quinta-feira, 31 de julho de 2014

A nossa menor ameaça

O surgimento de vírus superpoderosos, capazes de matar milhões de seres humanos em poucos dias, parece mera questão de tempo. Conheça as novas descobertas da ciência sobre o funcionamento desses predadores e as armas que estão sendo criadas para combatê-los.

Foi uma epidemia que teria exterminado milhares de pessoas se ocorresse trinta anos antes. Em novembro de 2002, um novo tipo de pneumonia capaz de matar rapidamente surgiu na China e se alastrou sem causar alerta. Quatro meses depois, a SARS (inglês para "síndrome respiratória aguda severa") já estava em 16 países. Levava jeito de ser uma tragédia devastadora, mas não foi o que aconteceu. "Apesar de excepcional em termos de impacto, severidade e alcance internacional, a SARS foi apenas uma das cerca de 50 epidemias internacionais importantes que enfrentamos todos os anos", afirmaram representantes da Organização Mundial de Saúde em um relatório sobre a doença.
Foi um vírus do século 21, uma época em que as doenças se espalham rápido, são fortemente combatidas e deixam um rastro de mortes, pesquisas e milhões de dólares e de dúvidas. E com uma importante diferença em relação às pestes do passado: os cientistas tinham novas tecnologias para combatê-la. Pela internet, os médicos coordenaram ações no mundo inteiro e uniram onze laboratórios em rede para estudar o vírus. Em pouco mais de um mês, eles identificaram o agente da doença e mapearam seu genoma. Era um coronavírus, que até então causava só um leve resfriado em humanos e que, por isso, era pouco conhecido. Nos meses seguintes, eles testaram a resistência do vírus e elaboraram testes diagnósticos, mas não precisaram colocar suas pesquisas em prática. No início de julho, a rede planetária de médicos derrotou o vírus com ferramentas bem antigas: higiene e quarentena. No total, 812 pessoas morreram.
O show dos pesquisadores não foi em vão. "Em poucos meses, os cientistas fizeram mais avanços na pesquisa desse vírus do que em um século", afirma o virologista Celso Granato, da Universidade Federal de São Paulo. Se ele reaparecer – o que não é difícil – existirão tratamentos mais eficazes e, provavelmente, até vacinas em teste. Foi apenas mais uma batalha na longa guerra dos vírus contra todas as outras criaturas, uma das disputas mais antigas de que se tem notícia.

Perfil do assassino

Matar os vírus é uma tarefa complicada porque até hoje não se sabe se eles de fato têm vida. Ao contrário de bactérias, que possuem uma batelada de pequenos órgãos para produzir energia, o vírus nada mais é do que um monte de DNA e enzimas embrulhadas para presente em uma camada de proteína. Um presente de grego: para se replicar, ele precisa invadir outros seres e se apropriar dos instrumentos que eles dispõem. "Os vírus têm algumas características de seres vivos, como gerar descendentes, e não têm outras, como uma existência autônoma. Metade dos cientistas acha que são vida, metade acha que não", afirma o virologista Herman Schatzmayr, da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz).
De qualquer forma, eles reúnem uma enorme complexidade no minúsculo espaço que ocupam. Milhares de vezes menores que uma bactéria, só podem ser vistos com potentes microscópios eletrônicos. Não se sabe como surgiram. É provável que sejam bactérias que perderam várias organelas e a capacidade de viver por conta própria ou pedaços de células que se desprenderam. O fato é que são antigos a ponto de terem interferido na evolução de quase todas as espécies. Uma prova disso veio com o mapeamento do genoma humano, quando foram encontradas seqüências genéticas de vírus escondidas no nosso DNA. "Acredita-se que esses genes não têm nenhuma função para nós, mas é possível que eles se ativem em algumas circunstâncias e tragam problemas como câncer", diz o biólogo Paul Turner, da Universidade de Yale, Estados Unidos.
De bactérias a plantas e elefantes, não existe ser vivo que esteja livre desses parasitas. Muitos tipos de vírus só atacam uma espécie. Outros, no entanto, não são tão seletivos assim. Os rotavírus – que todo anos matam em média 440 mil crianças de diarréia no mundo – passam diretamente de alguns animais para o homem. "Nunca vamos nos livrar deles. Para isso, precisaríamos adotar medidas absurdas, como vacinar todos os macacos do mundo", diz o virologista José Paulo Leite, do Laboratório de Virologia Comparada do Fiocruz.
O modo como os vírus passam de uma espécie para outra é um tema quente para os cientistas. Apesar de o mecanismo ser muito pouco compreendido, sabe-se que essa é a principal forma pela qual novas viroses chegam aos seres humanos. Supõe-se que a Aids, por exemplo, era uma doença de primatas. A SARS provavelmente veio de um tipo de gato apreciado como comida no sul da China, a região de onde surgiram todas as grandes epidemias de gripe que se conhecem. O Influenza, o principal causador da gripe, possui dezenas de variações a mais nas aves do que nos seres humanos, mas elas quase nunca nos infectam. Porcos, no entanto, são bastante suscetíveis aos parasitas das duas espécies e atuam como intermediários no contágio de influenza. Dois tipos de vírus trocam genes dentro dele e geram um nova linhagem capaz de infectar humanos. O sul da China é especialmente propício para que isso aconteça por ser um região populosa em que patos, porcos e gente vivem muito próximos.


A facilidade com que os vírus mudam e trocam genes permite que eles evoluam rápido e se multipliquem em diferentes grupos. Ninguém sabe dizer quantas doenças eles causam. O que se conhece são algumas maneiras com que eles causam tanto estrago. Uma é usurpar as funções vitais das células até que elas morram. Outra é se multiplicar dentro delas a ponto de estourá-las. Outra ainda, como no o caso das hepatites B e C e do papiloma (HPV), é mudar o material genético da célula e fazer com que ela se multiplique sem controle – entre 10% a 20% dos casos de câncer estão relacionados a vírus.
O único objetivo do vírus, no entanto, é se reproduzir. A maioria deles produz muitos descendentes em pouco tempo – causando uma forte doença – e passando para outros indivíduos antes que matem o hospedeiro ou sejam eliminados por ele. Vírus como o da herpes, no entanto, conseguem driblar as defesas imunológicas e permanecer em estado latente para o resto das nossas vidas. O truque é se esconder em células do sistema nervoso, normalmente pouco atacadas pelo sistema imunológico, e permanecer lá até que fatores como desgaste físico ou excesso de sol os façam voltar à ativa. O sucesso da estratégia é evidente – a família de vírus da herpes é extremamente antiga e espalhada na natureza. Até ostras têm herpes.

Arma contra o mal

Até vinte anos atrás, os únicos remédios contra uma infecção viral eram canja de galinha e repouso. "Havia a idéia de que eles não eram um grande problema", diz Celso Granato. A principal linha de defesa contra esses agentes eram as vacinas, feitas a partir de vírus mortos ou atenuados que despertam o sistema imunológico contra o invasor. Assim, os médicos conseguiram erradicar a varíola e colocar a poliomielite perto da extinção – as poucas vítimas restantes estão no Paquistão e na Índia. A situação parecia ser administrável até o surgimento da Aids. Matando milhões em todo o mundo, o HIV desafiava qualquer tratamento existente. Nem toda a canja de galinha e repouso do mundo poderia vencê-los.
A dificuldade imposta pelo HIV fez surgir estímulo e recursos para atacar os vírus. Uma conseqüência foi o desenvolvimento de diagnósticos mais precisos. "Como antes não havia remédio, o médico poderia simplesmente dizer que o problema era uma virose qualquer. Agora a identificação tornou-se importante", afirma Celso. Além disso, a biologia molecular teve um enorme avanço, o que permitiu mapear o DNA de vários vírus e procurar ali pontos vulneráveis. A junção das novas biotecnologias com a necessidade de um remédio para a Aids causou uma revolução no modo de lidar com viroses.
Um dos primeiros campos a se desenvolver foram as vacinas. As antigas funcionavam para a varíola porque ela é causada por um agente com um incrível controle de qualidade, capaz de fazer cópias bastante fiéis de si mesmo. Isso não acontece os vírus da Aids, da influenza e da hepatite. "A replicação deles não é como uma fábrica de automóveis. Para cada vírus bom, são feitos outros 50 ou 100 defeituosos", diz Herman, do Fiocruz. Pode soar contraditório, mas esse modo tosco de produção é sua principal força. Ele gera uma enorme quantidade de material para distrair o sistema imunológico enquanto o vírus perfeito infecta outras células. E ainda gera mutações rápidas no parasita, o que torna qualquer vacina obsoleta em minutos. "Uma pessoa com Aids tem vários tipos de vírus no sangue. Todos são HIV, mas todos são diferentes", diz Herman.


Uma solução para esses casos – que levou à vacina contra a hepatite B – é encontrar uma proteína na superfície do vírus que mude pouco e que possa ser reconhecida pelos nossos anticorpos. Essa substância, injetada no organismo, confere imunidade de modo mais seguro que as vacinas tradicionais, pois não coloca vírus inteiros para dentro do organismo. A estratégia pode levar no futuro a malabarismos ainda mais impressionantes: é possível, por exemplo, injetar um gene da dengue no DNA de um vírus atenuado de febre amarela e, assim, conferir imunidade às duas doenças com a uma só vacina.
A vacina contra a gripe usou outra estratégia. A OMS montou uma rede de vigilância com 112 laboratórios em 83 países que mapeam as estirpes que circulam pelo planeta. Os dados são enviados para a OMS, que faz uma estimativa dos linhagens mais prováveis para o inverno seguinte e prepara uma vacina que durará apenas um ano. "Precisamos saber rapidamente as estirpes que estão surgindo para preparar vacinas adequadas", diz Teresinha Maria de Paiva, do Laboratório de Virus Respiratórios do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo.
A evolução do remédios foi ainda mais impressionante. Além de medicamentos capazes de anular as enzimas do vírus – já utilizadas no coquetel de remédios contra a Aids – surgiram várias novas propostas para parar esses agentes em todos os seus estágios. Com os remédios existentes, os médicos conseguem eliminar 99,9% do HIV em alguns pacientes. O problema é que os poucos que sobram são suficientes para recomeçar a infecção e, para piorar, eles ainda voltam mais fortes. "Os vírus são extremamente bons em criar variantes para escapar de novas drogas. Eles evoluem mais rápido do que a nossa habilidade de criar terapias", diz o biólogo Paul Turner.

Quem leva a melhor

Ganhar a guerra contra os vírus é tão impossível quanto vencer a luta contra o terrorismo. Por outro lado, não serão eles que eliminarão os humanos desse planeta. Pequenas diferenças entre as pessoas garantem a alguns uma proteção maior a certas doenças. Graças a essa diversidade, não existe um só vírus capaz de infectar todos os seres humanos do planeta. Por mais forte que seja a epidemia, sempre sobrarão alguns de nós para repovoar o planeta com pessoas mais resistentes à doença. Vírus quase iguais ao da gripe espanhola, que mataram milhões, até hoje circulam na população causando gripes muito menos violentas.
Mas os vírus deverão trazer cada vez mais prejuízos. Estamos modificando o ambiente e nos aproximando cada vez mais de novas espécies – seja no aquecimento global, na derrubada de florestas, na abertura de estradas ou na domesticação de animais silvestres – o que nos coloca em contato com novos reservatórios de parasitas. Essas mudanças forçam os vírus a se adaptar e, às vezes, buscar novos hospedeiros como o ser humano. Para completar a tragédia, a população mundial se tornou extremamente numerosa e reunida em centros urbanos. "Quando há uma grande concentração de hospedeiros, a evolução tende a favorecer vírus de ação rápida e devastadora. A nossa situação automaticamente seleciona agentes mais virulentos", diz Paul Turner. E, como a SARS provou, hoje em dia é muito fácil para um parasita pegar um avião e aparecer em outro lugar do mundo. Portanto, não fique surpreso se outras grandes epidemias se alastrarem pelo mundo nos próximos anos.
É possível aplicar golpes duros nos vírus. Podem vir a surgir, por exemplo, drogas milagrosas que derrotem variedades hoje consideradas imbatíveis. Também existem projetos de mapear os tipos de parasitas que circulam em outras espécies para saber qual é a chance de contágio humano. Além disso, podemos mudar alguns dos nossos costumes para interromper os canais de proliferação – usar preservativos ou redes contra mosquitos já resolve muita coisa. Só não podemos ter esperanças que um dia os vírus desaparecerão. Nessa guerra, o único resultado possível é o empate.

A ação do vírus

O passo-a-passo da infecção por HIV
1. A infecção começa quando uma molécula no exterior do vírus se liga a outra na superfície da célula – o receptor. No corpo humano, as células que possuem os receptores apropriados para o HIV são um tipo específico de glóbulo branco, as células-T auxiliares
2. Ao se ligar à célula, o vírus inicia uma série de reações que fazem sua superfície se fundir à da célula e jogar uma cápsula de proteína (chamada cápside) dentro dela. A cápside se desfaz e libera enzimas e material genético na forma de RNA
3. Com a ajuda da enzima transcriptase reversa, o material genético do vírus se converte de RNA para DNA, tornando-se parecido com o material genético de nossas próprias células. O estágio seguinte é ir para o núcleo
4. O DNA viral funde com o nosso graças à ação de uma enzima chamada integrase. A partir desse momento, a célula produzirá material dos vírus toda vez que tentar fazer nossas próprias proteínas
5. A protease divide as proteínas em cadeias menores, que resultam nos ingredientes do vírus. A célula, com seu maquinário dedicado à produção dos parasitas, não consegue cumprir suas funções vitais e começa a morrer
6. As partes se juntam, formam novos vírus e saem da célula. O processo é bem ineficiente. Os agentes produzidos são bastante diferentes entre si e, para cada vírus perfeito, são produzidos dezenas de defeituosos

A destruição do vírus

Novas formas de eliminar a doença
Inibidores de enzimas
São as principais drogas do atual coquetel contra a Aids. São substâncias que ocupam o mesmo lugar de enzimas como a protease e a transcriptase reversa, mas não exercem a mesma. Assim, bloqueiam a replicação do vírus em vários estágios
Bloqueadores de fusão
Substâncias que se ligam aos receptores do vírus e impedem que eles ganhem acesso ao interior da célula. Existem ainda drogas em teste que impedem a fusão da cápsula de proteína do vírus com a membrana
Moléculas Anti-sentido
São substâncias que se encaixam com precisão no RNA do vírus e impedem que eles produzam novas proteínas. É como se a molécula conseguisse "desligar" um dos genes do vírus sem danificar o resto da célula
Vacinas
Umas das novas propostas é modificar geneticamente um vírus inofensivo e dar a ele a mesma capa de proteínas do HIV. Ele estimularia defesas contra a doença sem causar infecções
Injeção de interferon
É uma substância que estimula a produção de HLA (antígeno leucocitário humano), uma proteína que vai para a membrana da célula e sinaliza para o sistema imune que a célula foi infectada
Inibidores de dedo de zinco
As moléculas da núcleocápside são mantidas juntas por substâncias chamadas "dedo de zinco". Remédios em teste conseguem inibir essa proteína e evitar que um novo vírus se forme

Tragédia contagiosa

As maiores epidemias causadas por vírus
Ano - 1519 - 1520
Doença - Varíola: a doença chega ao México e encontra nativos totalmente vulneráveis
Número estimado de mortes - 5- 8 milhões
Ano - 1918
Doença - Influenza: a gripe “espanhola” surge na Ásia e mata mais do que a Primeira Guerra Mundial
Número estimado de mortes - 20 - 40 milhões
Ano - 1968
Doença - Influenza: o vírus muda uma de suas proteínas e dá origem à gripe de Hong Kong
Número estimado de mortes - 700 mil
Ano - 1981- hoje
Doença - AIDS: transmitida sexualmente, até hoje causa cerca de 3,5 milhões de mortes por ano
Número estimado de mortes - 26 milhões

Fonte: Superinteressante

Quando a gestão da água vai entrar para o debate sobre o desenvolvimento do Brasil?


Trecho do rio Tapajós que será cortado pela barragem da hidrelétrica São Luiz, uma das 40 usinas previstas para a região (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)
Trecho do rio Tapajós que será cortado pela barragem da hidrelétrica São Luiz, uma das 40 usinas previstas para a região (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)

Elemento vital para a sociedade e a economia, a água ainda não ocupa um lugar estratégico no debate sobre o desenvolvimento do país. Mesmo detendo cerca de 12% de toda água doce superficial do planeta, o Brasil vem falhando na gestão deste recurso natural tão precioso. A gestão das águas não é discutida em profundidade pela sociedade brasileira e tampouco pelos tomadores de decisão. No entanto, não há momento mais oportuno do que este para olharmos a gestão de recursos hídricos no território nacional sob uma nova perspectiva.

Enquanto os candidatos às eleições afinam seus programas de governo, a drástica seca que assola São Paulo nos afronta com a necessidade de incluirmos a gestão das águas definitivamente no debate nacional. É hora de trazer para a o centro das discussões questões que se relacionam entre si, mas cujas conexões quase nunca são feitas. É o caso do desmatamento e a escassez de água – ou ainda o baixíssimo índice de tratamento de esgotos nas capitais do Brasil e cidades do interior e suas vinculações com a saúde, o ambiente e o desenvolvimento.

>> A resposta da população à crise da água em São Paulo

Era de se imaginar que os exemplos recentes sobre a crise da água entrassem para o campo cognitivo da percepção política.  Mas temos dúvidas se isso está acontecendo. Barrar gigantescos rios amazônicos – como o Tapajós, por exemplo – para construir sequências de barragens é uma decisão política, no mínimo, temerária, considerando a grande possibilidade de haver um desequilíbrio tal naquele ecossistema que não tenhamos como remediar depois. Somam-se a isso, as mudanças no clima, cujos impactos sobre o regime de chuvas e hídrico da região ainda mal conseguimos prever. Portanto, muita calma.

É claro que o país teve significativos avanços na questão da água. É o caso da Política Nacional de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, instituídos por lei em 1997. Porém, a gestão das águas no Brasil clama por novas e mais sofisticadas modalidades de governança.

E se governança pressupõe um bom aparato de Estado (regulamentações, políticas e mecanismos de gestão e de implementação), ela também inclui o amplo diálogo e a participação da sociedade. E temos aí os comitês de bacias instituídos em várias regiões do país com algumas experiências exitosas.

Os comitês, bem como o Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, precisam ser fortalecidos, estruturados e ter recursos financeiros. É urgente elaborar e executar os planos de bacias como mecanismos importantes para garantir os usos múltiplos das águas, incluindo a manutenção dos ecossistemas aquáticos.

Governança, campanhas educativas, recuperação de áreas degradadas e da mata ciliar, proteção de nascentes, responsabilidade social empresarial são aspectos que têm de entrar de vez para o cerne das políticas públicas de gerenciamento dos recursos hídricos.

Acrescentaria ainda como prioridade nacional pensarmos em formas de adaptação às mudanças climáticas – que impactam fortemente as bacias hidrográficas – e uma política energética de horizontes mais abertos.  Hoje, a política está muito enviesada, focada fortemente na geração de energia hidrelétrica e suas arriscadas propostas de barramentos de importantes rios ou uma quantidade imensa de pequenas centrais hidrelétricas em apenas uma bacia.

Até que venham à luz as novas análises desse estudo, é oportuno lembrarmos ainda de como recentes políticas de governo repercutiram de modo ameaçador sobre já a frágil situação de nossos mananciais. Foi o caso da aprovação de um Código Florestal que pouco servirá, de fato, para proteger as florestas nativas remanescentes ou mesmo recuperar aquilo que se degradou, mesmo tendo em vista alguns instrumentos, como o Cadastro Ambiental Rural.

Com o atual Código Florestal passando feito trator sobre questões vitais para a segurança hídrica,  ficou evidente que a sociedade ainda não assimila as já citadas relações sistêmicas entre as florestas, matas ciliares e a oferta de água – inclusive para a agricultura.

Além disso, sob o ponto de vista do governo, olhar as bacias hidrográficas apenas como potenciais geradoras de energia elétrica e restringir o diálogo a um “seleto” grupo de técnicos e empresários é um equívoco com graves consequências para o restante da população. A sociedade, que inclui os ribeirinhos, os cientistas, a sociedade civil, os indígenas, os outros setores empresariais e os consumidores finais, deve fazer parte desse diálogo.  

E seria oportuno também aos gestores públicos estabelecer políticas de Estado para remunerar quem produz água boa ou ajuda a conservar as fontes nas quais beberão as futuras gerações. Além disso, os setores empresariais, sejam os da área urbana ou rural - especialmente aqueles que usam mais água precisam saber que está na hora de fazerem mais do que o dever de casa.

Se trabalharem apenas dentro de seus muros, estarão cometendo o mesmo equívoco que o setor público, que enxerga na água apenas o viés de produção de energia, esquecendo-se até mesmo o que move boa parte de seus processos produtivos.


A agenda das águas é extensa e por onde quer que se puxe o fio, vemos que há espaço para o aprimoramento nas formas de abordarmos o tema. Por sua condição estratégica do ponto de vista da economia e da sociedade, e vital para todos os seres vivos, a água deveria ser prioridade no debate sobre o futuro estratégico do país. Vejamos qual será o tratamento que se dará às águas nos debates eleitorais e nas plataformas de governo. Pelo sim, pelo não, será um indicador de como o Brasil quer para o futuro.

Fonte: http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2014/07/quando-bgestao-da-aguab-vai-entrar-para-o-debate-sobre-o-desenvolvimento-do-brasil.html


sexta-feira, 25 de julho de 2014

270 pessoas mortas congeladas aguardam para serem revividas com a tecnologia do futuro

Quantas vezes já ouvimos dizer que Elvis Presley e Michael Jackson não morreram? Muitos garantem que o corpo de Walt Disney está neste momento congelado em algum lugar secreto esperando que tecnologias futuras o façam “reviver”. Bem, talvez isso não seja uma coisa muito longe de acontecer! Algumas instituições acreditam no poder de preservação da criogenia e estão realmente colocando isso em prática.

A criogenia é um ramo da físico-química que estuda tecnologias para a produção de temperaturas muito baixas (abaixo de -150°C). Quando liquefeitos, gases como o nitrogênio, hélio e oxigênio são usados em muitas aplicações criogênicas. Com isso, os cientistas do Cryionics Institute (CI) fundado em 1976 busca a preservação da vida por meio desta tecnologia, tendo como seu mentor Robert Ettinger, o “pai da criogenia” que utilizou o corpo da própria mãe como base do estudo.

Segundo, o Cryionics Institute imediatamente após a morte confirmada, o paciente é exposto a uma substância que impedirá a formação de gelo em torno do corpo. Em seguida, o corpo é resfriado a uma temperatura baixíssima, etapa em que, a exteriorização física é interrompida. A partir daí, o paciente é mantido por tempo indeterminado em “cryostasis“, ou seja, preservado em nitrogênio líquido.

Não há dúvida de que a criopreservação é possível, mas daí imaginar que o paciente é capaz de voltar a vida, já é outra história. Mesmo assim, membros do CI afirmam que ressuscitar um corpo morto será uma possibilidade real. Muitos testes com organismos biológicos foram criopreservados, armazenados à baixíssima temperatura em nitrogênio líquido e posteriormente reviveram. Os testes foram feitos em insetos, enguias e tecidos humanos (inclusive o cérebro) e pequenos órgãos de mamíferos. As técnicas tem caminhado para que cada vez mais, células, órgãos e tecidos voltem à vida depois de criopreservados.

Os cientistas do CI garantem que este procedimento não significa exatamente uma ressurreição de mortos, como um milagre religioso. A criogenia não poderá restaurar a vida de pessoas na qual seus cérebros tenham sido fisicamente destruídos. O que a criogenia garante, é que um corpo criopreservado limita danos em todas as estruturas e preserva de forma que possa voltar à vida.

Desde 2013, cerca de 270 pessoas foram submetidas a procedimentos de criopreservação, 100 destes estão no Cryionics Institute. E o procedimento pode não ser tão caro assim. Se você quer ter seu corpo preservado para uma “possível ressurreição” a partir de tecnologia futura, só precisa pagar o referente a US $ 28.000,00 assim que for dado como morto e depois, sua família precisa se comprometer com a manutenção mensal dos equipamentos.

Bem, fica o benefício da dúvida…

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Imagem ilustrativa.

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Área onde os corpos ficam preservados no Cryonics Institute!

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Nesta imagem, o Dr. Jerry Lemler, presidente e CEO da Alcor Life Extension Foundation, está na área onde 49 pessoas são mantidas congeladas!

Fonte: Diário de Biologia

terça-feira, 15 de julho de 2014

Por que bocejamos?

Nova hipótese defende que o bocejo ocorre para resfriar o cérebro e que o número de bocejos depende da temperatura do ambiente: é maior quando faz mais calor.

Por que bocejamos?
Cercado de mistérios e com diversas hipóteses explicativas, o bocejo é um ato corriqueiro: os seres humanos bocejam cerca de 240 mil vezes ao longo da vida. (imagem: Autorretrato, Joseph Ducreux/ Wikimedia Commons – CC BY-SA 3.0)

O tema deste mês pode parecer sem importância e corriqueiro. Corriqueiro, sim – afinal, bocejamos cerca de 240 mil vezes ao longo da vida. Mas, sem importância, não: o assunto é cercado de mistérios e tem várias hipóteses explicativas. Agora, surgiu mais uma: boceja-se para baixar a temperatura do cérebro – o que é, sem dúvida, boa desculpa para quando o fenômeno ocorre em um momento inconveniente.

Liderada por Andrew Gallup, da Universidade do Estado de Nova York, em Oneonta (EUA), a equipe de pesquisadores austríacos e norte-americanos partiu para testar resultado anterior: o número de bocejos depende da temperatura do ambiente. Naquele estudo – feito em uma zona quente e árida dos EUA –, notou-se que o nível de ‘contágio’ aumenta com o aumento da temperatura externa, mas começa a decair à medida que a temperatura externa se aproxima da corporal (cerca de 37ºC).

Mas faltava ver o que acontecia a temperaturas muito baixas, próximas de zero celsius. No experimento – agora feito em Viena –, os pesquisadores mostraram 18 imagens de gente bocejando para 120 transeuntes, escolhidos ao acaso, no inverno (cerca de 1,5ºC) e no verão (cerca de 20ºC).


Ao final, os resultados mostraram o que já se esperava: o bocejo contagiante foi “significativamente mais baixo no inverno do que no verão” (18,3% versus 41,7%). Os resultados comparando os dois estudos estão publicados em Physiology & Behavior (10/05/14).

Resumindo: o número de bocejos obedece a uma janela de temperatura. Portanto: i) quando está muito frio, são poucos bocejos, pois não há necessidade de refrigerar o cérebro ou corre-se o risco de esfriá-lo muito, o que pode ser perigoso; ii) à medida que a temperatura do ambiente vai subindo, o número de bocejos vai aumentando, pois agora é preciso refrigerar o cérebro; iii) quando a temperatura externa começa a se aproximar daquela do corpo (37ºC) ou a ultrapassa, o número de bocejos cai bruscamente, pois “respirar um ar que está mais quente que a temperatura do corpo pode ser contraproducente. De forma condizente com essa afirmação, vemos que a frequência de bocejos diminui nessas temperaturas”, explicou Gallup para a CH.

Analisados todos os outros possíveis fatores que poderiam influenciar no experimento (sexo, idade, temperatura, umidade, horário, horas de sono etc.), os pesquisadores afirmam que apenas um fator consegue explicar os resultados: a temperatura.


A partir disso, os autores lançaram a seguinte hipótese: “O mecanismo subjacente para os bocejos em humanos, tanto o espontâneo quanto o contagiante, parece estar envolvido com a termorregulação cerebral”, escrevem eles na sinopse do artigo.

Alerta!
Membros da equipe já haviam estudado o bocejo em ratos e periquitos – sim, periquitos também bocejam –, por exemplo. E todos esses dados, segundo os pesquisadores, corroboram a hipótese de que se boceja para refrigerar o cérebro.


E o mecanismo básico da refrigeração é o seguinte. Em entrevista para um sítio norte-americano (WebMed), Gallup – que participou dos dois estudos – explica: i) para bocejar, é preciso abrir a boca, e isso aumenta o fluxo de sangue para o pescoço, a face e a cabeça; ii) a respiração mais profunda no bocejo força para baixo tanto o líquido espinhal quanto o sangue do cérebro; iii) o ar mais frio que penetra a boca ajuda a ‘roubar’ calor do sangue dessas regiões e desses líquidos e, consequentemente, resfria o cérebro.

cão bocejando
Há evidências de que o bocejo contagiante ocorra também em vários vertebrados sociais, e que o contágio pode acontecer entre espécies, como entre humanos e cães. (foto: M. Fullmer/ Freeimages)

Bocejar, explicou Gallup para o sítio, faz o papel de um radiador – como aqueles presentes nos veículos –, tirando o sangue quente do cérebro e introduzindo um mais frio, vindo dos pulmões. Estudos anteriores já haviam mostrado que, quando se respira pelo nariz – o que é mais eficiente para resfriar o cérebro – ou se põe algo frio na testa, boceja-se menos.


Mas por que esfriar o cérebro? Há evidências de que o órgão funciona de forma mais eficiente a baixas temperaturas. E isso tem a ver com um estado mais alerta. “O bocejo de contágio poderia, portanto, coordenar um estado mais alerta em um grupo e, desse modo, aumentar o estado geral de vigilância do grupo”, escreveram os autores. Ou seja, o bocejo combateria o sono em vez de ser um indicativo (ou promotor) dele, como o senso comum indica.

Entre espécies 
Há evidências de que o bocejo contagiante ocorra também em vários vertebrados sociais. E que o contágio pode ocorrer entre espécies, como entre humanos e cães.

A hipótese do resfriamento cerebral será a palavra final sobre o misterioso bocejo? É, por enquanto, só um bom candidato a explicar o fenômeno e terá que rivalizar com outras hipóteses – algumas, é verdade, enfraquecidas ou desacreditadas. A saber: i) bocejar teria uma função social, de criar empatia em membros de um grupo; ii) serviria para oxigenar o cérebro – esta ainda do século 19 e hoje em desuso; iii) para mostrar os dentes e intimidar adversários (idem); iv) para demonstrar tédio e cansaço (a mais convencional). E há outras, menos famosas.

Fetos com 11 semanas já bocejam. E as batidas do coração podem aumentar em 30% em um bocejo. Tartarugas, peixes, pássaros, crocodilos... bocejam.


Cássio Leite Vieira

Ciência Hoje/ RJ

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Mão no tornozelo

Essa achei interessante. 

O chinês Xiao Wei, que teve a mão decepada em um acidente de trabalho, teve a mão costurada a seu tornozelo por um mês para mantê-la viva antes que médicos pudessem reimplantá-la

Vírus chikungunya deixa 33 mortos nas Antilhas e na Guiana Francesa

Informação foi divulgada pela ministra da Saúde da França, Marisol Touraine.
'Trata-se de uma epidemia, com 5 mil novos casos por semana', disse ela.


Vírus chikungunya é transmitido por mosquitos Aedes aegypty (no alto) e  Aedes albopictus (Foto: Douglas Aby Saber/Fotoarena-AFP Photo/EID Mediterranee)
Vírus chikungunya é transmitido por mosquitos
Aedes aegypty (no alto) e Aedes albopictus
(Foto: Douglas Aby Saber/Fotoarena-AFP Photo/
EID Mediterranee)
O vírus chikungunya provocou indiretamente a morte de 33 pessoas nas Antilhas e na Guiana Francesa desde dezembro, indicou nesta quinta-feira (10) a ministra francesa da Saúde, Marisol Touraine, classificando os casos como “grande epidemia”.“Até hoje, a doença provocou indiretamente 33 óbitos de pessoas idosas frágeis, afetou 100 mil pessoas e provocou mil hospitalizações nos departamentos franceses da América”, anunciou o ministério da Saúde.“Trata-se de uma grande epidemia, com 5 mil novos casos por semana”, declarou Marisol Touraine em declarações a meios de comunicação franceses.“A epidemia que afeta as Antilhas e a Guiana é um problema importante de saúde pública”, acrescentou, ressaltando que “o início do período de verão e a estação de chuvas propiciam a reprodução do mosquito que o transmite, o que aumenta os temores de um crescimento do número de casos’.A ministra insistiu na importância das medidas de precaução para evitar a proliferação dos mosquitos.O vírus chikungunya que, assim como a dengue, é transmitido através dos mosquitos aedes, causa febre, dores articulares, musculares e de cabeça. O tratamento se limita a amenizar os sintomas, já que não existe cura ou vacina contra esta doença, que raras vezes é mortal, mas que pode ser fatal para as pessoas frágeis.Vírus já circula no Brasil – Este ano, já houve 20 casos da infecção notificados no Brasil desde maio, de acordo com o Ministério da Saúde. Mas, até o momento, todos são importados: 19 pacientes contraíram o vírus no Haiti e um, na República Dominicana. Isso significa que não há evidências de que o vírus esteja circulando entre os mosquitos do país.A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa “aqueles que se dobram”, em referência à postura que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a doença causa.Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). (Fonte: G1)

Política de Resíduos Sólidos ainda não foi completamente implementada no País


Poltica de Resduos Slidos ainda no foi completamente implementada no Pas

Os números mostram que quando o assunto é lixo o Brasil ainda precisa avançar e muito. Cada brasileiro produz em média 383 quilos de lixo por ano. Todo esse lixo chega a 63 milhões de toneladas em doze meses. E a tendência é piorar. A quantidade de lixo cresceu 21% só na última década, mas o tratamento adequado dado a esses resíduos não aumentou.

Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, só 3% dos resíduos sólidos produzidos nas cidades brasileiras são reciclados, apesar de 1/3 de todo o lixo urbano ser potencialmente reciclável.

Em 2010 o Congresso aprovou, depois de 20 anos de discussão, uma política nacional de resíduos sólidos (Lei 12.305/10). A intenção é estimular a reciclagem e a chamada logística reversa - quando o fabricante é responsável por recolher a embalagem do produto usado. Esse sistema já funciona no Brasil para o setor de agrotóxicos, pilhas e pneus.

Especialistas ressaltam que a coleta seletiva é essencial para que seja implementada a logística reversa, também prevista na lei. Mas de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), só existe algum tipo de iniciativa de coleta seletiva em 60% dos municípios brasileiros.

Para a consultora legislativa da Câmara dos Deputados Sueli Araújo, que atua na área de meio ambiente, é preciso cobrar a coleta seletiva. “As associações ambientalistas têm cobrado, mas podiam se dedicar um pouquinho mais.”

Ela ressalta que o Brasil é o país que mais recicla latinhas de alumínio, mas lembra que essa prática é anterior à lei e mérito dos catadores de lixo. Sueli afirma que é importante inserir os catadores no processo de destinação de resíduos e logística reversa, mas ressalta que essa atuação é limitada porque eles não podem lidar com substâncias perigosas que existem em alguns resíduos.

Lixões

A Política Nacional de Resíduos prevê também a construção de aterros sanitários para substituir os mais de dois mil lixões do País. Traz até uma data para o fim dos lixões: 3 de agosto deste ano. No entanto, falta menos de um mês para esse prazo expirar e a maior parte dos municípios ainda não está preparada para cumprir essa determinação.

Para o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA), que é presidente da Comissão de Meio Ambiente, é preciso aumentar o prazo para as prefeituras acabarem com os lixões.

No ano passado, o presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, já havia avisado que as prefeituras não tinham recursos para cumprir a lei. Ele explicou que, para acabar com todos os lixões do País, é necessário a organizar a coleta seletiva, instalar usinas de reciclagem e depositar o material orgânico em aterros sanitários.

A consultora legislativa Sueli Araújo confirma que há uma demanda pela ampliação do prazo, mas alerta que esse adiamento precisa vir acompanhado de pactos que garantam o cumprimento desse novo prazo.

Para o deputado Sarney Filho (PV-MA), o presidente da Frente Parlamentar Ambientalista, o governo federal precisa coordenar melhor o trabalho das prefeituras.

“Não basta acabar com os lixões, você precisa gerenciar o destino desses resíduos”, alerta Sueli Araújo. Ela lembra que os municípios precisam elaborar um plano de gestão integrada de resíduos sólidos. Segundo a consultora, poucas cidades fizeram esse plano e tiveram pouco apoio, seja técnico ou financeiro, da União e dos estados.

A Política Nacional de Resíduos estabelece que os municípios que dispuserem lixo a céu aberto após agosto de 2014 passarão a responder por crime ambiental. As multas previstas variam de R$ 5 mil a R$ 50 milhões.

Fonte: Agência Câmara e http://www.alagoas24horas.com.br/conteudo/?vCod=205203

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Biodiversidade marinha

Museu Oceanográfico Univali passa a abrigar a segunda maior coleção de peixes cartilaginosos do mundo.

Biodiversidade marinha
Pesquisadores da Univali mostram algumas espécies do acervo do Museu Oceanográfico. (foto: Divulgação/ Univali)

O Museu Oceanográfico da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), localizado em Balneário Piçarras, no litoral norte de Santa Catarina, passou a abrigar a segunda maior coleção de tubarões, raias e quimeras do mundo. A instituição chegou à vice-liderança no ranking depois de receber cinco mil peças de peixes cartilaginosos do Núcleo de Pesquisa e Estudo em Chondrichthyes (Nupec), que já abrigava a antiga coleção do Instituto de Pesca de São Paulo (Ipesca) e recentemente fechou sua sede.

Com a integração dos acervos, o museu tem agora 12 mil exemplares, entre espécies raras que ocorrem na costa brasileira e animais de outras regiões do globo. A coleção supera em quantidade amostras seculares de cidades como Londres, Paris e Nova Iorque e só fica atrás do Museu Nacional dos Estados Unidos, com sede em Washington.


Segundo o geógrafo da Univali Jules Soto, curador geral do museu, um dos maiores destaques do novo acervo é o tubarão mangona-negra (Odontaspis noronhai). “Dessa espécie, que é raríssima, apenas três exemplares estão expostos em museus do mundo todo”, diz Soto. “Agora um deles está no nosso museu”, orgulha-se o geógrafo.

Mangona-negra
Exemplar de mangona-negra (‘Odontaspis noronhai’), espécie rara de tubarão, pertencente à Univali. O animal foi capturado no início da década de 1980 na costa sul do Brasil. (foto: Jules Soto)

Com barbatanas pretas – em alguns casos a nadadeira dorsal tem a ponta branca – e o focinho pontudo, o mangona-negra ocorre em diferentes regiões do oceano Atlântico e pode ser encontrado no sul do Brasil. O macho chega a medir até 3,6 m, e a fêmea, 3,3 m.


Exposição e pesquisa
As peças de maior notoriedade serão agregadas a outras já em exposição no museu. Antes da montagem dos módulos, os exemplares vão passar por processos de revisão, higienização e acomodação.


Todo o material será disposto de uma forma que leve o espectador a passar por todo o museu. “Assim, ele não perde nenhuma atração”, comenta o curador. A previsão é de que o trabalho de organização do acervo esteja concluído em julho próximo. 

Acervo do Museu Univali
Parte do acervo do Museu Oceanográfico Univali, que passa por processo de organização. (foto: Divulgação/ Univali)

O principal objetivo da nova coleção, de acordo com Soto, é dar ao pesquisador condições de realizar estudos em áreas como anatomia, sistemática e biogeografia. A análise das peças pela comunidade científica deverá, segundo ele, ampliar o conhecimento sobre tubarões e raias encontrados no Brasil. “Essa coleção é o maior testemunho da biodiversidade brasileira nesse grupo zoológico”, avalia.
Além da ampla coleção de peixes cartilaginosos, o Museu Oceanográfico Univali abriga também 89 mil peças de conchas, 708 lotes de mamíferos marinhos (baleias, golfinhos, focas, lobos e leões-marinhos) e 644 lotes de tartarugas-marinhas.