra", escrevem os autores. Nos fertilizantes, o nitrogênio é convertido a uma forma reativa e acaba no ambiente, poluindo rios e zonas costeiras e formando óxido nítrico, um gás-estufa.
Outro nutriente importante, o fósforo, também está tendo seu ciclo alterado, embora haja "grandes incertezas" sobre qual seria seu limite.
O grupo aponta que o fato de "apenas" três limiares terem sido cruzados não é garantia de que o mundo não sofrerá mudanças catastróficas. Afinal, há múltiplas interações entre os limiares. "Transgredir a barreira do nitrogênio-fósforo pode erodir a resiliência de alguns ecossistemas marinhos, potencialmente reduzindo sua capacidade de absorver CO2, afetando assim a barreira climática." (Fonte: Folha Online)
28 / 09 / 2009
http://noticias.ambientebrasil.com.br/noticia/?id=48538
A humanidade pode estar tirando o planeta da excepcional estabilidade ambiental em que ele se encontra há 10 mil anos e lançando-o numa zona turbulenta com consequências "catastróficas". O novo alerta é feito por um grupo internacional de 29 cientistas, em artigo nesta semana na revista "Nature".
O time reúne alguns dos maiores especialistas no sistema terrestre, entre eles o holandês Paul Crutzen, Nobel de Química em 95 por seu trabalho sobre a camada de ozônio.
Eles identificaram nove fatores-chave do funcionamento do planeta que não deveriam ser perturbados além de um certo limite para que a estabilidade ambiental que permitiu o florescimento da civilização continue por milhares de anos.
Acontece que, dos nove "limiares planetários", como o artigo chama esses fatores, três já foram excedidos de longe: a mudança climática, a perda da biodiversidade e a alteração no ciclo do nitrogênio. Sobre dois deles, a poluição química e o lançamento de aerossóis na atmosfera, não há informação suficiente.
Outros três - uso de água doce, mudança no uso da terra e acidificação dos oceanos - ainda não tiveram seus limites ultrapassados, mas terão, se as atividades humanas mantiverem o ritmo e o caráter atuais. Um único limiar, a destruição do ozônio estratosférico, está sendo revertido aos valores pré-industriais.
O ciclo do nitrogênio não costuma aparecer entre as pragas ambientais mais citadas. No entanto, os pesquisadores, liderados por Johan Rockström (Universidade de Estocolmo), apontam que a quantidade desse gás removida da atmosfera para uso humano - quase tudo como fertilizante para a agricultura - já é quatro vezes maior do que o limite proposto. "É mais do que os efeitos combinados de todos os processos (naturais) da Terra", escrevem os autores. Nos fertilizantes, o nitrogênio é convertido a uma forma reativa e acaba no ambiente, poluindo rios e zonas costeiras e formando óxido nítrico, um gás-estufa.
Outro nutriente importante, o fósforo, também está tendo seu ciclo alterado, embora haja "grandes incertezas" sobre qual seria seu limite.
O grupo aponta que o fato de "apenas" três limiares terem sido cruzados não é garantia de que o mundo não sofrerá mudanças catastróficas. Afinal, há múltiplas interações entre os limiares. "Transgredir a barreira do nitrogênio-fósforo pode erodir a resiliência de alguns ecossistemas marinhos, potencialmente reduzindo sua capacidade de absorver CO2, afetando assim a barreira climática." (Fonte: Folha Online)
domingo, 27 de setembro de 2009
Um retrato da sala de aula
Algo mais sobre educação. Tem bastante verdade nisso, mas faltam algumas colocações importantes, sobretudo no que se refere às condições de trabalho dos professores.
Veja - Edição 2132 / 30 de setembro de 2009
Poucos especialistas observaram tão de perto o dia a dia em escolas brasileiras quanto o americano Martin Carnoy, 71 anos, doutor em economia pela Universidade de Chicago e professor na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, onde atualmente também comanda um centro voltado para pesquisas sobre educação. Em 2008, Carnoy veio ao Brasil, país que ele já perdeu as contas de quantas vezes visitou, para coordenar um estudo cujo propósito era entender, sob o ponto de vista do que se passa nas salas de aula, algumas das razões para o mau ensino brasileiro. Ele assistiu a aulas em dez escolas públicas no país, sistematicamente – e chegou até a filmá-las –, além de falar com professores, diretores e governantes. Em entrevista à editora Monica Weinberg, Martin Carnoy traçou um apurado cenário da educação no Brasil.
COMO NO SÉCULO XIX
Está claro que as escolas brasileiras – públicas e particulares – não oferecem grandes desafios intelectuais aos estudantes. No lugar disso, não é raro que eles passem até uma hora copiando uma lição da lousa, à moda antiga, como se estivessem num colégio do século XIX. Ao fazer medições sobre como o tempo de aula é administrado nos colégios que visitei, chamaram-me a atenção ainda a predominância do improviso por parte dos professores, os minutos preciosos que se esvaem com a indisciplina e a absurda quantidade de trabalhos em grupo. Eles consomem algo como 30% das aulas e simplesmente não funcionam. A razão é fácil de entender: só mesmo um professor muito bem qualificado é capaz de conferir eficiência ao trabalho em equipe ou a qualquer outra atividade que envolva o intelecto. E o Brasil não conta com esse time de professores de alto padrão. Ao contrário. O nível geral é muito baixo.
MENOS TEORIA E MAIS PRÁTICA
Falta ao Brasil entender o básico. Os professores devem ser bem treinados para ensinar – e não para difundir teorias pedagógicas genéricas. As faculdades precisam estar atentas a isso. Um bom professor de matemática ou de línguas é aquele que domina o conteúdo de sua matéria e consegue passá-lo adiante de maneira atraente aos alunos. Simples assim. O que vejo no cenário brasileiro, no entanto, é a difusão de um valor diferente: o de que todo professor deve ser um bom teórico. O pior é que eles se tornam defensores de teorias sem saber sequer se funcionam na vida real. Também simplificam demais linhas de pensamento de natureza complexa. Nas escolas, elas costumam se transformar apenas numa caricatura do que realmente são.
QUE CONSTRUTIVISMO É ESSE?
O construtivismo que é hoje aplicado em escolas brasileiras está tão distante do conceito original, aquele de Jean Piaget (psicólogo suíço, 1896-1980), que não dá nem mesmo para dizer que se está diante dessa teoria. Falta um olhar mais científico e apurado sobre o que diz respeito à sala de aula. É bem verdade que esse não é um problema exclusivamente brasileiro. Especialistas no mundo todo têm o hábito de martelar seus ideários sem se preocupar em saber que benefícios eles trarão ao ensino. Há um excesso de ideologia na educação. No Brasil, a situação se agrava porque, acima de tudo, falta o básico: bons professores.
À CAÇA DE MESTRES BRILHANTES
A chave para um bom ensino é conseguir atrair para a carreira de professor os melhores estudantes. Basta copiar o que já deu certo em países como Taiwan, que reuniu em seu quadro de docentes algumas das melhores cabeças do país. Ali, um professor ganha tanto quanto um engenheiro – o que, por si só, já atrai os alunos mais talentosos para a docência. Mas não é só isso. Está provado que, para despertar o interesse dos mais brilhantes pela sala de aula, é preciso, sobretudo, dar-lhes uma perspectiva de carreira e de reconhecimento pelo talento que os distingue. No Brasil, o pior problema não está propriamente na remuneração dos professores, até razoável diante das médias salariais do país – mas justamente na ausência de um bom horizonte profissional.
VIGILÂNCIA SOBRE OS PROFESSORES
Os professores brasileiros precisam, de uma vez por todas, ser inspecionados e prestar contas de seu trabalho, como já ocorre em tantos países. A verdade é que, salvo raras exceções, no Brasil ninguém sabe o que eles estão ensinando em sala de aula. É o que me faz comparar as escolas públicas brasileiras às empresas pré-modernas. Elas não contam com mecanismos eficazes para cobrar e incentivar a produtividade. Contratam profissionais que ninguém mais no mercado quer, treinam-nos mal e, além disso, não exercem nenhum tipo de controle sobre eles. Hoje, os professores brasileiros estão, basicamente, livres para escolher o que vão ensinar do currículo. Não há padrão nenhum – tampouco há excelência acadêmica.
NA LINHA DA MEDIOCRIDADE
É boa notícia que os brasileiros comecem a colocar a educação entre suas prioridades, mesmo que isso ocorra com tanto atraso em relação aos países mais desenvolvidos. Percebo no Brasil, no entanto, uma visão ainda bastante distorcida da realidade – típica de países onde as notas dos estudantes são, em geral, muito baixas. A experiência indica que, num cenário como esse, até mesmo os ótimos alunos tendem a se nivelar por baixo. Com um resultado superior à média, eles já se dão por satisfeitos, assim como seus pais e escolas. Na verdade, estão todos mirando a linha da mediocridade. E é lá que estão mesmo. Os exames internacionais da OCDE (organização que reúne os países mais ricos) mostram isso com clareza. Os alunos brasileiros que aparecem entre os 10% melhores são, afinal, menos preparados do que alguns dos piores estudantes da Finlândia. Os finlandeses, por sua vez, definem suas metas com base num altíssimo padrão de excelência acadêmica. É esse ciclo virtuoso que o Brasil deve perseguir – em todos os níveis.
CHEGA DE UNIVERSIDADE GRATUITA
Se quiser mesmo se firmar como uma potência no cenário mundial, o Brasil precisa investir mais na universidade. É verdade que os custos para manter um estudante brasileiro numa faculdade pública já figuram entre os mais altos do planeta. Por isso, é necessário encarar uma questão espinhosa: a cobrança de mensalidades de quem pode pagar por elas, como funciona em tantos países de bom ensino superior. Sempre me pergunto por que a esquerda brasileira quer subsidiar os mais ricos na universidade. É um contrassenso. Olhe o que aconteceria caso os estudantes de renda mais alta pagassem algo como 1 000 dólares por ano às instituições públicas em que estudam. Logo de saída, o orçamento delas aumentaria na casa dos 15%. Com esse dinheiro, daria para atrair professores do mais alto nível. Quem sabe até um prêmio Nobel. O Brasil precisa, afinal, começar a se nivelar por cima.
Veja - Edição 2132 / 30 de setembro de 2009
Poucos especialistas observaram tão de perto o dia a dia em escolas brasileiras quanto o americano Martin Carnoy, 71 anos, doutor em economia pela Universidade de Chicago e professor na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, onde atualmente também comanda um centro voltado para pesquisas sobre educação. Em 2008, Carnoy veio ao Brasil, país que ele já perdeu as contas de quantas vezes visitou, para coordenar um estudo cujo propósito era entender, sob o ponto de vista do que se passa nas salas de aula, algumas das razões para o mau ensino brasileiro. Ele assistiu a aulas em dez escolas públicas no país, sistematicamente – e chegou até a filmá-las –, além de falar com professores, diretores e governantes. Em entrevista à editora Monica Weinberg, Martin Carnoy traçou um apurado cenário da educação no Brasil.
COMO NO SÉCULO XIX
Está claro que as escolas brasileiras – públicas e particulares – não oferecem grandes desafios intelectuais aos estudantes. No lugar disso, não é raro que eles passem até uma hora copiando uma lição da lousa, à moda antiga, como se estivessem num colégio do século XIX. Ao fazer medições sobre como o tempo de aula é administrado nos colégios que visitei, chamaram-me a atenção ainda a predominância do improviso por parte dos professores, os minutos preciosos que se esvaem com a indisciplina e a absurda quantidade de trabalhos em grupo. Eles consomem algo como 30% das aulas e simplesmente não funcionam. A razão é fácil de entender: só mesmo um professor muito bem qualificado é capaz de conferir eficiência ao trabalho em equipe ou a qualquer outra atividade que envolva o intelecto. E o Brasil não conta com esse time de professores de alto padrão. Ao contrário. O nível geral é muito baixo.
MENOS TEORIA E MAIS PRÁTICA
Falta ao Brasil entender o básico. Os professores devem ser bem treinados para ensinar – e não para difundir teorias pedagógicas genéricas. As faculdades precisam estar atentas a isso. Um bom professor de matemática ou de línguas é aquele que domina o conteúdo de sua matéria e consegue passá-lo adiante de maneira atraente aos alunos. Simples assim. O que vejo no cenário brasileiro, no entanto, é a difusão de um valor diferente: o de que todo professor deve ser um bom teórico. O pior é que eles se tornam defensores de teorias sem saber sequer se funcionam na vida real. Também simplificam demais linhas de pensamento de natureza complexa. Nas escolas, elas costumam se transformar apenas numa caricatura do que realmente são.
QUE CONSTRUTIVISMO É ESSE?
O construtivismo que é hoje aplicado em escolas brasileiras está tão distante do conceito original, aquele de Jean Piaget (psicólogo suíço, 1896-1980), que não dá nem mesmo para dizer que se está diante dessa teoria. Falta um olhar mais científico e apurado sobre o que diz respeito à sala de aula. É bem verdade que esse não é um problema exclusivamente brasileiro. Especialistas no mundo todo têm o hábito de martelar seus ideários sem se preocupar em saber que benefícios eles trarão ao ensino. Há um excesso de ideologia na educação. No Brasil, a situação se agrava porque, acima de tudo, falta o básico: bons professores.
À CAÇA DE MESTRES BRILHANTES
A chave para um bom ensino é conseguir atrair para a carreira de professor os melhores estudantes. Basta copiar o que já deu certo em países como Taiwan, que reuniu em seu quadro de docentes algumas das melhores cabeças do país. Ali, um professor ganha tanto quanto um engenheiro – o que, por si só, já atrai os alunos mais talentosos para a docência. Mas não é só isso. Está provado que, para despertar o interesse dos mais brilhantes pela sala de aula, é preciso, sobretudo, dar-lhes uma perspectiva de carreira e de reconhecimento pelo talento que os distingue. No Brasil, o pior problema não está propriamente na remuneração dos professores, até razoável diante das médias salariais do país – mas justamente na ausência de um bom horizonte profissional.
VIGILÂNCIA SOBRE OS PROFESSORES
Os professores brasileiros precisam, de uma vez por todas, ser inspecionados e prestar contas de seu trabalho, como já ocorre em tantos países. A verdade é que, salvo raras exceções, no Brasil ninguém sabe o que eles estão ensinando em sala de aula. É o que me faz comparar as escolas públicas brasileiras às empresas pré-modernas. Elas não contam com mecanismos eficazes para cobrar e incentivar a produtividade. Contratam profissionais que ninguém mais no mercado quer, treinam-nos mal e, além disso, não exercem nenhum tipo de controle sobre eles. Hoje, os professores brasileiros estão, basicamente, livres para escolher o que vão ensinar do currículo. Não há padrão nenhum – tampouco há excelência acadêmica.
NA LINHA DA MEDIOCRIDADE
É boa notícia que os brasileiros comecem a colocar a educação entre suas prioridades, mesmo que isso ocorra com tanto atraso em relação aos países mais desenvolvidos. Percebo no Brasil, no entanto, uma visão ainda bastante distorcida da realidade – típica de países onde as notas dos estudantes são, em geral, muito baixas. A experiência indica que, num cenário como esse, até mesmo os ótimos alunos tendem a se nivelar por baixo. Com um resultado superior à média, eles já se dão por satisfeitos, assim como seus pais e escolas. Na verdade, estão todos mirando a linha da mediocridade. E é lá que estão mesmo. Os exames internacionais da OCDE (organização que reúne os países mais ricos) mostram isso com clareza. Os alunos brasileiros que aparecem entre os 10% melhores são, afinal, menos preparados do que alguns dos piores estudantes da Finlândia. Os finlandeses, por sua vez, definem suas metas com base num altíssimo padrão de excelência acadêmica. É esse ciclo virtuoso que o Brasil deve perseguir – em todos os níveis.
CHEGA DE UNIVERSIDADE GRATUITA
Se quiser mesmo se firmar como uma potência no cenário mundial, o Brasil precisa investir mais na universidade. É verdade que os custos para manter um estudante brasileiro numa faculdade pública já figuram entre os mais altos do planeta. Por isso, é necessário encarar uma questão espinhosa: a cobrança de mensalidades de quem pode pagar por elas, como funciona em tantos países de bom ensino superior. Sempre me pergunto por que a esquerda brasileira quer subsidiar os mais ricos na universidade. É um contrassenso. Olhe o que aconteceria caso os estudantes de renda mais alta pagassem algo como 1 000 dólares por ano às instituições públicas em que estudam. Logo de saída, o orçamento delas aumentaria na casa dos 15%. Com esse dinheiro, daria para atrair professores do mais alto nível. Quem sabe até um prêmio Nobel. O Brasil precisa, afinal, começar a se nivelar por cima.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
MAIS ESTUDO, MENOS VIOLÊNCIA
Mais uma de educação na Revista Veja, mostrando um caminho que todos, menos nossos políticos, já sabem ser o correto.
Edição 2129 / 9 de setembro de 2009
Ao ampliar o turno de escolas encravadas em favelas cariocas,
programa da prefeitura dá nova perspectiva a crianças que
ficavam ociosas e expostas à criminalidade.
Monica Weinberg
Há tempos tornou-se um lugar-comum dizer que, na ausência do estado, o tráfico de drogas se transformou num poder paralelo nas favelas cariocas. Entre os muitos males dessa situação, talvez o mais terrível seja o contínuo aliciamento de crianças para o crime. Pois acaba de ser lançado pela prefeitura do Rio de Janeiro um programa que promete oferecer a essas mesmas crianças novas perspectivas de vida, afastando-as de um cotidiano violento. Nesse programa, a educação é o "poder paralelo". O Escolas do Amanhã abrange 73 favelas, 150 escolas, 108 000 alunos. Um de seus pilares é a adoção do turno integral, que mantém as crianças no colégio por sete horas e meia - quase o dobro do turno normal. Não se trata da primeira iniciativa que amplia a jornada de estudos em escolas brasileiras. Tampouco é a primeira vez que isso ocorre numa favela. Mas o Escolas do Amanhã também se destaca por sua ênfase na qualidade de ensino. Em outras palavras, sua filosofia é a de que não basta manter os alunos dentro dos muros do colégio - é preciso ensiná-los de maneira efetiva. Assim, cursos adicionais como xadrez, música, dança e mecânica serão ministrados nas horas extras - sempre que possível, estabelecendo ligações com o currículo regular. Mais importante, contudo, é o fato de que, no novo turno, os estudantes passarão a receber reforço escolar, emergencial num contexto em que muitos não sabem sequer ler. E ainda serão supervisionados, sempre que necessário, na lição de casa. "Num ambiente tão adverso, todo o esforço é para fazer com que as crianças gostem da escola e não abandonem os estudos - uma tentação permanente", diz a secretária de Educação, Claudia Costin.
Logo de saída, o programa promoveu avanços consideráveis na rotina de crianças como Lorrayne Pereira, 11 anos, e Jennifer Peixoto, 13, ambas moradoras da favela Cidade de Deus. O que elas costumavam fazer no tempo livre? "Via muita televisão", conta Lorrayne. "Ficava perambulando por aí. Quando ouvia barulho de tiro, voltava correndo para casa", completa Jennifer, que passou a preencher seu tempo de forma bem mais produtiva. Sem um adulto por perto, nenhum estímulo para os estudos e sob pressão para ganhar dinheiro, muitas dessas crianças ingressam precocemente no mercado de trabalho, quando não no tráfico de drogas da favela onde moram. Não dá para esperar que um programa desse tipo se encarregue de eliminar problemas tão enraizados na própria pobreza. A experiência mostra, porém, que sempre que se dão a essas crianças alternativas para que façam bom uso do tempo ocioso os índices de evasão escolar despencam. Avalia o economista Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA e especialista em educação: "Projetos como esse, implantados em áreas de violência, ajudam a manter as crianças na sala de aula, o que já é um grande mérito".
Mais difícil é fazê-las aprender. Em muitas das escolas brasileiras que adotaram o período integral, o resultado foi pífio. Ocorreu, por exemplo, com os Cieps, espalhados no estado do Rio de Janeiro nas décadas de 80 e 90, e com outras escolas de princípio idêntico, só com nome diferente. Caso dos Ciacs, da era Collor, e dos Ceus, estes plantados mais recentemente em São Paulo pela ex-prefeita Marta Suplicy. Apesar do turno integral, nenhum deles brilhou no campo acadêmico. "Faltou um projeto pedagógico", diz a especialista Maria Helena Guimarães. "Só um bom colégio, afinal, consegue potencializar os efeitos do período integral." Ultraequipadas para absorver os alunos o dia inteiro, tais escolas são ainda difíceis de manter, já que seus custos fixos chegam a dez vezes os de um colégio comum. Por isso, a grande maioria dos Cieps retrocedeu ao velho modelo do ensino de um turno só, de modo a conseguir, pelo menos, receber mais estudantes. Nesse ponto, o atual programa do Rio leva vantagem. Ele não prevê prédios novos nem grandes instalações. Já está provado que nada disso tem impacto relevante no ensino.
A preocupação em estender o período de aulas, no entanto, deve ser mantida. No mundo inteiro, os brasileiros estão entre os que permanecem menos tempo na escola. Segundo dados da OCDE (organização que reúne os países mais ricos), eles têm cerca de metade das aulas de matemática de um aluno nos Estados Unidos ou na Coreia do Sul. Uma pesquisa do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas chama atenção para os benefícios que um eventual turno de cinco horas (no lugar do de quatro, como é mais comum no Brasil) traria para o ensino. Um exercício matemático com base na própria experiência brasileira mostra que isso, por si só, faria a média das escolas no Ideb - o indicador do Ministério da Educação - subir algo como 16%. É relevante. Qualquer pequeno acréscimo na nota (hoje em 4,2 numa escala de zero a 10) é dificílimo de ser alcançado. Parte-se do pressuposto de que, ao elevar o tempo na sala de aula, também estarão sendo proporcionadas aos estudantes novas oportunidades para que avancem. É o que já está acontecendo em escolas como a Professor Affonso Várzea, encravada no Complexo do Alemão, lugar dos mais violentos no Rio de Janeiro. Ali, numa aula de culinária, crianças de seus 10 anos aprendem a fazer conta multiplicando e reduzindo os ingredientes de uma receita de pizza. Diz Stefany Barreto, aluna da 3ª série do ensino fundamental: "Nunca tive tanta vontade de ir à escola". É um excelente começo.
Edição 2129 / 9 de setembro de 2009
Ao ampliar o turno de escolas encravadas em favelas cariocas,
programa da prefeitura dá nova perspectiva a crianças que
ficavam ociosas e expostas à criminalidade.
Monica Weinberg
Há tempos tornou-se um lugar-comum dizer que, na ausência do estado, o tráfico de drogas se transformou num poder paralelo nas favelas cariocas. Entre os muitos males dessa situação, talvez o mais terrível seja o contínuo aliciamento de crianças para o crime. Pois acaba de ser lançado pela prefeitura do Rio de Janeiro um programa que promete oferecer a essas mesmas crianças novas perspectivas de vida, afastando-as de um cotidiano violento. Nesse programa, a educação é o "poder paralelo". O Escolas do Amanhã abrange 73 favelas, 150 escolas, 108 000 alunos. Um de seus pilares é a adoção do turno integral, que mantém as crianças no colégio por sete horas e meia - quase o dobro do turno normal. Não se trata da primeira iniciativa que amplia a jornada de estudos em escolas brasileiras. Tampouco é a primeira vez que isso ocorre numa favela. Mas o Escolas do Amanhã também se destaca por sua ênfase na qualidade de ensino. Em outras palavras, sua filosofia é a de que não basta manter os alunos dentro dos muros do colégio - é preciso ensiná-los de maneira efetiva. Assim, cursos adicionais como xadrez, música, dança e mecânica serão ministrados nas horas extras - sempre que possível, estabelecendo ligações com o currículo regular. Mais importante, contudo, é o fato de que, no novo turno, os estudantes passarão a receber reforço escolar, emergencial num contexto em que muitos não sabem sequer ler. E ainda serão supervisionados, sempre que necessário, na lição de casa. "Num ambiente tão adverso, todo o esforço é para fazer com que as crianças gostem da escola e não abandonem os estudos - uma tentação permanente", diz a secretária de Educação, Claudia Costin.
Logo de saída, o programa promoveu avanços consideráveis na rotina de crianças como Lorrayne Pereira, 11 anos, e Jennifer Peixoto, 13, ambas moradoras da favela Cidade de Deus. O que elas costumavam fazer no tempo livre? "Via muita televisão", conta Lorrayne. "Ficava perambulando por aí. Quando ouvia barulho de tiro, voltava correndo para casa", completa Jennifer, que passou a preencher seu tempo de forma bem mais produtiva. Sem um adulto por perto, nenhum estímulo para os estudos e sob pressão para ganhar dinheiro, muitas dessas crianças ingressam precocemente no mercado de trabalho, quando não no tráfico de drogas da favela onde moram. Não dá para esperar que um programa desse tipo se encarregue de eliminar problemas tão enraizados na própria pobreza. A experiência mostra, porém, que sempre que se dão a essas crianças alternativas para que façam bom uso do tempo ocioso os índices de evasão escolar despencam. Avalia o economista Claudio de Moura Castro, articulista de VEJA e especialista em educação: "Projetos como esse, implantados em áreas de violência, ajudam a manter as crianças na sala de aula, o que já é um grande mérito".
Mais difícil é fazê-las aprender. Em muitas das escolas brasileiras que adotaram o período integral, o resultado foi pífio. Ocorreu, por exemplo, com os Cieps, espalhados no estado do Rio de Janeiro nas décadas de 80 e 90, e com outras escolas de princípio idêntico, só com nome diferente. Caso dos Ciacs, da era Collor, e dos Ceus, estes plantados mais recentemente em São Paulo pela ex-prefeita Marta Suplicy. Apesar do turno integral, nenhum deles brilhou no campo acadêmico. "Faltou um projeto pedagógico", diz a especialista Maria Helena Guimarães. "Só um bom colégio, afinal, consegue potencializar os efeitos do período integral." Ultraequipadas para absorver os alunos o dia inteiro, tais escolas são ainda difíceis de manter, já que seus custos fixos chegam a dez vezes os de um colégio comum. Por isso, a grande maioria dos Cieps retrocedeu ao velho modelo do ensino de um turno só, de modo a conseguir, pelo menos, receber mais estudantes. Nesse ponto, o atual programa do Rio leva vantagem. Ele não prevê prédios novos nem grandes instalações. Já está provado que nada disso tem impacto relevante no ensino.
A preocupação em estender o período de aulas, no entanto, deve ser mantida. No mundo inteiro, os brasileiros estão entre os que permanecem menos tempo na escola. Segundo dados da OCDE (organização que reúne os países mais ricos), eles têm cerca de metade das aulas de matemática de um aluno nos Estados Unidos ou na Coreia do Sul. Uma pesquisa do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas chama atenção para os benefícios que um eventual turno de cinco horas (no lugar do de quatro, como é mais comum no Brasil) traria para o ensino. Um exercício matemático com base na própria experiência brasileira mostra que isso, por si só, faria a média das escolas no Ideb - o indicador do Ministério da Educação - subir algo como 16%. É relevante. Qualquer pequeno acréscimo na nota (hoje em 4,2 numa escala de zero a 10) é dificílimo de ser alcançado. Parte-se do pressuposto de que, ao elevar o tempo na sala de aula, também estarão sendo proporcionadas aos estudantes novas oportunidades para que avancem. É o que já está acontecendo em escolas como a Professor Affonso Várzea, encravada no Complexo do Alemão, lugar dos mais violentos no Rio de Janeiro. Ali, numa aula de culinária, crianças de seus 10 anos aprendem a fazer conta multiplicando e reduzindo os ingredientes de uma receita de pizza. Diz Stefany Barreto, aluna da 3ª série do ensino fundamental: "Nunca tive tanta vontade de ir à escola". É um excelente começo.
domingo, 23 de agosto de 2009
Diploma sem sair de casa
Legal esta reportagem da Veja sobre Ensino à Distância.
Muita gente no Brasil torce o nariz para os cursos
de graduação a distância – mas eles podem oferecer
ensino de alto nível e atrair para a universidade
quem hoje está de fora.
(Marana Borges e Monica Weinberg)
Os cursos de graduação a distância, aqueles que o aluno faz sem praticamente ir à universidade, estão no centro de uma polêmica. Enquanto proliferam no Brasil – de 40 000 matrículas, em 2002, já contam com 760 000 –, eles suscitam críticas variadas. Na última paralisação da USP, em junho, essa modalidade de ensino, que já se decidiu implantar ali, foi demonizada pelos grevistas. Eles diziam se tratar de uma graduação de "segunda categoria" que acabaria por manchar a reputação da universidade. Essa mesma ideia justificou as sucessivas negativas dadas por governos ao pleito das faculdades para regulamentar a graduação a distância no país. Na década de 80, ela chegou a ser referida em rodas de Ph.Ds. pelo pejorativo apelido de "supletivo de smoking". Parte da desconfiança em relação a tais cursos vem do próprio mercado. "É necessário mais tempo para que as grandes empresas entendam que esse diploma vale tanto quanto o outro", avalia Sofia Esteves, que faz recrutamento de estagiários e trainees. A discussão passa ao largo dos fatos. No mundo inteiro, os cursos universitários a distância funcionam muito bem. No Brasil, os primeiros resultados sobre eles indicam o mesmo. "Existe no país uma sacralização da sala de aula, o que remete às primeiras escolas do século XIX", diz Maria Inês Fini, doutora em educação. "É um apego a uma concepção de ensino que não tem mais lugar, especialmente no mundo pós-internet."
O ensino a distância surgiu no Brasil no início do século passado e, durante décadas, foi sinônimo de curso por correspondência. Os alunos liam as apostilas em casa. Enviavam e recebiam suas dúvidas e seus exames pelo correio. Certo avanço se viu nos anos 70, quando à velha fórmula se somaram aulas transmitidas na televisão – caso do tradicional Telecurso. Tudo isso, no entanto, guarda apenas uma remota semelhança com o fenômeno atual. Primeiro, porque, até 1996, nem sequer havia uma legislação no país que reconhecesse cursos a distância de nível superior. Outra mudança decisiva diz respeito à consolidação da internet, com a perspectiva de tornar tais aulas mais interativas e atraentes. "A participação dos alunos no ambiente virtual é muito maior do que na sala de aula", observa João Vianney, diretor do ensino on-line da Unisul, universidade particular de Santa Catarina e uma das pioneiras na modalidade. Além dos populares fóruns e chats, alguns dos recursos da internet usados nessas aulas ampliam, e muito, as possibilidades de um estudante universitário. Por exemplo, permitindo que os alunos de administração da Unisul simulem as atividades da bolsa de valores ou que os da Fundação Getulio Vargas executem extensos trabalhos em rede. É o que faz o engenheiro Alexandre Bittar, 38 anos, que, tarde da noite, costuma estar em casa às voltas com uma atividade pouco usual: ele ora tira dúvidas com um professor, ora debate com os colegas de classe – tudo na internet. "Foi o que tornou viável estudar um assunto que já me fazia falta no trabalho", diz Alexandre, matriculado na graduação em processos gerenciais da FGV. A lei exige das faculdades que contem com pelo menos um tutor por curso: alguém de plantão encarregado de dar a supervisão necessária. Na FGV, eles chegam até a entrar na rede para comentar os exercícios feitos e monitorar o número de vezes que cada aluno acessou o site (veja o quadro).
Os cursos mencionados acima representam o suprassumo do ensino on-line no Brasil. É claro que também existem arapucas. O MEC compôs uma lista negra com 2 000 unidades de onze universidades que terão de se adequar aos padrões do bom ensino on-line. Se não melhorarem, terão de fechar. É o que se vê numa das filiais da Universidade Metropolitana de Santos, em Taboão da Serra, em São Paulo. Lá, a secretaria informa que, para falar com um tutor, é preciso marcar hora uma semana antes. Apesar de oferecer cursos de biologia e física, não há na sobreloja em que a faculdade está instalada nenhum sinal de laboratório, tampouco de biblioteca – equipamentos básicos. "Fico limitada ao que colocam na internet", queixa-se a aluna de geo-grafia Maria Alice Oliveira.
Na média, contudo, a graduação on-line já alcança notas ligeiramente melhores do que as dos cursos tradicionais, de acordo com o MEC. É verdade que a média – 47,5 numa escala de zero a 100 – não é exatamente alta, mas sua vantagem talvez seja um indicativo de algo para que os especialistas vêm chamando atenção. "Quando há mais autonomia, o estudo tende a ser mais focado, intenso e eficiente", diz João Vianney, que pesquisou o assunto. Além disso, o ensino a distância requer um plano de aulas muito bem estruturado, o que falta à maioria das faculdades. O melhor exemplo de como o modelo funciona, se bem aplicado, vem da Open University, que surgiu na Inglaterra em 1969 e só oferece cursos a distância. Nos rankings, já ombreia com as melhores universidades do país, como Oxford e Cambridge. O que falta a 90% das instituições brasileiras é aprender a explorar adequadamente as potencialidades da internet. Ela é acessada, na maioria das vezes, apenas para a leitura de textos, enquanto a interação entre professores e alunos se dá, basicamente, nas ocasiões em que os estudantes vão à faculdade, em média uma vez por semana. No lugar do contato em tempo real, proporcionado pela rede, nesses casos eles assistem, in loco, às chamadas teleaulas, gravadas e transmitidas na televisão. Perguntas são feitas depois, em geral por e-mail.
A discussão sobre usar ou não a internet no ensino tornou-se ultrapassada, uma vez que ela já se provou uma ferramenta útil em todos os níveis de ensino. Em países como Coreia do Sul e Japão, por exemplo, alunos de diferentes escolas fazem trabalhos colaborativos na rede – sistema que reproduz, em menor escala, o que se passa entre os grandes centros de pesquisa do mundo. O efeito positivo se vê nas notas. Existe um consenso de que, quanto mais velho o aluno, melhores suas condições de chegar a respostas e avançar por si mesmo, daí os bons resultados da graduação a distância. Ainda que nem sempre ofereçam toda a grade de matérias on-line – especialmente em cursos que requerem mais experiências práticas, como medicina ou biologia –, algumas das melhores universidades do mundo já começam a dar aos alunos a opção de fazer parte das disciplinas a distância.
A tendência é que isso se repita no Brasil. Em cinco anos, a previsão é que esses estudantes representem um terço do total, proporção semelhante à dos países mais ricos da OCDE. Parece realista. Hoje, 80% dos jovens brasileiros ainda estão fora da universidade. "Com mensalidades até 50% mais baixas e flexibilidade de horário, esses cursos serão o único caminho para muita gente voltar para a sala de aula", conclui o especialista Ryon Braga. É por meio do ensino a distância que as universidades públicas pretendem ampliar o número de vagas e os grandes grupos privados planejam expandir seus negócios. Para os que estão esparramados pelo país inteiro, compensa. Não apenas porque fazem uso de prédios em que já estão instalados como por atraírem alunos sem investir tanto em marketing, uma vez que contam com um nome consolidado. Os que conseguirem oferecer ensino de alto nível estarão dando chance para que jovens hoje fora da universidade tenham, enfim, um bom diploma.
Com reportagem de Nathália Butti
Muita gente no Brasil torce o nariz para os cursos
de graduação a distância – mas eles podem oferecer
ensino de alto nível e atrair para a universidade
quem hoje está de fora.
(Marana Borges e Monica Weinberg)
Os cursos de graduação a distância, aqueles que o aluno faz sem praticamente ir à universidade, estão no centro de uma polêmica. Enquanto proliferam no Brasil – de 40 000 matrículas, em 2002, já contam com 760 000 –, eles suscitam críticas variadas. Na última paralisação da USP, em junho, essa modalidade de ensino, que já se decidiu implantar ali, foi demonizada pelos grevistas. Eles diziam se tratar de uma graduação de "segunda categoria" que acabaria por manchar a reputação da universidade. Essa mesma ideia justificou as sucessivas negativas dadas por governos ao pleito das faculdades para regulamentar a graduação a distância no país. Na década de 80, ela chegou a ser referida em rodas de Ph.Ds. pelo pejorativo apelido de "supletivo de smoking". Parte da desconfiança em relação a tais cursos vem do próprio mercado. "É necessário mais tempo para que as grandes empresas entendam que esse diploma vale tanto quanto o outro", avalia Sofia Esteves, que faz recrutamento de estagiários e trainees. A discussão passa ao largo dos fatos. No mundo inteiro, os cursos universitários a distância funcionam muito bem. No Brasil, os primeiros resultados sobre eles indicam o mesmo. "Existe no país uma sacralização da sala de aula, o que remete às primeiras escolas do século XIX", diz Maria Inês Fini, doutora em educação. "É um apego a uma concepção de ensino que não tem mais lugar, especialmente no mundo pós-internet."
O ensino a distância surgiu no Brasil no início do século passado e, durante décadas, foi sinônimo de curso por correspondência. Os alunos liam as apostilas em casa. Enviavam e recebiam suas dúvidas e seus exames pelo correio. Certo avanço se viu nos anos 70, quando à velha fórmula se somaram aulas transmitidas na televisão – caso do tradicional Telecurso. Tudo isso, no entanto, guarda apenas uma remota semelhança com o fenômeno atual. Primeiro, porque, até 1996, nem sequer havia uma legislação no país que reconhecesse cursos a distância de nível superior. Outra mudança decisiva diz respeito à consolidação da internet, com a perspectiva de tornar tais aulas mais interativas e atraentes. "A participação dos alunos no ambiente virtual é muito maior do que na sala de aula", observa João Vianney, diretor do ensino on-line da Unisul, universidade particular de Santa Catarina e uma das pioneiras na modalidade. Além dos populares fóruns e chats, alguns dos recursos da internet usados nessas aulas ampliam, e muito, as possibilidades de um estudante universitário. Por exemplo, permitindo que os alunos de administração da Unisul simulem as atividades da bolsa de valores ou que os da Fundação Getulio Vargas executem extensos trabalhos em rede. É o que faz o engenheiro Alexandre Bittar, 38 anos, que, tarde da noite, costuma estar em casa às voltas com uma atividade pouco usual: ele ora tira dúvidas com um professor, ora debate com os colegas de classe – tudo na internet. "Foi o que tornou viável estudar um assunto que já me fazia falta no trabalho", diz Alexandre, matriculado na graduação em processos gerenciais da FGV. A lei exige das faculdades que contem com pelo menos um tutor por curso: alguém de plantão encarregado de dar a supervisão necessária. Na FGV, eles chegam até a entrar na rede para comentar os exercícios feitos e monitorar o número de vezes que cada aluno acessou o site (veja o quadro).
Os cursos mencionados acima representam o suprassumo do ensino on-line no Brasil. É claro que também existem arapucas. O MEC compôs uma lista negra com 2 000 unidades de onze universidades que terão de se adequar aos padrões do bom ensino on-line. Se não melhorarem, terão de fechar. É o que se vê numa das filiais da Universidade Metropolitana de Santos, em Taboão da Serra, em São Paulo. Lá, a secretaria informa que, para falar com um tutor, é preciso marcar hora uma semana antes. Apesar de oferecer cursos de biologia e física, não há na sobreloja em que a faculdade está instalada nenhum sinal de laboratório, tampouco de biblioteca – equipamentos básicos. "Fico limitada ao que colocam na internet", queixa-se a aluna de geo-grafia Maria Alice Oliveira.
Na média, contudo, a graduação on-line já alcança notas ligeiramente melhores do que as dos cursos tradicionais, de acordo com o MEC. É verdade que a média – 47,5 numa escala de zero a 100 – não é exatamente alta, mas sua vantagem talvez seja um indicativo de algo para que os especialistas vêm chamando atenção. "Quando há mais autonomia, o estudo tende a ser mais focado, intenso e eficiente", diz João Vianney, que pesquisou o assunto. Além disso, o ensino a distância requer um plano de aulas muito bem estruturado, o que falta à maioria das faculdades. O melhor exemplo de como o modelo funciona, se bem aplicado, vem da Open University, que surgiu na Inglaterra em 1969 e só oferece cursos a distância. Nos rankings, já ombreia com as melhores universidades do país, como Oxford e Cambridge. O que falta a 90% das instituições brasileiras é aprender a explorar adequadamente as potencialidades da internet. Ela é acessada, na maioria das vezes, apenas para a leitura de textos, enquanto a interação entre professores e alunos se dá, basicamente, nas ocasiões em que os estudantes vão à faculdade, em média uma vez por semana. No lugar do contato em tempo real, proporcionado pela rede, nesses casos eles assistem, in loco, às chamadas teleaulas, gravadas e transmitidas na televisão. Perguntas são feitas depois, em geral por e-mail.
A discussão sobre usar ou não a internet no ensino tornou-se ultrapassada, uma vez que ela já se provou uma ferramenta útil em todos os níveis de ensino. Em países como Coreia do Sul e Japão, por exemplo, alunos de diferentes escolas fazem trabalhos colaborativos na rede – sistema que reproduz, em menor escala, o que se passa entre os grandes centros de pesquisa do mundo. O efeito positivo se vê nas notas. Existe um consenso de que, quanto mais velho o aluno, melhores suas condições de chegar a respostas e avançar por si mesmo, daí os bons resultados da graduação a distância. Ainda que nem sempre ofereçam toda a grade de matérias on-line – especialmente em cursos que requerem mais experiências práticas, como medicina ou biologia –, algumas das melhores universidades do mundo já começam a dar aos alunos a opção de fazer parte das disciplinas a distância.
A tendência é que isso se repita no Brasil. Em cinco anos, a previsão é que esses estudantes representem um terço do total, proporção semelhante à dos países mais ricos da OCDE. Parece realista. Hoje, 80% dos jovens brasileiros ainda estão fora da universidade. "Com mensalidades até 50% mais baixas e flexibilidade de horário, esses cursos serão o único caminho para muita gente voltar para a sala de aula", conclui o especialista Ryon Braga. É por meio do ensino a distância que as universidades públicas pretendem ampliar o número de vagas e os grandes grupos privados planejam expandir seus negócios. Para os que estão esparramados pelo país inteiro, compensa. Não apenas porque fazem uso de prédios em que já estão instalados como por atraírem alunos sem investir tanto em marketing, uma vez que contam com um nome consolidado. Os que conseguirem oferecer ensino de alto nível estarão dando chance para que jovens hoje fora da universidade tenham, enfim, um bom diploma.
Com reportagem de Nathália Butti
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
CCJ aprova turno de 8 horas no ensino fundamental
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/08/20/ult4528u788.jhtm
20/08/2009 - 10h54
Uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que torna obrigatório o ensino fundamental integral de oito horas foi aprovada ontem pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. A proposta vai para uma comissão especial antes de ser levada ao plenário da Câmara.
A PEC, apresentada pelo deputado Felipe Maia (DEM-RN), não dá prazo ou fonte de recursos para financiar a ampliação do ensino integral para a rede de ensino fundamental. Apenas determina sua obrigatoriedade após a aprovação da mudança constitucional. "Isso fica para uma futura regulamentação. Não cabe à Constituição a previsão de prazos ou fonte de recursos", alegou o deputado.
Atualmente, 406.964 alunos de ensino fundamental no País estudam em escolas em turno integral, o que representa 1,3% do total. Tornar todas as escolas em tempo integral faz parte dos planos do MEC (Ministério da Educação), mas em um ritmo muito mais lento do que pretende o deputado. Segundo o ministro Fernando Haddad, o MEC tem em seu orçamento deste ano recursos para apoiar 4,4 mil escolas que terão turno integral. Em 2008 foram 1,4 mil; em 2010, serão 10 mil.
Além disso, no Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), um estudante matriculado em turno integral vale, para o Estado ou município, 25% a mais no repasse de recursos. "O Brasil tem que caminhar nessa direção", defende Haddad. "Mas seria melhor se houvesse um prazo e uma fonte de recursos para financiar essa mudança." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
20/08/2009 - 10h54
Uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que torna obrigatório o ensino fundamental integral de oito horas foi aprovada ontem pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados. A proposta vai para uma comissão especial antes de ser levada ao plenário da Câmara.
A PEC, apresentada pelo deputado Felipe Maia (DEM-RN), não dá prazo ou fonte de recursos para financiar a ampliação do ensino integral para a rede de ensino fundamental. Apenas determina sua obrigatoriedade após a aprovação da mudança constitucional. "Isso fica para uma futura regulamentação. Não cabe à Constituição a previsão de prazos ou fonte de recursos", alegou o deputado.
Atualmente, 406.964 alunos de ensino fundamental no País estudam em escolas em turno integral, o que representa 1,3% do total. Tornar todas as escolas em tempo integral faz parte dos planos do MEC (Ministério da Educação), mas em um ritmo muito mais lento do que pretende o deputado. Segundo o ministro Fernando Haddad, o MEC tem em seu orçamento deste ano recursos para apoiar 4,4 mil escolas que terão turno integral. Em 2008 foram 1,4 mil; em 2010, serão 10 mil.
Além disso, no Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), um estudante matriculado em turno integral vale, para o Estado ou município, 25% a mais no repasse de recursos. "O Brasil tem que caminhar nessa direção", defende Haddad. "Mas seria melhor se houvesse um prazo e uma fonte de recursos para financiar essa mudança." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Geografia - Qual é a diferença entre Inglaterra, Grã-Bretanha e Reino Unido?
Edição 214 | 08/2008 - Nova Escola
Uma explicação bem clara.
Marina Sotelo, Recife, PE
Ilustração: Cássio Bittencourt
A Grã-Bretanha é uma ilha da Europa que abriga a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. O Reino Unido é um agrupamento político que congrega os países da Grã-Bretanha mais a Irlanda do Norte. As relações entre Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte com o Reino Unido são semelhantes às que definem os governos federalistas: há um poder soberano central e autonomia relativa nas unidades constituintes. Já a Escócia tem um autogoverno limitado, submetido ao Parlamento britânico.
Consultoria Reginaldo Nasser, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Uma explicação bem clara.
Marina Sotelo, Recife, PE
Ilustração: Cássio Bittencourt
A Grã-Bretanha é uma ilha da Europa que abriga a Inglaterra, a Escócia e o País de Gales. O Reino Unido é um agrupamento político que congrega os países da Grã-Bretanha mais a Irlanda do Norte. As relações entre Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte com o Reino Unido são semelhantes às que definem os governos federalistas: há um poder soberano central e autonomia relativa nas unidades constituintes. Já a Escócia tem um autogoverno limitado, submetido ao Parlamento britânico.
Consultoria Reginaldo Nasser, coordenador do curso de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Internet: amiga ou inimiga da educação?
Este é um assunto que muitas vezes nós, educadores, estamos debatendo e procurando respostas, meios de como fazê-lo, orientações e capacitação. Foi retirado do site http://olhardigital.uol.com.br. Tem várias informações interessantes do mundo digital lá.
Quinta-feira, 16 de julho de 2009 às 13h30
* Eduardo Shinyashiki
A internet, muitas vezes, é vista como inimiga da educação. Retratada como um ambiente descontrolado onde sobra material pornográfico, inutilidades várias e artigos de cultura inútil. Mas alguns profissionais, atualizados com as evoluções no mundo da comunicação e da web, enxergam esse mundo possível com outro olhar: nessa terra sem lei, sobram oportunidades, mesmo que anárquicas, de conhecimento, ferramentas usáveis na sala de aula e fora dela, úteis na hora de manter o aprendizado dos alunos em momentos de diversão e descontração.
A Wikipédia é um dos exemplos mais claros de como o digital pode favorecer o conhecimento e o desenvolvimento intelectual. Com 7,5 milhões de artigos, o site colaborativo pode ser alterado por qualquer um e se apresenta como uma poderosa ferramenta educacional. O site possui vários portais de conteúdo educativo com materiais de Arte, História, Matemática e Filosofia.
Mas é importante deixar claro que a internet só é fonte de conhecimento quando o usuário procura por esse conhecimento. Caso contrário, a criança ou o jovem desviarão de todo e qualquer conteúdo interessante e atingirão materiais que não agregarão a sua formação.
É nesse momento que o educador entra em cena. Mostrando caminhos, abrindo trilhas pelas teias de informação e mostrando o alvo certo ao aluno. A escola deve ultrapassar as cadeiras tradicionais e invadir o espaço eletrônico, ensinando o aluno a utilizar com consciência o mundo de possibilidades que é a internet. Não podemos esperar que uma criança de nove anos prefira o site da TV Escola aos jogos do Cartoon Network, é função de pais e educadores mostrar que sites educativos podem ser interessantes e divertidos.
Quanto aos adolescentes, muito do que eles sabem sobre a internet foi aprendido de forma autodidata, e muito desse aprendizado não foca na qualidade, mas na facilidade. Um exemplo claro é o número de trabalhos feitos na base do “copia e cola”. Esse mau hábito pede por reeducação, conscientização dos jovens, no sentido de que o aprendizado acontece superficialmente com um método no qual uma pesquisa acontece apenas com o clique do mouse, e não com o bater do teclado e o giro do pensamento.
Cabe a pais e educadores, a partir das informações aqui contidas e em outros inúmeros artigos sobre internet e aprendizado, decidirem como usar essa poderosa ferramenta, a favor ou contra, amiga ou inimiga da educação e do desenvolvimento intelectual de seus filhos e alunos.
Eduardo Shinyashiki é consultor, palestrante e diretor da Sociedade Cre Ser. Autor do livro Viva Como Você quer Viver, da Editora Gente. Para mais informações, acesse www.edushin.com.br.
Quinta-feira, 16 de julho de 2009 às 13h30
* Eduardo Shinyashiki
A internet, muitas vezes, é vista como inimiga da educação. Retratada como um ambiente descontrolado onde sobra material pornográfico, inutilidades várias e artigos de cultura inútil. Mas alguns profissionais, atualizados com as evoluções no mundo da comunicação e da web, enxergam esse mundo possível com outro olhar: nessa terra sem lei, sobram oportunidades, mesmo que anárquicas, de conhecimento, ferramentas usáveis na sala de aula e fora dela, úteis na hora de manter o aprendizado dos alunos em momentos de diversão e descontração.
A Wikipédia é um dos exemplos mais claros de como o digital pode favorecer o conhecimento e o desenvolvimento intelectual. Com 7,5 milhões de artigos, o site colaborativo pode ser alterado por qualquer um e se apresenta como uma poderosa ferramenta educacional. O site possui vários portais de conteúdo educativo com materiais de Arte, História, Matemática e Filosofia.
Mas é importante deixar claro que a internet só é fonte de conhecimento quando o usuário procura por esse conhecimento. Caso contrário, a criança ou o jovem desviarão de todo e qualquer conteúdo interessante e atingirão materiais que não agregarão a sua formação.
É nesse momento que o educador entra em cena. Mostrando caminhos, abrindo trilhas pelas teias de informação e mostrando o alvo certo ao aluno. A escola deve ultrapassar as cadeiras tradicionais e invadir o espaço eletrônico, ensinando o aluno a utilizar com consciência o mundo de possibilidades que é a internet. Não podemos esperar que uma criança de nove anos prefira o site da TV Escola aos jogos do Cartoon Network, é função de pais e educadores mostrar que sites educativos podem ser interessantes e divertidos.
Quanto aos adolescentes, muito do que eles sabem sobre a internet foi aprendido de forma autodidata, e muito desse aprendizado não foca na qualidade, mas na facilidade. Um exemplo claro é o número de trabalhos feitos na base do “copia e cola”. Esse mau hábito pede por reeducação, conscientização dos jovens, no sentido de que o aprendizado acontece superficialmente com um método no qual uma pesquisa acontece apenas com o clique do mouse, e não com o bater do teclado e o giro do pensamento.
Cabe a pais e educadores, a partir das informações aqui contidas e em outros inúmeros artigos sobre internet e aprendizado, decidirem como usar essa poderosa ferramenta, a favor ou contra, amiga ou inimiga da educação e do desenvolvimento intelectual de seus filhos e alunos.
Eduardo Shinyashiki é consultor, palestrante e diretor da Sociedade Cre Ser. Autor do livro Viva Como Você quer Viver, da Editora Gente. Para mais informações, acesse www.edushin.com.br.
Qual é a diferença entre açúcar e adoçante?
Para continuar com o informativo sobre adoçantes, segue aí um material retirado da Revista Nova Escola.
Julho de 2009
Enquanto cada grama de açúcar possui 4 kcal, no adoçante essa quantidade é quase nula
Quando se toma um suco ou um cafezinho, muita gente ainda titubeia na hora de escolher entre o açúcar e o adoçante. Afinal, qual é a diferença entre eles? O açúcar que se consome como alimento é produzido comercialmente a partir da cana-de-açúcar ou da beterraba. Essencialmente, ele é um carboidrato, nutriente responsável por fornecer energia para o corpo. "É um tipo de carboidrato absorvido rapidamente pelo organismo", diz Viviane Vieira, nutricionista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Já o adoçante, ela explica, "são produzidos artificialmente a partir de diversas matérias-primas, como aminoácidos, produtos sintéticos e derivados da cana, fornecendo poucas calorias ou nenhuma".
Essa diferença na quantidade de calorias é a característica mais importante quando se compara o açúcar ao adoçante. "Cada grama de açúcar fornece 4 kcal, enquanto no adoçante essa quantidade é reduzidíssima". É por essa razão que as pessoas que desejam emagrecer ou que precisam restringir o açúcar na dieta, como os diabéticos, acabam optando pelo adoçante. "O açúcar pode ser, por outro lado, a melhor opção para aqueles que querem aumentar o peso ou para crianças, que não devem ter a dieta com substâncias artificiais. De qualquer forma, tanto para um quanto para outro, existe uma quantidade recomendada e o excesso de ambos pode trazer prejuízos para a saúde", aleta Viviane. Ela explica que existe uma legislação que orienta a quantidade segura de consumo de cada tipo de adoçante (aspartame, ciclamato, sacarina, estévia, sucralose). "Dentro desse limite, não há riscos comprovados à saúde", diz a nutricionista. Mas ressalta que, para algumas pessoas, como crianças e gestantes, esse consumo deve ser mais controlado.
sábado, 11 de julho de 2009
Objetivos da EJA
Segue abaixo uma reportagem da Revista Nova Escola, que ajuda a ampliar nossos conceitos e conhecimenos sobre a EJA.
Edição 223 | Junho 2009
"A EJA tem agora objetivos maiores que a alfabetização"
Para o especialista inglês, é desafio da modalidade de ensino preparar para o mercado de trabalho e um mundo em transformação
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho - o que ganha destaque nestes tempos de crise econômica. "Hoje sabemos do valor da aprendizagem contínua em todas as fases da vida, e não somente durante a infância e a juventude", afirma o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor na área e especialista em Educação da representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.
Diretor do Departamento de EJA do Ministério da Educação (MEC) de 2004 a 2007, Ireland foi o responsável pela coordenação da sexta edição da Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), o mais importante encontro do mundo na área, que ocorre apenas a cada 12 anos. Sediado em Belém do Pará entre os dias 19 e 22 de maio, o evento foi realizado pela primeira vez na América Latina. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA antes do início da conferência, Ireland apresenta um panorama de sua área e fala das principais questões que preocupam os estudiosos e dos desafios ainda a vencer.
Quando o assunto é EJA, se pensa em primeiro lugar na alfabetização. Essa é a função principal dela?
TIMOTHY IRELAND A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A Unesco trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos têm direito à Educação.
O que gerou tantas transformações nessa modalidade de ensino?
IRELAND Isso ocorreu porque a Educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida.
O que essa aprendizagem contínua contempla?
IRELAND O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão. Um médico, um engenheiro, um físico, todos os profissionais precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessário. É comum o trabalhador ter de aprender um novo ofício para se inserir no mercado. Na social (que é a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. Além dessas, há outra dimensão de aprendizagem muito pertinente neste momento: a relação das pessoas com o meio ambiente. Todos nós temos a necessidade de nos reeducarmos no que se refere a essa questão. Precisamos praticar novos paradigmas de sustentabilidade e novos hábitos de consumo.
Qual a importância dos programas de alfabetização de adultos no Brasil?
IRELAND Existe uma vontade política muito forte de reduzir as estatísticas de analfabetismo. Para um país que pretende ser uma potência mundial, ter um número significativo de pessoas que não sabem ler e escrever é um ruído na imagem. Também é essencial lembrar que esse é um dos indicadores usados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedagógico, a alfabetização representa o alicerce do processo de Educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo.
Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetização tem se ampliado?
IRELAND De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetização é a habilidade para identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos. Dessa forma, o essencial é compreender que ela não é mais entendida apenas como o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Para uma pessoa realmente possuir essas habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.
Quais são os países mais bem-sucedidos na EJA hoje?
IRELAND Existem alguns com uma forte tradição nessa área, como Inglaterra, França e Itália, que têm introduzido na legislação o conceito de Educação ao longo da vida. Em geral, os europeus reconhecem o papel da EJA para o futuro social e econômico. Entre as nações emergentes, também há bons exemplos. Um deles é a Coreia do Sul, que estabeleceu dois planos nacionais de cinco anos para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida. Outro é a China. Na América Latina, Cuba tem investido em Educação para todos e com qualidade. Prever verbas para a EJA é crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Segundo dados da Unesco referentes à América do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil só não é pior que a do Peru. Por que estamos tão mal?
IRELAND Eu apontaria três fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha contribuído para que a Educação não fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia não ser necessário investir nas pessoas. O segundo é que, obviamente, oferecer ensino em um país do tamanho do Brasil é muito mais difícil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que não exista uma valorização da Educação. Só recentemente os governantes começaram a entendê-la como essencial para o desenvolvimento sustentável. Durante muito tempo, ela não tinha valor social nem para o próprio povo.
Houve avanços nos últimos tempos?
IRELAND Um esforço muito maior tem sido feito recentemente, com investimentos nessa área. O fato de a EJA ter sido incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi fundamental para garantir uma fonte estável de recursos. Antigamente, se escolhia uma fase da Educação como foco, mas o governo atual tem uma visão sistêmica do setor e defende o investimento em todos os níveis de ensino.
O que falta para que o Brasil tenha menos demanda para a EJA?
IRELAND Há um problema sério. Muitos jovens que saem da escola semianalfabetos se matriculam na EJA. Eles não deveriam migrar para essa modalidade por falta de qualidade na escola regular. Para que um nível não gere demandas desnecessárias para outro e como forma de garantir continuidade nos estudos aos que aprendem a ler e escrever, é necessário estabelecer um projeto de políticas de alfabetização articulado com outros níveis de ensino. Aliado a isso, é necessário também investir mais na profissionalização dos educadores.
Os professores não estão bem preparados para educar jovens e adultos?
IRELAND Obviamente existem os que são muitos bons. Na maioria dos casos, os educadores desse público são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.
Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade mostram que a evasão no Ensino Fundamental na EJA chega a 20%. Como evitar isso?
IRELAND Há diversas variáveis interferindo nesse processo. Muitas vezes, o estudante não deixa voluntariamente a escola. Faz isso por causa da família ou do trabalho. Também existe a questão da qualidade do curso oferecido. Falta pensar a EJA com base nas demandas de aprendizagem dessa clientela específica. É importante reconhecer que a maioria dos estudantes que procuram concluir a Educação formal também carece de qualificação profissional e, por isso, deve-se articular a formação deles com a Educação continuada.
Como isso pode ser feito?
IRELAND Há duas iniciativas do governo que representam um grande avanço na área: o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Além dessa relação com o mundo do trabalho, há outras a promover?
IRELAND Sem dúvida. O MEC tem um papel importante de coordenar políticas que busquem a interface com outros setores. Já há relações fortes com a comunicação e a saúde. Pesquisas mostram claramente que mulheres com maior escolaridade cuidam melhor do bem-estar dos filhos. Há outros pontos que permeiam os dois campos. Os ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, se articularam para providenciar exames de vista e óculos para os que estão matriculados no programa Brasil Alfabetizado. Isso já ocorria com crianças, mas o reconhecimento de que o problema também afeta os mais velhos é muito bom.
O que mudou na área desde a última Confintea, em Hamburgo? As metas estabelecidas foram cumpridas?
IRELAND Na edição de 1997, abriu-se muito o leque de responsabilidades a que a EJA tinha de atender. Além de contribuir para o desenvolvimento de cada ser humano, ela tinha de contemplar a questão do mundo do trabalho e até a paz mundial. Foram criadas demandas além de sua própria capacidade. No período imediatamente posterior à reunião, houve muito otimismo. Achava-se que os compromissos iriam se reverter em novos investimentos e esforços por parte dos governos. Mas isso não se deu. Quando se fala da avaliação da Confintea de Hamburgo, hoje o que sobressai é passar da retórica para a ação.
Quais são, então, os desafios atuais?
IRELAND Atender a expectativas criadas em Hamburgo e também contemplar a crise financeira e econômica, que resultou na recessão global. Não há como negar que a EJA tem demandas próprias. É impossível desenvolver programas de qualidade sem que os recursos estejam garantidos. Normalmente, nas escolas são improvisados o local para essas aulas, os materiais utilizados e os educadores. Pra resolver isso, a profissionalização do corpo docente e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem são fundamentais. Em termos de gestão, é essencial implementar políticas de forma mais efetiva, transparente, eficaz e responsável, envolvendo na decisão representantes dos segmentos que participam da EJA - como a sociedade civil.
Criar políticas é papel da Confintea?
IRELAND Em geral, a conferência estabelece linhas ou orientações políticas, mas é necessário que ela crie mecanismos para avaliar o que está sendo feito.
Edição 223 | Junho 2009
"A EJA tem agora objetivos maiores que a alfabetização"
Para o especialista inglês, é desafio da modalidade de ensino preparar para o mercado de trabalho e um mundo em transformação
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) ainda é vista por muitos como uma forma de alfabetizar quem não teve oportunidade de estudar na infância ou aqueles que por algum motivo tiveram de abandonar a escola. Felizmente, o conceito vem mudando e, entre os grandes desafios desse tipo de ensino, agora se inclui também a preparação dos alunos para o mercado de trabalho - o que ganha destaque nestes tempos de crise econômica. "Hoje sabemos do valor da aprendizagem contínua em todas as fases da vida, e não somente durante a infância e a juventude", afirma o inglês Timothy Ireland, mestre e doutor na área e especialista em Educação da representação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil.
Diretor do Departamento de EJA do Ministério da Educação (MEC) de 2004 a 2007, Ireland foi o responsável pela coordenação da sexta edição da Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea), o mais importante encontro do mundo na área, que ocorre apenas a cada 12 anos. Sediado em Belém do Pará entre os dias 19 e 22 de maio, o evento foi realizado pela primeira vez na América Latina. Nesta entrevista, concedida à NOVA ESCOLA antes do início da conferência, Ireland apresenta um panorama de sua área e fala das principais questões que preocupam os estudiosos e dos desafios ainda a vencer.
Quando o assunto é EJA, se pensa em primeiro lugar na alfabetização. Essa é a função principal dela?
TIMOTHY IRELAND A alfabetização é uma parte fundamental, mas não é a única. No Brasil, a EJA tem sido associada à escolaridade compensatória para pessoas que não conseguiram ir para a escola quando crianças, o que é um erro. A Unesco trabalha com o conceito dos quatro pilares, surgido do desafio apresentado por um mundo em rápida transformação: precisamos aprender a ser, a viver juntos, a fazer e a conhecer. Também há o desafio da participação, da inclusão e da equidade: como colocar em prática o conceito da inclusão, que prevê o atendimento das demandas de aprendizagem da vasta diversidade de grupos. O Brasil tem segmentos com características bem definidas, como os povos indígenas, as comunidades quilombolas, as pessoas mais velhas. Todos têm direito à Educação.
O que gerou tantas transformações nessa modalidade de ensino?
IRELAND Isso ocorreu porque a Educação tem de acompanhar as mudanças que estão acontecendo e interagir com elas. O processo educativo, idealmente, começa na infância e termina somente na velhice. Dessa forma, a EJA tem de ser vista numa perspectiva mais ampla, dentro do conceito de Educação e aprendizagem que ocorre ao longo da vida.
O que essa aprendizagem contínua contempla?
IRELAND O processo tem três dimensões: a individual, a profissional e a social. A primeira considera a pessoa como um ser incompleto, que tem a capacidade de buscar seu potencial pleno e se desenvolver, aprendendo sobre si mesmo e sobre o mundo. Na profissional, está incluída a necessidade de todas as pessoas se atualizarem em sua profissão. Um médico, um engenheiro, um físico, todos os profissionais precisam se requalificar. Em momentos de crise, como o atual, isso fica ainda mais necessário. É comum o trabalhador ter de aprender um novo ofício para se inserir no mercado. Na social (que é a capacidade de viver em grupo), um cidadão, para ser ativo e participativo, necessita ter acesso a informações e saber avaliar criticamente o que acontece. Além dessas, há outra dimensão de aprendizagem muito pertinente neste momento: a relação das pessoas com o meio ambiente. Todos nós temos a necessidade de nos reeducarmos no que se refere a essa questão. Precisamos praticar novos paradigmas de sustentabilidade e novos hábitos de consumo.
Qual a importância dos programas de alfabetização de adultos no Brasil?
IRELAND Existe uma vontade política muito forte de reduzir as estatísticas de analfabetismo. Para um país que pretende ser uma potência mundial, ter um número significativo de pessoas que não sabem ler e escrever é um ruído na imagem. Também é essencial lembrar que esse é um dos indicadores usados para calcular o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por fim, no campo pedagógico, a alfabetização representa o alicerce do processo de Educação, o portal pelo qual é necessário passar para poder continuar aprendendo.
Como adequar esses programas a um mundo em que o conceito de alfabetização tem se ampliado?
IRELAND De acordo com o conceito da Unesco, a alfabetização é a habilidade para identificar, entender, interpretar, criar, calcular e se comunicar mediante o uso de materiais escritos vinculados a diferentes contextos. Dessa forma, o essencial é compreender que ela não é mais entendida apenas como o domínio básico da leitura, da escrita e das operações matemáticas. Para uma pessoa realmente possuir essas habilidades, ela tem de concluir pelo menos o Ensino Fundamental.
Quais são os países mais bem-sucedidos na EJA hoje?
IRELAND Existem alguns com uma forte tradição nessa área, como Inglaterra, França e Itália, que têm introduzido na legislação o conceito de Educação ao longo da vida. Em geral, os europeus reconhecem o papel da EJA para o futuro social e econômico. Entre as nações emergentes, também há bons exemplos. Um deles é a Coreia do Sul, que estabeleceu dois planos nacionais de cinco anos para o desenvolvimento da aprendizagem ao longo da vida. Outro é a China. Na América Latina, Cuba tem investido em Educação para todos e com qualidade. Prever verbas para a EJA é crucial para o desenvolvimento de qualquer nação.
Segundo dados da Unesco referentes à América do Sul, a taxa de analfabetismo no Brasil só não é pior que a do Peru. Por que estamos tão mal?
IRELAND Eu apontaria três fatores principais. Primeiro, a riqueza natural do Brasil. Talvez ela tenha contribuído para que a Educação não fosse prioridade. Com tantos recursos, parecia não ser necessário investir nas pessoas. O segundo é que, obviamente, oferecer ensino em um país do tamanho do Brasil é muito mais difícil do que em outros menores, como o Uruguai e o Paraguai. Por fim, creio que não exista uma valorização da Educação. Só recentemente os governantes começaram a entendê-la como essencial para o desenvolvimento sustentável. Durante muito tempo, ela não tinha valor social nem para o próprio povo.
Houve avanços nos últimos tempos?
IRELAND Um esforço muito maior tem sido feito recentemente, com investimentos nessa área. O fato de a EJA ter sido incluída no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) foi fundamental para garantir uma fonte estável de recursos. Antigamente, se escolhia uma fase da Educação como foco, mas o governo atual tem uma visão sistêmica do setor e defende o investimento em todos os níveis de ensino.
O que falta para que o Brasil tenha menos demanda para a EJA?
IRELAND Há um problema sério. Muitos jovens que saem da escola semianalfabetos se matriculam na EJA. Eles não deveriam migrar para essa modalidade por falta de qualidade na escola regular. Para que um nível não gere demandas desnecessárias para outro e como forma de garantir continuidade nos estudos aos que aprendem a ler e escrever, é necessário estabelecer um projeto de políticas de alfabetização articulado com outros níveis de ensino. Aliado a isso, é necessário também investir mais na profissionalização dos educadores.
Os professores não estão bem preparados para educar jovens e adultos?
IRELAND Obviamente existem os que são muitos bons. Na maioria dos casos, os educadores desse público são improvisados e não têm preparo específico para atender esse público. Há formas diferenciadas de trabalhar com EJA e menos de 2% dos cursos de Pedagogia oferecem formação específica para esse fim.
Dados da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade mostram que a evasão no Ensino Fundamental na EJA chega a 20%. Como evitar isso?
IRELAND Há diversas variáveis interferindo nesse processo. Muitas vezes, o estudante não deixa voluntariamente a escola. Faz isso por causa da família ou do trabalho. Também existe a questão da qualidade do curso oferecido. Falta pensar a EJA com base nas demandas de aprendizagem dessa clientela específica. É importante reconhecer que a maioria dos estudantes que procuram concluir a Educação formal também carece de qualificação profissional e, por isso, deve-se articular a formação deles com a Educação continuada.
Como isso pode ser feito?
IRELAND Há duas iniciativas do governo que representam um grande avanço na área: o Proeja (Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos) e o Projovem (Programa Nacional de Inclusão de Jovens).
Além dessa relação com o mundo do trabalho, há outras a promover?
IRELAND Sem dúvida. O MEC tem um papel importante de coordenar políticas que busquem a interface com outros setores. Já há relações fortes com a comunicação e a saúde. Pesquisas mostram claramente que mulheres com maior escolaridade cuidam melhor do bem-estar dos filhos. Há outros pontos que permeiam os dois campos. Os ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, se articularam para providenciar exames de vista e óculos para os que estão matriculados no programa Brasil Alfabetizado. Isso já ocorria com crianças, mas o reconhecimento de que o problema também afeta os mais velhos é muito bom.
O que mudou na área desde a última Confintea, em Hamburgo? As metas estabelecidas foram cumpridas?
IRELAND Na edição de 1997, abriu-se muito o leque de responsabilidades a que a EJA tinha de atender. Além de contribuir para o desenvolvimento de cada ser humano, ela tinha de contemplar a questão do mundo do trabalho e até a paz mundial. Foram criadas demandas além de sua própria capacidade. No período imediatamente posterior à reunião, houve muito otimismo. Achava-se que os compromissos iriam se reverter em novos investimentos e esforços por parte dos governos. Mas isso não se deu. Quando se fala da avaliação da Confintea de Hamburgo, hoje o que sobressai é passar da retórica para a ação.
Quais são, então, os desafios atuais?
IRELAND Atender a expectativas criadas em Hamburgo e também contemplar a crise financeira e econômica, que resultou na recessão global. Não há como negar que a EJA tem demandas próprias. É impossível desenvolver programas de qualidade sem que os recursos estejam garantidos. Normalmente, nas escolas são improvisados o local para essas aulas, os materiais utilizados e os educadores. Pra resolver isso, a profissionalização do corpo docente e o enriquecimento dos ambientes de aprendizagem são fundamentais. Em termos de gestão, é essencial implementar políticas de forma mais efetiva, transparente, eficaz e responsável, envolvendo na decisão representantes dos segmentos que participam da EJA - como a sociedade civil.
Criar políticas é papel da Confintea?
IRELAND Em geral, a conferência estabelece linhas ou orientações políticas, mas é necessário que ela crie mecanismos para avaliar o que está sendo feito.
Conselho de um advogado
Recentemente fui vítima de um incidente e segui os procedimentos descritos por um e-mail que recebi a algum tempo. Parece que valeu, pois até agora não tive problema. Por isso resolvi divulgá-lo.
Informativo NÃO DEIXE DE LER! CONSELHO DE ADVOGADO
Um advogado circulou a seguinte informação para os empregados na Companhia dele: 1. Não assine a parte de trás de seus cartões de crédito. Ao invés, escreva 'SOLICITAR RG' . 2. Ponha seu número de telefone de trabalho em seus cheques em vez de seu telefone de casa. Se você tiver uma Caixa Postal de Correio use este em vez de seu endereço residencial. Se você não tiver uma Caixa Postal, use seu endereço de trabalho. Ponha seu telefone celular ao invés do residencial. 3. Tire Xerox do conteúdo de tua carteira. Tire cópia de ambos os lados de todos os documentos, cartão de crédito, etc. Você saberá o que você tinha em sua carteira e todos os números de conta e números de telefone para chamar e cancelar. Mantenha a fotocópia em um lugar seguro. Também leve uma fotocópia de seu passaporte quando for viajar para o estrangeiro. Se sabe de muitas estórias de horror de fraudes com nomes, CPF, RG, cartão de créditos, etc... roubados. Infelizmente, eu, um advogado, tenho conhecimento de primeira mão porque minha carteira foi roubada no último mês. Dentro de uma semana, os ladrões ordenaram um caro pacote de telefone celular, aplicaram para um cartão de crédito VISA, tiveram uma linha de crédito aprovada para comprar um computador, dirigiram com minha carteira, e mais..... Mas aqui está um pouco de informação crítica para limitar o dano no caso de isto acontecer a você ou alguém que você conheça. E MAIS .... 4. Nós fomos informados que nós deveríamos cancelar nossos cartões de crédito imediatamente. Mas a chave é ter os números de telefone gratuitos e os números de cartões à mão, assim você sabe quem chamar. Mantenha estes onde você os possa achar. 5. Abra um Boletim Policial de Ocorrência imediatamente na jurisdição onde seus cartões de crédito, etc., foram roubados. Isto prova aos credores que você tomou ações imediatas, e este é um primeiro passo para uma investigação (se houver uma). Mas aqui está o que é talvez mais importante que tudo: 6. Chame imediatamente o SPC (11-3244-3030) e SERASA (11-33737272) (e outros órgãos de crédito se houver) para pedir que seja colocado um alerta de fraude em seu nome e número de CPF. Eu nunca tinha ouvido falar disto até que fui avisado por um banco que me chamou para confirmar sobre uma aplicação para empréstimo que havia sido feita pela Internet em meu nome. O alerta serve para que qualquer empresa que confira seu crédito saiba que sua informação foi roubada, e eles têm que contatar você por telefone antes que o crédito seja aprovado. Até que eu fosse aconselhado a fazer isto (quase duas semanas depois do roubo), todo o dano já havia sido feito. Há registros de todos os cheques usados para compras pelos ladrões, nenhum de que eu soube depois que eu coloquei o alerta. Desde então, nenhum dano adicional foi feito, e os ladrões jogaram fora minha carteira. Este fim de semana alguém a devolveu para mim. Esta ação parece ter feito eles desistirem. Passamos para frente muitas piadas pela Internet . Mas se você estiver disposto a passar esta informação, realmente poderá ajudar alguém.
Informativo NÃO DEIXE DE LER! CONSELHO DE ADVOGADO
Um advogado circulou a seguinte informação para os empregados na Companhia dele: 1. Não assine a parte de trás de seus cartões de crédito. Ao invés, escreva 'SOLICITAR RG' . 2. Ponha seu número de telefone de trabalho em seus cheques em vez de seu telefone de casa. Se você tiver uma Caixa Postal de Correio use este em vez de seu endereço residencial. Se você não tiver uma Caixa Postal, use seu endereço de trabalho. Ponha seu telefone celular ao invés do residencial. 3. Tire Xerox do conteúdo de tua carteira. Tire cópia de ambos os lados de todos os documentos, cartão de crédito, etc. Você saberá o que você tinha em sua carteira e todos os números de conta e números de telefone para chamar e cancelar. Mantenha a fotocópia em um lugar seguro. Também leve uma fotocópia de seu passaporte quando for viajar para o estrangeiro. Se sabe de muitas estórias de horror de fraudes com nomes, CPF, RG, cartão de créditos, etc... roubados. Infelizmente, eu, um advogado, tenho conhecimento de primeira mão porque minha carteira foi roubada no último mês. Dentro de uma semana, os ladrões ordenaram um caro pacote de telefone celular, aplicaram para um cartão de crédito VISA, tiveram uma linha de crédito aprovada para comprar um computador, dirigiram com minha carteira, e mais..... Mas aqui está um pouco de informação crítica para limitar o dano no caso de isto acontecer a você ou alguém que você conheça. E MAIS .... 4. Nós fomos informados que nós deveríamos cancelar nossos cartões de crédito imediatamente. Mas a chave é ter os números de telefone gratuitos e os números de cartões à mão, assim você sabe quem chamar. Mantenha estes onde você os possa achar. 5. Abra um Boletim Policial de Ocorrência imediatamente na jurisdição onde seus cartões de crédito, etc., foram roubados. Isto prova aos credores que você tomou ações imediatas, e este é um primeiro passo para uma investigação (se houver uma). Mas aqui está o que é talvez mais importante que tudo: 6. Chame imediatamente o SPC (11-3244-3030) e SERASA (11-33737272) (e outros órgãos de crédito se houver) para pedir que seja colocado um alerta de fraude em seu nome e número de CPF. Eu nunca tinha ouvido falar disto até que fui avisado por um banco que me chamou para confirmar sobre uma aplicação para empréstimo que havia sido feita pela Internet em meu nome. O alerta serve para que qualquer empresa que confira seu crédito saiba que sua informação foi roubada, e eles têm que contatar você por telefone antes que o crédito seja aprovado. Até que eu fosse aconselhado a fazer isto (quase duas semanas depois do roubo), todo o dano já havia sido feito. Há registros de todos os cheques usados para compras pelos ladrões, nenhum de que eu soube depois que eu coloquei o alerta. Desde então, nenhum dano adicional foi feito, e os ladrões jogaram fora minha carteira. Este fim de semana alguém a devolveu para mim. Esta ação parece ter feito eles desistirem. Passamos para frente muitas piadas pela Internet . Mas se você estiver disposto a passar esta informação, realmente poderá ajudar alguém.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Conselho de Educação aprova fim de disciplinas no ensino médio; cem escolas devem implantar
Novidades na educação. A ideia parece boa, resta saber se a intenção segue o mesmo caminho.
01/07/2009 - 06h26
O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou nesta terça-feira (30), em Brasília, a proposta do MEC (Ministério da Educação) de apoiar currículos inovadores para o ensino médio. Pelo projeto, será possível lecionar os conteúdos de maneira interdisciplinar, sem que sejam divididos nas tradicionais disciplinas como história, matemática ou química. O aluno também terá condições de escolher parte de sua grade de estudos.
A partir de 2010, cerca de cem escolas deverão receber financiamento da pasta para implantar mudanças curriculares com o objetivo de tornar a etapa de estudos mais atraente.
"Esperamos que essa proposta seja acompanhada e avaliada e possa se tornar uma política universal", disse a secretária de educação básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.
De acordo com ela, a intenção é que o programa seja estendido e que todas as escolas que oferecem ensino médio possam adotar as mudanças curriculares. "Nossa intenção não é ter escolas modelos, mas que todas possam oferecer ensino de mais qualidade", disse o coordenador-geral do ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Artexes Simões.
Como funciona a ideia
Pela proposta, o ministério financiará projetos de escolas públicas que privilegiem, entre outras mudanças, um currículo interdisciplinar e flexível para o ensino médio.
A intenção é que a atual estrutura curricular - organizada em disciplinas - seja substituída pela organização dos conteúdos em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para que os conteúdos ensinados ganhem maior relação com o cotidiano e façam mais sentido para os alunos. Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo estudante.
O texto prevê o aumento da carga horária mínima do ensino médio - de 2,4 mil horas anuais para 3 mil - além do foco na leitura, que deve passar por todos os campos do conhecimento. A proposta estimula experiências com a participação social dos alunos e o desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de preparação para o mundo do trabalho.
Segundo Artexes, a partir das recomendações do CNE à proposta, o ministério terá condições de organizar o programa e apresentá-lo aos estados e ao Distrito Federal. "Nos próximos 40 dias, o ministério definirá o volume de recursos disponível para o programa e a forma de financiamento, se diretamente à escola ou se por meio de convênio com as secretarias estaduais", afirmou.
* Com informações da Assessoria de Imprensa do MEC
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/07/01/ult105u8325.jhtm
01/07/2009 - 06h26
O CNE (Conselho Nacional de Educação) aprovou nesta terça-feira (30), em Brasília, a proposta do MEC (Ministério da Educação) de apoiar currículos inovadores para o ensino médio. Pelo projeto, será possível lecionar os conteúdos de maneira interdisciplinar, sem que sejam divididos nas tradicionais disciplinas como história, matemática ou química. O aluno também terá condições de escolher parte de sua grade de estudos.
A partir de 2010, cerca de cem escolas deverão receber financiamento da pasta para implantar mudanças curriculares com o objetivo de tornar a etapa de estudos mais atraente.
"Esperamos que essa proposta seja acompanhada e avaliada e possa se tornar uma política universal", disse a secretária de educação básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda.
De acordo com ela, a intenção é que o programa seja estendido e que todas as escolas que oferecem ensino médio possam adotar as mudanças curriculares. "Nossa intenção não é ter escolas modelos, mas que todas possam oferecer ensino de mais qualidade", disse o coordenador-geral do ensino médio da Secretaria de Educação Básica, Carlos Artexes Simões.
Como funciona a ideia
Pela proposta, o ministério financiará projetos de escolas públicas que privilegiem, entre outras mudanças, um currículo interdisciplinar e flexível para o ensino médio.
A intenção é que a atual estrutura curricular - organizada em disciplinas - seja substituída pela organização dos conteúdos em quatro eixos: trabalho, ciência, tecnologia e cultura, para que os conteúdos ensinados ganhem maior relação com o cotidiano e façam mais sentido para os alunos. Outra mudança a ser estimulada é a flexibilidade do currículo: 20% da grade curricular deve ser escolhida pelo estudante.
O texto prevê o aumento da carga horária mínima do ensino médio - de 2,4 mil horas anuais para 3 mil - além do foco na leitura, que deve passar por todos os campos do conhecimento. A proposta estimula experiências com a participação social dos alunos e o desenvolvimento de atividades culturais, esportivas e de preparação para o mundo do trabalho.
Segundo Artexes, a partir das recomendações do CNE à proposta, o ministério terá condições de organizar o programa e apresentá-lo aos estados e ao Distrito Federal. "Nos próximos 40 dias, o ministério definirá o volume de recursos disponível para o programa e a forma de financiamento, se diretamente à escola ou se por meio de convênio com as secretarias estaduais", afirmou.
* Com informações da Assessoria de Imprensa do MEC
http://educacao.uol.com.br/ultnot/2009/07/01/ult105u8325.jhtm
domingo, 28 de junho de 2009
Mito ou verdade: adoçantes provocam câncer?
Uma matéria interessante a respeito de um produto amplamente utilizado pelas pessoas. Vale a pena ser lido para conhecer melhor esses produtos.
28/06/2009 - 08h00
Chris Bueno
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Açúcar ou adoçante? A pergunta na hora de servir um cafezinho esconde um dilema. Se o açúcar virou vilão da alimentação saudável, os adoçantes também não estão imunes a críticas. Há indícios de que eles possam causar retenção de líquidos e especialistas divergem sobre o risco de câncer associado a esses produtos.
Desde que os primeiros adoçantes foram lançados no mercado, surgiram também as dúvidas sobre seus riscos para a saúde humana. Spams, blogs e fóruns de discussão alarmam sobre os perigosos efeitos colaterais dessas substâncias, mas a verdade é que ainda não há comprovação suficiente de que os adoçantes provocam tumores em seres humanos.
A dúvida surgiu nos anos 1970, quando pesquisadores americanos realizaram testes em ratos utilizando grandes quantidades de sacarina e ciclamato (tipos bem populares de adoçantes). O resultado foi o surgimento de câncer de bexiga nas cobaias. Porém, os testes utilizaram quantidades altíssimas dos produtos, o equivalente ao consumo humano de 700 latas de refrigerantes por dia.
O medo aumentou quando outros testes realizados no Japão indicaram que o ciclamato não era completamente absorvido pelo intestino, e parte desse resíduo era convertido pelo organismo em ciclohexilamina, uma substância considerada cancerígena. Porém, pesquisas posteriores mostraram que a quantidade de ciclohexilamina produzida era muito pequena - cerca de 0,1% na maioria dos usuários regulares do ciclamato.
Devido a esses testes, o ciclamato é proibido nos Estados Unidos desde 1969. Outros países seguiram o exemplo, mas, como as inúmeras pesquisas posteriores não comprovaram o risco, o produto foi novamente liberado para comercialização em muitos lugares.
Hoje, o ciclamato é aprovado e utilizado em mais de 50 países, inclusive na União Europeia e no Brasil, e o adoçante está sendo reavaliado pela Food And Drug Administration, o FDA (agência norte-americana que regula medicamentos e aditivos alimentares), com grandes chances de voltar a ser comercializado.
Outro adoçante, o aspartame, também foi acusado de ser cancerígeno. Em 2006, testes realizados na Itália pela Fundação Europeia de Oncologia e Ciências do Meio Ambiente apontaram que a substância era capaz de provocar linfomas e leucemia em ratos, mesmo quando administrada em doses muito parecidas com a dose diária admitida para o homem. Novamente, os testes seguintes não puderam comprovar o risco do produto em seres humanos, o que levou a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) a divulgar um parecer alegando que não havia evidências que sustentassem uma associação entre o aspartame e o câncer.
"A literatura científica apresenta muitas controvérsias sobre os compostos substitutos do açúcar. No entanto, é preciso levar em conta que estudos populacionais requerem uma grande amostragem, com seguimento contínuo, sintomas semelhantes etc. No caso do câncer, que se apresenta como uma doença multifatorial, é perigoso mostrar essa relação causal", ressalta a bioquímica Aureluce Demonte, professora do Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara.
Além do câncer
As suspeitas sobre os efeitos dos adoçantes na saúde vão além do câncer. Há quem diga que o ciclamato é responsável por alterações genéticas e atrofia testicular. E o aspartame é acusado de causar danos neurológicos, por ter como um dos principais elementos de sua composição o ácido aspártico, uma neurotoxina (substância que causa a morte dos neurônios e danos ao sistema nervoso).
O que coloca em cheque essas acusações é o fato de que os testes realizados utilizaram doses muito grandes dessas substâncias. "Sabe-se hoje que, para ter um efeito semelhante, seria necessário consumir um pote inteiro de adoçante por dia, por um tempo prolongado. Para indivíduos saudáveis e com consumo moderado, os adoçantes não trazem riscos à saúde", afirma a nutricionista Vanessa Kirsten, professora e coordenadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (Unifra), no Rio Grande do Sul.
Um consolo para os consumidores desses produtos é que eles são inspecionados e liberados para o consumo por agências reguladoras. Tanto a sacarina como o ciclamato e o aspartame são aprovados pela agência europeia e pela brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com exceção do ciclamato, a FDA, a Associação Americana do Coração e a Associação Americana de Diabetes também aprovam as substâncias. Mas lembre-se de respeitar os limites indicados nos rótulos!
28/06/2009 - 08h00
Chris Bueno
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Açúcar ou adoçante? A pergunta na hora de servir um cafezinho esconde um dilema. Se o açúcar virou vilão da alimentação saudável, os adoçantes também não estão imunes a críticas. Há indícios de que eles possam causar retenção de líquidos e especialistas divergem sobre o risco de câncer associado a esses produtos.
Desde que os primeiros adoçantes foram lançados no mercado, surgiram também as dúvidas sobre seus riscos para a saúde humana. Spams, blogs e fóruns de discussão alarmam sobre os perigosos efeitos colaterais dessas substâncias, mas a verdade é que ainda não há comprovação suficiente de que os adoçantes provocam tumores em seres humanos.
A dúvida surgiu nos anos 1970, quando pesquisadores americanos realizaram testes em ratos utilizando grandes quantidades de sacarina e ciclamato (tipos bem populares de adoçantes). O resultado foi o surgimento de câncer de bexiga nas cobaias. Porém, os testes utilizaram quantidades altíssimas dos produtos, o equivalente ao consumo humano de 700 latas de refrigerantes por dia.
O medo aumentou quando outros testes realizados no Japão indicaram que o ciclamato não era completamente absorvido pelo intestino, e parte desse resíduo era convertido pelo organismo em ciclohexilamina, uma substância considerada cancerígena. Porém, pesquisas posteriores mostraram que a quantidade de ciclohexilamina produzida era muito pequena - cerca de 0,1% na maioria dos usuários regulares do ciclamato.
Devido a esses testes, o ciclamato é proibido nos Estados Unidos desde 1969. Outros países seguiram o exemplo, mas, como as inúmeras pesquisas posteriores não comprovaram o risco, o produto foi novamente liberado para comercialização em muitos lugares.
Hoje, o ciclamato é aprovado e utilizado em mais de 50 países, inclusive na União Europeia e no Brasil, e o adoçante está sendo reavaliado pela Food And Drug Administration, o FDA (agência norte-americana que regula medicamentos e aditivos alimentares), com grandes chances de voltar a ser comercializado.
Outro adoçante, o aspartame, também foi acusado de ser cancerígeno. Em 2006, testes realizados na Itália pela Fundação Europeia de Oncologia e Ciências do Meio Ambiente apontaram que a substância era capaz de provocar linfomas e leucemia em ratos, mesmo quando administrada em doses muito parecidas com a dose diária admitida para o homem. Novamente, os testes seguintes não puderam comprovar o risco do produto em seres humanos, o que levou a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) a divulgar um parecer alegando que não havia evidências que sustentassem uma associação entre o aspartame e o câncer.
"A literatura científica apresenta muitas controvérsias sobre os compostos substitutos do açúcar. No entanto, é preciso levar em conta que estudos populacionais requerem uma grande amostragem, com seguimento contínuo, sintomas semelhantes etc. No caso do câncer, que se apresenta como uma doença multifatorial, é perigoso mostrar essa relação causal", ressalta a bioquímica Aureluce Demonte, professora do Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara.
Além do câncer
As suspeitas sobre os efeitos dos adoçantes na saúde vão além do câncer. Há quem diga que o ciclamato é responsável por alterações genéticas e atrofia testicular. E o aspartame é acusado de causar danos neurológicos, por ter como um dos principais elementos de sua composição o ácido aspártico, uma neurotoxina (substância que causa a morte dos neurônios e danos ao sistema nervoso).
O que coloca em cheque essas acusações é o fato de que os testes realizados utilizaram doses muito grandes dessas substâncias. "Sabe-se hoje que, para ter um efeito semelhante, seria necessário consumir um pote inteiro de adoçante por dia, por um tempo prolongado. Para indivíduos saudáveis e com consumo moderado, os adoçantes não trazem riscos à saúde", afirma a nutricionista Vanessa Kirsten, professora e coordenadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (Unifra), no Rio Grande do Sul.
Um consolo para os consumidores desses produtos é que eles são inspecionados e liberados para o consumo por agências reguladoras. Tanto a sacarina como o ciclamato e o aspartame são aprovados pela agência europeia e pela brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com exceção do ciclamato, a FDA, a Associação Americana do Coração e a Associação Americana de Diabetes também aprovam as substâncias. Mas lembre-se de respeitar os limites indicados nos rótulos!
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Aumento de oxigênio nos oceanos pode ter levado ao surgimento de animais complexos
ciência
20/12/2006
Um estudo agora divulgado traz uma nova explicação para resolver um enigma que tem intrigado cientistas há muito tempo, a começar pelo inglês Charles Darwin (1809-1892).
Após quase 3 bilhões de anos em que a evolução na Terra ocorreu principalmente entre organismos unicelulares, grandes animais passaram a fazer parte da cena. Não que tenham surgido subitamente, mas a ocorrência desses animais complexos no registro fóssil de 500 milhões de anos permanece um mistério.
O próprio “pai da evolução” se dizia perplexo com o surgimento dos grandes animais, a ponto de a questão ter-se tornado conhecida como “dilema de Darwin”. Agora, um grupo de pesquisadores liderado pelo paleontólogo Guy Narbonne, da Universidade de Queens, na Inglaterra, aponta uma causa.
Segundo os pesquisadores, um enorme aumento na quantidade de oxigênio nos oceanos pode ter levado ao surgimento de animais complexos. O estudo indica que a elevação, ocorrida há cerca de 580 milhões de anos, corresponde à primeira aparência de fósseis de grandes animais na península de Avalon, na província canadense de Newfoundland.
Os resultados do estudo foram publicados na Science Express, versão on-line com artigos que sairão na edição impressa da revista Science.
“Nosso estudo mostra que os sedimentos mais antigos encontrados na península de Avalon, sem registro de fósseis de animais, foram depositados durante um período em que havia pouco ou nenhum oxigênio livre nos oceanos do mundo”, disse Narbonne, em comunicado da Universidade de Queens.
“Há evidências de um enorme aumento, imediatamente após aquela era do gelo, do oxigênio atmosférico de pelo menos 15% dos níveis atuais. Esses outros sedimentos também contêm evidências dos mais velhos fósseis de grandes animais”, afirmou.
Segundo os cientistas, a estreita conexão entre a primeira ocorrência de oxigenação nos oceanos e o surgimento de tais fósseis confirma a importância do oxigênio como um gatilho para a evolução animal.
Em 2002, Narbonne liderou um grupo que descobriu a mais antiga forma de vida complexa no planeta, também em Newfoundland, que levou o surgimento de tais seres vivos para mais de 575 milhões de anos.
O artigo Late-Neoproterozoic Deep-Ocean Oxygenation and the Rise of Animal Life, de G. Narbonne e outros, pode ser lido na Science Express em www.sciencemag.org. (Agência Fapesp)
20/12/2006
Um estudo agora divulgado traz uma nova explicação para resolver um enigma que tem intrigado cientistas há muito tempo, a começar pelo inglês Charles Darwin (1809-1892).
Após quase 3 bilhões de anos em que a evolução na Terra ocorreu principalmente entre organismos unicelulares, grandes animais passaram a fazer parte da cena. Não que tenham surgido subitamente, mas a ocorrência desses animais complexos no registro fóssil de 500 milhões de anos permanece um mistério.
O próprio “pai da evolução” se dizia perplexo com o surgimento dos grandes animais, a ponto de a questão ter-se tornado conhecida como “dilema de Darwin”. Agora, um grupo de pesquisadores liderado pelo paleontólogo Guy Narbonne, da Universidade de Queens, na Inglaterra, aponta uma causa.
Segundo os pesquisadores, um enorme aumento na quantidade de oxigênio nos oceanos pode ter levado ao surgimento de animais complexos. O estudo indica que a elevação, ocorrida há cerca de 580 milhões de anos, corresponde à primeira aparência de fósseis de grandes animais na península de Avalon, na província canadense de Newfoundland.
Os resultados do estudo foram publicados na Science Express, versão on-line com artigos que sairão na edição impressa da revista Science.
“Nosso estudo mostra que os sedimentos mais antigos encontrados na península de Avalon, sem registro de fósseis de animais, foram depositados durante um período em que havia pouco ou nenhum oxigênio livre nos oceanos do mundo”, disse Narbonne, em comunicado da Universidade de Queens.
“Há evidências de um enorme aumento, imediatamente após aquela era do gelo, do oxigênio atmosférico de pelo menos 15% dos níveis atuais. Esses outros sedimentos também contêm evidências dos mais velhos fósseis de grandes animais”, afirmou.
Segundo os cientistas, a estreita conexão entre a primeira ocorrência de oxigenação nos oceanos e o surgimento de tais fósseis confirma a importância do oxigênio como um gatilho para a evolução animal.
Em 2002, Narbonne liderou um grupo que descobriu a mais antiga forma de vida complexa no planeta, também em Newfoundland, que levou o surgimento de tais seres vivos para mais de 575 milhões de anos.
O artigo Late-Neoproterozoic Deep-Ocean Oxygenation and the Rise of Animal Life, de G. Narbonne e outros, pode ser lido na Science Express em www.sciencemag.org. (Agência Fapesp)
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Como as galinhas fazem os ovos?
Em mais uma extraordinária demonstração de proeza da natureza, o conteúdo de um ovo é envolvido em uma casca perfeita, sem emendas e incrivelmente forte como se fosse mágica! Os ovos são obras de arte.
A galinha tem pouco a ver com a formação da casca do ovo, na verdade é o ovo que desenvolve a casca em volta de si mesmo. Ele faz isso por meio de processos que também são observados nos ossos e nas conchas do mar.
Em volta do ovo há uma membrana, e nessa há pontos uniformemente espaçados onde formam-se colunas de calcita (uma forma de carbonato de cálcio). Essas colunas se arranjam lado a lado para formar a casca. De acordo com um livro muito interessante chamado "Feito para medir" de Philip Ball:
Os pontos de nucleação são nódulos de proteína definidos chamados de proeminências mamilares, e o mineral é primeiramente depositado em forma de partículas de aragonita com orientação ao acaso de cristais. Ao topo dessas pilhas de aragonita, começam a se formar colunas de calcita cristalina orientada.
A calcita fica basicamente flutuando na solução em volta da casca, e ela se deposita nessa casca como um cristal em formação. O ovo faz sua própria casca.
A galinha tem pouco a ver com a formação da casca do ovo, na verdade é o ovo que desenvolve a casca em volta de si mesmo. Ele faz isso por meio de processos que também são observados nos ossos e nas conchas do mar.
Em volta do ovo há uma membrana, e nessa há pontos uniformemente espaçados onde formam-se colunas de calcita (uma forma de carbonato de cálcio). Essas colunas se arranjam lado a lado para formar a casca. De acordo com um livro muito interessante chamado "Feito para medir" de Philip Ball:
Os pontos de nucleação são nódulos de proteína definidos chamados de proeminências mamilares, e o mineral é primeiramente depositado em forma de partículas de aragonita com orientação ao acaso de cristais. Ao topo dessas pilhas de aragonita, começam a se formar colunas de calcita cristalina orientada.
A calcita fica basicamente flutuando na solução em volta da casca, e ela se deposita nessa casca como um cristal em formação. O ovo faz sua própria casca.
sábado, 23 de maio de 2009
IBGE divulga perfil da Educação e Alfabetização de Jovens e Adultos e da Educação Profissional no país
Suplemento - Aspectos Complementares da Educação de Jovens e Adultos e Educação Profissional - 2007
42,7% das 8 milhões de pessoas que cursaram EJA antes do levantamento abandonaram o curso
Do universo de 141,5 milhões de pessoas no país de 15 anos ou mais de idade, cerca de 10,9 milhões pessoas (7,7%) frequentavam ou frequentaram anteriormente algum curso de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Na ocasião do levantamento, aproximadamente 3 milhões de pessoas frequentavam curso de EJA, enquanto cerca de 41 milhões estudavam na rede regular de ensino fundamental e médio. Já entre as cerca de 8 milhões pessoas que cursaram EJA antes do levantamento, 42,7% não concluíram o curso em que se matricularam.
O principal motivo para o abandono do curso para a maioria dos entrevistados foi a incompatibilidade do horário das aulas com o horário de trabalho ou de procurar trabalho (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%). Outros motivos que levaram à desistência dos estudos foram a incompatibilidade do horário das aulas com o dos afazeres domésticos (13,6%), a dificuldade de acompanhar o curso (13,6%), a inexistência de curso próximo à residência (5,5%), a inexistência de curso próximo ao local de trabalho (1,1%), falta de vaga (0,7%) e outro motivo (22,0%).
O objetivo de retomar os estudos (43,7%), seguido por conseguir melhores oportunidades de trabalho (19,4%), adiantar os estudos (17,5%) e conseguir diploma (13,7%) foram as razões apontadas pela opção de cursar a EJA e não o ensino regular.
Na ocasião do levantamento, do total de 2,9 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade que frequentavam um curso de EJA, a maioria estava cursando o segundo segmento do ensino fundamental (5ª a 8ª séries), o que correspondia 40,0% (1,1 milhão); o ensino médio recebia 36,1% (1 milhão) dos estudantes e o primeiro segmento do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) 23,9% (699 mil). A região Nordeste foi a que apresentou o maior percentual de frequência ao primeiro segmento do ensino fundamental (37,6%), o Norte registrou o maior no segundo segmento (43,7%,) e as regiões Sul (46,3%) e Centro-Oeste (46,1%) tiveram as maiores proporções no ensino médio.
EJA é mais procurada por mulheres e pessoas com menor rendimento, sendo mais frequentada no Sul
No que se refere à análise por sexo, do total daqueles que frequentavam ou frequentaram anteriormente a EJA, 53% eram mulheres e 47%, homens. Com relação ao rendimento, o maior percentual de pessoas que frequentavam EJA, na época da pesquisa, foi daquelas que estavam na faixa de até ¼ do salário mínimo (3,0%) e as que não tinham rendimento (2,6%). A maioria dos que cursavam EJA era formada por pessoas que se declaravam pardas (47,2%), seguidas por brancas (41,2%), pretas (10,5%) e de outra cor ou raça (1,1%).
A participação das pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormente algum curso de Educação de Jovens e Adultos foi crescente nos grupos de 18 a 39 anos de idade, declinando nos seguintes. O grupo etário de 30 a 39 anos (10,7%) foi o que mais procurou cursos de EJA, seguido pelos grupos de 40 a 49 anos (8,6%), de 18 ou 19 anos (7,5%) e de 50 anos ou mais (4,6%).
Em termos regionais, das 10,9 milhões de pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormente um curso de EJA no Brasil, as regiões Sul e o Norte apresentaram os maiores percentuais: 10,5% contra 89,5% que nunca frequentaram e 9,1% contra 90,9%, respectivamente. Na sequência, estão as regiões Centro-Oeste (8,5% contra 91,5%), Sudeste (7,1% contra 92,9%) e Nordeste (6,5% contra 93,5%).
O Suplemento da Pnad 2007 estimou que 2,5 milhões de pessoas frequentavam no momento da pesquisa ou haviam frequentado anteriormente curso de Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA) no país. O percentual de pessoas que frequentavam ou frequentaram curso AJA na população de 15 anos ou mais era de 1,7% no total do país. No nível regional, os alunos de AJA no Nordeste representavam 3,6% das pessoas na faixa etária de 15 anos ou mais; seguidos pela região Norte (1,6%); Sul e Centro-Oeste (1,2%) e Sudeste (0,9%). De acordo com a Pnad 2007, havia 14,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabiam ler ou escrever.
42,7% das 8 milhões de pessoas que cursaram EJA antes do levantamento abandonaram o curso
Do universo de 141,5 milhões de pessoas no país de 15 anos ou mais de idade, cerca de 10,9 milhões pessoas (7,7%) frequentavam ou frequentaram anteriormente algum curso de Educação de Jovens e Adultos – EJA. Na ocasião do levantamento, aproximadamente 3 milhões de pessoas frequentavam curso de EJA, enquanto cerca de 41 milhões estudavam na rede regular de ensino fundamental e médio. Já entre as cerca de 8 milhões pessoas que cursaram EJA antes do levantamento, 42,7% não concluíram o curso em que se matricularam.
O principal motivo para o abandono do curso para a maioria dos entrevistados foi a incompatibilidade do horário das aulas com o horário de trabalho ou de procurar trabalho (27,9%), seguido pela falta de interesse em fazer o curso (15,6%). Outros motivos que levaram à desistência dos estudos foram a incompatibilidade do horário das aulas com o dos afazeres domésticos (13,6%), a dificuldade de acompanhar o curso (13,6%), a inexistência de curso próximo à residência (5,5%), a inexistência de curso próximo ao local de trabalho (1,1%), falta de vaga (0,7%) e outro motivo (22,0%).
O objetivo de retomar os estudos (43,7%), seguido por conseguir melhores oportunidades de trabalho (19,4%), adiantar os estudos (17,5%) e conseguir diploma (13,7%) foram as razões apontadas pela opção de cursar a EJA e não o ensino regular.
Na ocasião do levantamento, do total de 2,9 milhões de pessoas de 15 anos ou mais de idade que frequentavam um curso de EJA, a maioria estava cursando o segundo segmento do ensino fundamental (5ª a 8ª séries), o que correspondia 40,0% (1,1 milhão); o ensino médio recebia 36,1% (1 milhão) dos estudantes e o primeiro segmento do ensino fundamental (1ª a 4ª séries) 23,9% (699 mil). A região Nordeste foi a que apresentou o maior percentual de frequência ao primeiro segmento do ensino fundamental (37,6%), o Norte registrou o maior no segundo segmento (43,7%,) e as regiões Sul (46,3%) e Centro-Oeste (46,1%) tiveram as maiores proporções no ensino médio.
EJA é mais procurada por mulheres e pessoas com menor rendimento, sendo mais frequentada no Sul
No que se refere à análise por sexo, do total daqueles que frequentavam ou frequentaram anteriormente a EJA, 53% eram mulheres e 47%, homens. Com relação ao rendimento, o maior percentual de pessoas que frequentavam EJA, na época da pesquisa, foi daquelas que estavam na faixa de até ¼ do salário mínimo (3,0%) e as que não tinham rendimento (2,6%). A maioria dos que cursavam EJA era formada por pessoas que se declaravam pardas (47,2%), seguidas por brancas (41,2%), pretas (10,5%) e de outra cor ou raça (1,1%).
A participação das pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormente algum curso de Educação de Jovens e Adultos foi crescente nos grupos de 18 a 39 anos de idade, declinando nos seguintes. O grupo etário de 30 a 39 anos (10,7%) foi o que mais procurou cursos de EJA, seguido pelos grupos de 40 a 49 anos (8,6%), de 18 ou 19 anos (7,5%) e de 50 anos ou mais (4,6%).
Em termos regionais, das 10,9 milhões de pessoas que frequentavam ou frequentaram anteriormente um curso de EJA no Brasil, as regiões Sul e o Norte apresentaram os maiores percentuais: 10,5% contra 89,5% que nunca frequentaram e 9,1% contra 90,9%, respectivamente. Na sequência, estão as regiões Centro-Oeste (8,5% contra 91,5%), Sudeste (7,1% contra 92,9%) e Nordeste (6,5% contra 93,5%).
O Suplemento da Pnad 2007 estimou que 2,5 milhões de pessoas frequentavam no momento da pesquisa ou haviam frequentado anteriormente curso de Alfabetização de Jovens e Adultos (AJA) no país. O percentual de pessoas que frequentavam ou frequentaram curso AJA na população de 15 anos ou mais era de 1,7% no total do país. No nível regional, os alunos de AJA no Nordeste representavam 3,6% das pessoas na faixa etária de 15 anos ou mais; seguidos pela região Norte (1,6%); Sul e Centro-Oeste (1,2%) e Sudeste (0,9%). De acordo com a Pnad 2007, havia 14,1 milhões de pessoas com 15 anos ou mais que não sabiam ler ou escrever.
A evolução e a natureza
São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008 – Folha Ilustrada de São Paulo
ANTONIO CICERO
A evolução e a natureza
A teoria da evolução mostrou que a natureza não é algo fixo, mas está em transformação.
NORMALMENTE SUPÕE-SE que o grande escândalo causado pela teoria da evolução seja devido à descoberta de que o ser humano descende de alguma espécie de macacos. De fato, isso foi sem dúvida um escândalo espetacular, uma enorme "ferida narcísica", como dizia Freud, infligida ao homem que aprendera ter sido criado à imagem de Deus.
Mas a teoria da evolução provocou também outro escândalo que, embora menos espetacular, não é menos importante. Trata-se da relativização das espécies naturais. Desde Aristóteles, supunha-se que, criadas ou não, as espécies naturais fossem imutáveis.
A espécie à qual um ente qualquer pertencia era considerada a sua natureza. Descobria-se essa natureza a partir do estudo dos espécimes que se encontravam, como dizia Aristóteles, num estado natural, em oposição aos espécimes "degenerados".
Como sabemos que um espécime se encontra no estado natural? Pela observação da sua normalidade, isto é, do fato de que sua constituição física e seu comportamento não desviam da constituição e do comportamento da maior parte dos indivíduos da mesma espécie. O anormal, ao contrário, é considerado degenerado. Desse modo, a normalidade se torna normativa. O degenerado é aquele que se constitui ou se comporta contra a sua natureza: "contra naturam".
Pois bem, observando a natureza humana e a natureza da sociedade humana, Aristóteles conclui que o natural é que a alma governe o corpo, a inteligência, os apetites, o homem, os animais, o macho, a fêmea, e o senhor, o escravo. Para ele, essas relações são naturais, e qualquer supressão ou inversão delas se daria contra a natureza. Do mesmo modo, o velho Platão, na sua última obra, pressupõe que a finalidade do erotismo, no indivíduo natural/normal, é a reprodução; logo, considera contra a natureza toda relação homossexual. Esta última concepção se consolidou na Idade Média e é até hoje doutrina da Igreja Católica, para a qual toda relação homossexual infringe uma "lei natural".
Tal "lei" não passa, evidentemente, de um equívoco, pois as leis da natureza, que são descritivas, isto é, que dizem o que realmente acontece, não devem ser confundidas com as leis humanas, que são prescritivas, isto é, dizem o que deve (ou não deve) ser feito. A lei da gravidade, por exemplo, não diz que todos os corpos que têm massa devem se atrair de determinado modo e sim que se atraem desse modo. Se for descoberto que determinados corpos têm massa e, no entanto, não se atraem do modo previsto, não serão esses corpos que estarão errados, mas a lei da gravidade. Assim também, se uma "lei natural" diz que os indivíduos do mesmo sexo não sentem atração erótica uns pelos outros, basta abrir os olhos para ver que essa "lei" está errada, ou melhor, não é lei, não existe.
A teoria da evolução mostrou que a própria natureza não é algo fixo de uma vez por todas, mas se encontra em transformação. As espécies biológicas mesmas não têm "naturezas" eternas, mas estão em incessante evolução. Isso significa que não se pode considerar como natural exclusivamente a constituição física ou o comportamento "normal", isto é, tradicional. Uma espécie nova surge exatamente a partir das mutações -da "degeneração"- de uma espécie antiga. O indivíduo que, por ser portador de uma mutação está sujeito a ser considerado uma monstruosidade, talvez seja o limiar de uma nova espécie.
O ser humano é o produto de tais mutações, e sua maior novidade consiste em que não apenas a espécie humana, mas cada espécime humano é infinitamente capaz de mudar a si próprio, capaz de experimentar o que nunca antes se experimentou, capaz de criar o que nunca antes existiu. Toda invenção, toda arte, toda técnica, toda cultura pode ser considerada como o resultado da transformação -poderíamos dizer, da perversão- da natureza pelo homem. O primeiro antropóide a se erguer e usar as patas dianteiras como mãos - abrindo caminho para a aventura humana - estava pervertendo a função "natural" desses membros.
Não é lícito, portanto, invocar a "natureza" para justificar -ou para condenar- tais ou quais comportamentos, atos ou instituições. Quem o faz -ainda que seja um gênio, como Aristóteles- inevitavelmente incorre no provincianismo de "naturalizar" comportamentos, atos ou instituições da sua própria cultura, tais como a dominação do homem sobre a mulher, a escravidão ou -como o velho Platão- a condenação da homossexualidade.
ANTONIO CICERO
A evolução e a natureza
A teoria da evolução mostrou que a natureza não é algo fixo, mas está em transformação.
NORMALMENTE SUPÕE-SE que o grande escândalo causado pela teoria da evolução seja devido à descoberta de que o ser humano descende de alguma espécie de macacos. De fato, isso foi sem dúvida um escândalo espetacular, uma enorme "ferida narcísica", como dizia Freud, infligida ao homem que aprendera ter sido criado à imagem de Deus.
Mas a teoria da evolução provocou também outro escândalo que, embora menos espetacular, não é menos importante. Trata-se da relativização das espécies naturais. Desde Aristóteles, supunha-se que, criadas ou não, as espécies naturais fossem imutáveis.
A espécie à qual um ente qualquer pertencia era considerada a sua natureza. Descobria-se essa natureza a partir do estudo dos espécimes que se encontravam, como dizia Aristóteles, num estado natural, em oposição aos espécimes "degenerados".
Como sabemos que um espécime se encontra no estado natural? Pela observação da sua normalidade, isto é, do fato de que sua constituição física e seu comportamento não desviam da constituição e do comportamento da maior parte dos indivíduos da mesma espécie. O anormal, ao contrário, é considerado degenerado. Desse modo, a normalidade se torna normativa. O degenerado é aquele que se constitui ou se comporta contra a sua natureza: "contra naturam".
Pois bem, observando a natureza humana e a natureza da sociedade humana, Aristóteles conclui que o natural é que a alma governe o corpo, a inteligência, os apetites, o homem, os animais, o macho, a fêmea, e o senhor, o escravo. Para ele, essas relações são naturais, e qualquer supressão ou inversão delas se daria contra a natureza. Do mesmo modo, o velho Platão, na sua última obra, pressupõe que a finalidade do erotismo, no indivíduo natural/normal, é a reprodução; logo, considera contra a natureza toda relação homossexual. Esta última concepção se consolidou na Idade Média e é até hoje doutrina da Igreja Católica, para a qual toda relação homossexual infringe uma "lei natural".
Tal "lei" não passa, evidentemente, de um equívoco, pois as leis da natureza, que são descritivas, isto é, que dizem o que realmente acontece, não devem ser confundidas com as leis humanas, que são prescritivas, isto é, dizem o que deve (ou não deve) ser feito. A lei da gravidade, por exemplo, não diz que todos os corpos que têm massa devem se atrair de determinado modo e sim que se atraem desse modo. Se for descoberto que determinados corpos têm massa e, no entanto, não se atraem do modo previsto, não serão esses corpos que estarão errados, mas a lei da gravidade. Assim também, se uma "lei natural" diz que os indivíduos do mesmo sexo não sentem atração erótica uns pelos outros, basta abrir os olhos para ver que essa "lei" está errada, ou melhor, não é lei, não existe.
A teoria da evolução mostrou que a própria natureza não é algo fixo de uma vez por todas, mas se encontra em transformação. As espécies biológicas mesmas não têm "naturezas" eternas, mas estão em incessante evolução. Isso significa que não se pode considerar como natural exclusivamente a constituição física ou o comportamento "normal", isto é, tradicional. Uma espécie nova surge exatamente a partir das mutações -da "degeneração"- de uma espécie antiga. O indivíduo que, por ser portador de uma mutação está sujeito a ser considerado uma monstruosidade, talvez seja o limiar de uma nova espécie.
O ser humano é o produto de tais mutações, e sua maior novidade consiste em que não apenas a espécie humana, mas cada espécime humano é infinitamente capaz de mudar a si próprio, capaz de experimentar o que nunca antes se experimentou, capaz de criar o que nunca antes existiu. Toda invenção, toda arte, toda técnica, toda cultura pode ser considerada como o resultado da transformação -poderíamos dizer, da perversão- da natureza pelo homem. O primeiro antropóide a se erguer e usar as patas dianteiras como mãos - abrindo caminho para a aventura humana - estava pervertendo a função "natural" desses membros.
Não é lícito, portanto, invocar a "natureza" para justificar -ou para condenar- tais ou quais comportamentos, atos ou instituições. Quem o faz -ainda que seja um gênio, como Aristóteles- inevitavelmente incorre no provincianismo de "naturalizar" comportamentos, atos ou instituições da sua própria cultura, tais como a dominação do homem sobre a mulher, a escravidão ou -como o velho Platão- a condenação da homossexualidade.
sexta-feira, 22 de maio de 2009
Letramento
Possibilitar o acesso do indivíduo à mensagem e, consequentemente, à informação. Esse processo pode acontecer a partir de: 1) motivação do aluno para a escrita; 2) interferência, pelo professor, no processo, a partir de orientação.
A partir de qual momento o domínio do código escrito se torna importante para o indivíduo? Qual a importância da letra (formato, aparência...) para o mesmo? São questões que merecem maior aprofundamento e reflexão.
Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Letramento
A partir de qual momento o domínio do código escrito se torna importante para o indivíduo? Qual a importância da letra (formato, aparência...) para o mesmo? São questões que merecem maior aprofundamento e reflexão.
Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Letramento
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