Uma matéria interessante a respeito de um produto amplamente utilizado pelas pessoas. Vale a pena ser lido para conhecer melhor esses produtos.
28/06/2009 - 08h00
Chris Bueno
Especial para o UOL Ciência e Saúde
Açúcar ou adoçante? A pergunta na hora de servir um cafezinho esconde um dilema. Se o açúcar virou vilão da alimentação saudável, os adoçantes também não estão imunes a críticas. Há indícios de que eles possam causar retenção de líquidos e especialistas divergem sobre o risco de câncer associado a esses produtos.
Desde que os primeiros adoçantes foram lançados no mercado, surgiram também as dúvidas sobre seus riscos para a saúde humana. Spams, blogs e fóruns de discussão alarmam sobre os perigosos efeitos colaterais dessas substâncias, mas a verdade é que ainda não há comprovação suficiente de que os adoçantes provocam tumores em seres humanos.
A dúvida surgiu nos anos 1970, quando pesquisadores americanos realizaram testes em ratos utilizando grandes quantidades de sacarina e ciclamato (tipos bem populares de adoçantes). O resultado foi o surgimento de câncer de bexiga nas cobaias. Porém, os testes utilizaram quantidades altíssimas dos produtos, o equivalente ao consumo humano de 700 latas de refrigerantes por dia.
O medo aumentou quando outros testes realizados no Japão indicaram que o ciclamato não era completamente absorvido pelo intestino, e parte desse resíduo era convertido pelo organismo em ciclohexilamina, uma substância considerada cancerígena. Porém, pesquisas posteriores mostraram que a quantidade de ciclohexilamina produzida era muito pequena - cerca de 0,1% na maioria dos usuários regulares do ciclamato.
Devido a esses testes, o ciclamato é proibido nos Estados Unidos desde 1969. Outros países seguiram o exemplo, mas, como as inúmeras pesquisas posteriores não comprovaram o risco, o produto foi novamente liberado para comercialização em muitos lugares.
Hoje, o ciclamato é aprovado e utilizado em mais de 50 países, inclusive na União Europeia e no Brasil, e o adoçante está sendo reavaliado pela Food And Drug Administration, o FDA (agência norte-americana que regula medicamentos e aditivos alimentares), com grandes chances de voltar a ser comercializado.
Outro adoçante, o aspartame, também foi acusado de ser cancerígeno. Em 2006, testes realizados na Itália pela Fundação Europeia de Oncologia e Ciências do Meio Ambiente apontaram que a substância era capaz de provocar linfomas e leucemia em ratos, mesmo quando administrada em doses muito parecidas com a dose diária admitida para o homem. Novamente, os testes seguintes não puderam comprovar o risco do produto em seres humanos, o que levou a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA) a divulgar um parecer alegando que não havia evidências que sustentassem uma associação entre o aspartame e o câncer.
"A literatura científica apresenta muitas controvérsias sobre os compostos substitutos do açúcar. No entanto, é preciso levar em conta que estudos populacionais requerem uma grande amostragem, com seguimento contínuo, sintomas semelhantes etc. No caso do câncer, que se apresenta como uma doença multifatorial, é perigoso mostrar essa relação causal", ressalta a bioquímica Aureluce Demonte, professora do Departamento de Alimentos e Nutrição da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Araraquara.
Além do câncer
As suspeitas sobre os efeitos dos adoçantes na saúde vão além do câncer. Há quem diga que o ciclamato é responsável por alterações genéticas e atrofia testicular. E o aspartame é acusado de causar danos neurológicos, por ter como um dos principais elementos de sua composição o ácido aspártico, uma neurotoxina (substância que causa a morte dos neurônios e danos ao sistema nervoso).
O que coloca em cheque essas acusações é o fato de que os testes realizados utilizaram doses muito grandes dessas substâncias. "Sabe-se hoje que, para ter um efeito semelhante, seria necessário consumir um pote inteiro de adoçante por dia, por um tempo prolongado. Para indivíduos saudáveis e com consumo moderado, os adoçantes não trazem riscos à saúde", afirma a nutricionista Vanessa Kirsten, professora e coordenadora do Curso de Nutrição do Centro Universitário Franciscano (Unifra), no Rio Grande do Sul.
Um consolo para os consumidores desses produtos é que eles são inspecionados e liberados para o consumo por agências reguladoras. Tanto a sacarina como o ciclamato e o aspartame são aprovados pela agência europeia e pela brasileira Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Com exceção do ciclamato, a FDA, a Associação Americana do Coração e a Associação Americana de Diabetes também aprovam as substâncias. Mas lembre-se de respeitar os limites indicados nos rótulos!
Espaço destinado a assuntos relacionados a Biologia, Educação, alguns fatos pessoais e o que mais fizer bem ao cérebro.
domingo, 28 de junho de 2009
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Aumento de oxigênio nos oceanos pode ter levado ao surgimento de animais complexos
ciência
20/12/2006
Um estudo agora divulgado traz uma nova explicação para resolver um enigma que tem intrigado cientistas há muito tempo, a começar pelo inglês Charles Darwin (1809-1892).
Após quase 3 bilhões de anos em que a evolução na Terra ocorreu principalmente entre organismos unicelulares, grandes animais passaram a fazer parte da cena. Não que tenham surgido subitamente, mas a ocorrência desses animais complexos no registro fóssil de 500 milhões de anos permanece um mistério.
O próprio “pai da evolução” se dizia perplexo com o surgimento dos grandes animais, a ponto de a questão ter-se tornado conhecida como “dilema de Darwin”. Agora, um grupo de pesquisadores liderado pelo paleontólogo Guy Narbonne, da Universidade de Queens, na Inglaterra, aponta uma causa.
Segundo os pesquisadores, um enorme aumento na quantidade de oxigênio nos oceanos pode ter levado ao surgimento de animais complexos. O estudo indica que a elevação, ocorrida há cerca de 580 milhões de anos, corresponde à primeira aparência de fósseis de grandes animais na península de Avalon, na província canadense de Newfoundland.
Os resultados do estudo foram publicados na Science Express, versão on-line com artigos que sairão na edição impressa da revista Science.
“Nosso estudo mostra que os sedimentos mais antigos encontrados na península de Avalon, sem registro de fósseis de animais, foram depositados durante um período em que havia pouco ou nenhum oxigênio livre nos oceanos do mundo”, disse Narbonne, em comunicado da Universidade de Queens.
“Há evidências de um enorme aumento, imediatamente após aquela era do gelo, do oxigênio atmosférico de pelo menos 15% dos níveis atuais. Esses outros sedimentos também contêm evidências dos mais velhos fósseis de grandes animais”, afirmou.
Segundo os cientistas, a estreita conexão entre a primeira ocorrência de oxigenação nos oceanos e o surgimento de tais fósseis confirma a importância do oxigênio como um gatilho para a evolução animal.
Em 2002, Narbonne liderou um grupo que descobriu a mais antiga forma de vida complexa no planeta, também em Newfoundland, que levou o surgimento de tais seres vivos para mais de 575 milhões de anos.
O artigo Late-Neoproterozoic Deep-Ocean Oxygenation and the Rise of Animal Life, de G. Narbonne e outros, pode ser lido na Science Express em www.sciencemag.org. (Agência Fapesp)
20/12/2006
Um estudo agora divulgado traz uma nova explicação para resolver um enigma que tem intrigado cientistas há muito tempo, a começar pelo inglês Charles Darwin (1809-1892).
Após quase 3 bilhões de anos em que a evolução na Terra ocorreu principalmente entre organismos unicelulares, grandes animais passaram a fazer parte da cena. Não que tenham surgido subitamente, mas a ocorrência desses animais complexos no registro fóssil de 500 milhões de anos permanece um mistério.
O próprio “pai da evolução” se dizia perplexo com o surgimento dos grandes animais, a ponto de a questão ter-se tornado conhecida como “dilema de Darwin”. Agora, um grupo de pesquisadores liderado pelo paleontólogo Guy Narbonne, da Universidade de Queens, na Inglaterra, aponta uma causa.
Segundo os pesquisadores, um enorme aumento na quantidade de oxigênio nos oceanos pode ter levado ao surgimento de animais complexos. O estudo indica que a elevação, ocorrida há cerca de 580 milhões de anos, corresponde à primeira aparência de fósseis de grandes animais na península de Avalon, na província canadense de Newfoundland.
Os resultados do estudo foram publicados na Science Express, versão on-line com artigos que sairão na edição impressa da revista Science.
“Nosso estudo mostra que os sedimentos mais antigos encontrados na península de Avalon, sem registro de fósseis de animais, foram depositados durante um período em que havia pouco ou nenhum oxigênio livre nos oceanos do mundo”, disse Narbonne, em comunicado da Universidade de Queens.
“Há evidências de um enorme aumento, imediatamente após aquela era do gelo, do oxigênio atmosférico de pelo menos 15% dos níveis atuais. Esses outros sedimentos também contêm evidências dos mais velhos fósseis de grandes animais”, afirmou.
Segundo os cientistas, a estreita conexão entre a primeira ocorrência de oxigenação nos oceanos e o surgimento de tais fósseis confirma a importância do oxigênio como um gatilho para a evolução animal.
Em 2002, Narbonne liderou um grupo que descobriu a mais antiga forma de vida complexa no planeta, também em Newfoundland, que levou o surgimento de tais seres vivos para mais de 575 milhões de anos.
O artigo Late-Neoproterozoic Deep-Ocean Oxygenation and the Rise of Animal Life, de G. Narbonne e outros, pode ser lido na Science Express em www.sciencemag.org. (Agência Fapesp)
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