Guerra biológica: O mundo vive mais uma guerra que pode nos levar a consequências imprevisíveis. E no curso da história, diversas vezes adversários recorreram a táticas “sujas”, com o uso de armas biológicas. Embora não se espere que elas sejam novamente usadas, vale lembrar ocasiões em que o mundo viveu a guerra biológica e seus efeitos nefastos.
Guerra biológica, quando microorganismos viram armas.
Quando Gengis Khan, fundador do Império Mongol e brilhante estrategista, catapultava corpos em estado avançado de decomposição contaminados com a peste negra, no ano de 1347, ele estava sendo um dos pioneiros da guerra biológica.
Esta prática consiste no uso de agentes infecciosos (microorganismos patogênicos) ou toxinas biológicas para causar mortes.
Khan estava atacando os muros do porto de Caffa, no Mar Negro, hoje Teodósia, Ucrânia. Os registros históricos apontam que a iniciativa surtiu efeito — muitos óbitos se sucederam pela doença — e alguns historiadores acreditam que a peste teria rumado para a Europa com os sobreviventes de Caffa, tomando milhões de vidas humanas.
Desde então, a guerra biológica foi usada certas vezes em que a diplomacia e as armas tradicionais foram consideradas insuficientes. Em 1710, por exemplo, o exército russo lutando contra as forças suecas no território que hoje é Tallinn, na Estônia, também arremessou cadáveres com a peste sobre os muros da cidade.
Em 1763, tropas britânicas sitiadas no que hoje é Pitsburgo, durante a Rebelião de Pontiac, passaram cobertores infectados com o vírus da varíola para os indígenas, causando uma epidemia devastadora entre suas fileiras.
Armas biológicas nas grandes guerras
Na Primeira Guerra Mundial a Alemanha iniciou um programa secreto para infectar cavalos e gado dos exércitos aliados, mas felizmente esta tentativa não teve sucesso.
Os horrores da Grande Guerra fizeram com que a maioria dos países assinasse o Protocolo de Genebra de 1925, proibindo o uso de armas biológicas e químicas. No entanto, o Japão, uma das partes signatárias do protocolo, engajou-se em um programa secreto de guerra biológica, violando o tratado quando usou armas biológicas contra as forças aliadas na China, antes e durante a Segunda Guerra Mundial.
Os japoneses faziam experimentos em prisioneiros. Eles expuseram mais de 3.000 vítimas à peste, antraz, sífilis e outros agentes na tentativa de estudar o potencial da doença. Na verdade, muitos soldados japoneses morreram vitimas do seu próprio ataque de armas biológicas durante a Campanha de Zhejiang-Jiangxi em 1942. Estava evidente a dificuldade de se garantir biossegurança na guerra biológica.
Guerra Fria
Na Guerra Fria, os EUA e a ex-URSS desenvolvem pesquisas com armas biológicas. Em 1969, o presidente Nixon, dos Estados Unidos, encerrou o programa de armas biológicas americano. Desde então, as leis norte-americanas proíbem o uso de armas biológicas. A criação e o armazenamento de armas biológicas foi banida pela Convenção sobre A. B. (BWC) de 1972. O acordo foi assinado cerca de 150 países, incluindo o Brasil.
Apesar de ter assinado a BWC, a antiga União Soviética continuou expandindo seu programa, atraindo atenções internacionais depois que o vazamento de antraz de Sverdlovsk em 1979 matou de 65 a 100 pessoas.
Felizmente, o entendimento de que as armas biológicas não são seguras para nenhuma das partes tem afastado a ideia de investimentos na guerra biológica. Entretanto, nada garante que políticos irresponsáveis possam achar conveniente usar vírus e bactérias como armas.
Fonte: biologo.com.br